Polos Opostos [Concluído]

23 - As melhores histórias de amor são sempre as mais dramáticas.

🥥 Aka White 🥥

Nos últimos dois dias tenho sido alimentado como nunca. Minha vó virou uma excelente cozinheira depois que começou a ver programas culinários. Agora ajudo ela a embalar alguns bolos no pote que ela vende.

- Acabou vovó? - ela estende mais um

- esse é pra você. - sorrio e beijo a testa dela.

- Obrigado vovó.

- Vai surfar com Owen?

- Daqui a pouco. Vou trocar de roupa agora.

Subo para o quarto e coloco meu macacão de surfar cinza simples. Owen é um ótimo surfista. Ele disse que competiu mas nunca quis uma carreira no esporte. Quando desço ele já está na cozinha com minha vó.

- Não esqueçam o bingo a noite

- A senhora não deixaria isso acontecer.

Nos despedimos dela e vamos para praia que fica uns dois minutos da casa da minha vó. Ela está vazia por ser recesso de halloween e está praticamente todo mundo viajando.

Apoio minha prancha na areia e analiso as ondas. Está um tempo agradável. Olho ao redor e franzo a testa. Ao longe uma garota olha as ondas também, ela me lembra Kauany. Balanço a cabeça e entro na água.

As ondas estão calmas então não passo muito tempo na água, Owen me segue e logo estamos de voltando para casa. Tomo banho e como o bolo que minha vó deu mais cedo, as sete saimos para o bingo. Ele ocorre no salão menor de eventos do condomínio.

- Esse é Aka White? Cómo está grande! - uma senhora diz sorrindo pra mim. Não faço a mínima ideia de quem seja.

- Não é? Estamos ficando velhas - minha vó concorda rindo

- Preciso ir pegar minha cartela. Hoje é a minha noite!

Ela se afasta até a mesa onde se pega as cartelas de bingo. Vovó avisa que vai se sentar e eu me dirijo a mesa de comida para pegar um copo de suco. Escolho a opção de maracujá. Estou adoçando quando alguém aperta meu ombro.

- O que caralhos você está fazendo aqui? - Kauany sussurra num tom ameaçador

- Mas que porra! Minha avó mora aqui - rebato. Ela me olha com desdém. Ela está brava e tem todo o direito. Não quero discutir, mas tenho um limite.

- Minha vó mora aqui - ela diz imitando minha voz.

- Eu não falo assim.

- Fala sim - ela cruza os braços

- Eu não estou aqui para brigar com você. Vou sentar na minha mesa e... - procuro minha vó e a acho... na mesa com a vovó Moore - não é possível.

- Vai tomar no cu

- Não é minha culpa! - digo. Ela me encara como se sim, fosse tudo minha culpa.

Kauany bufa, pega um copo de suco de melancia e vai pisando firme para a mesa. Sigo atrás.

- Boa noite senhora White - ela cumprimenta

- Boa noite Kauany, tudo bem?

- Estava ótimo até eu ir pegar suco e encontrar um idiota.

- Eu estou ouvindo - digo e ela olha para mim sorrindo

- Eu sei.

- Kauany pelo amor de Jesus, senta aqui e fique quieta - Vovó Moore fala puxando a neta. As duas se parecem com a pele negra e os cachos. Ela bufa e se senta. - Pensei que tivessem resolvido essas intrigas.

- O tempo com Aka só me fez perceber o quanto eu o odeio.

Assim, ela me odeia, mas me lembro muito bem dela gemendo meu nome na cama há semanas atrás.

Não digo isso claro, me limito a revirar os olhos. Nos sentamos na mesa lado a lado e a mesa cai em uma conversa animada. Respondo casualmente quando me dirigem a palavra.

- Atenção senhoras e senhores no bingo está prestes a começar peguem suas canetas e limpem os ouvidos.

Pego uma caneta no pote no meio da mesa e analiso meus números. O bingo aqui só vale cartela inteira. Kauany espia por cima do meu ombro.

- Algum problema senhorita Moore?

- Esticando o pescoço - ela mexe o pescoço para o outro lado

- Isso pode ser torcicolo, se cuida heim.

- Você também se cuida.

- Que linda se preocupando comigo - digo levando a mão ao coração. Kauany se vira para me encarar

- Foi uma ameaça.

Arregalo os olhos e Kauany abre um sorriso satisfeita. O locutor começa a sortear os números e estou péssimo. Pelo sorriso de Kauany ela está indo bem.

- B4.

Finalmente um número. Agora só faltam... dezesseis. Puta merda não tenho sorte no amor e nem no jogo.

- Sua cartela está meio vazia senhor White. - a maldade escorre pela boca dela. Queria calar ela com um beijo.

- Se preocupa com a sua.

- Bingo! - uma senhora grita lá na frente.

- Ah vai tomar no cu. - Kauany resmunga. A senhora Moore balança a cabeça negativamente. Minha avó ri.

- Obrigado por expressar exatamente o que sinto. - Owen comenta rindo também.

Há mais algumas rodadas de bingo em que ninguém da nossa mesa ganha. Logo estamos voltando para casa. A nossa não fica longe do salão então estamos apé mas as Moores entram no porshe de Kauany. Ela me lança um último olhar antes de ligar o carro e ir embora. Suspiro.

- Tem uma história que nunca te contei - minha avó começa enquanto caminhamos para casa. Quando eu era pequeno, ela contava história para mim. Quase todas envolvia piratas e eu adorava. - era uma vez uma menina que se apaixonou por um menino.

- Vovó, eu não gosto desse tipo de história - resmungo fazendo careta. Ela claro, me ignora.

- O pai da garota não gostou nada disso, por isso usou a desculpa de manda - la estudar fora para afasta-los. Deu certo é claro, mas a garota também se afastou da família e hoje mal se sabe dela.

- O que isso tem haver comigo?

- Homens, sempre tão lerdos. - ela revira os olhos. Procuro ajuda de Owen do outro lado mas ele dá de ombros - essa garota era sua tia e o garoto Nalu Moore.

Minha surpresa é tão grande que estanco no lugar. Minha tia Lisandra mora em Nova York desde que me entendo por gente. Não somos próximos e ela não vem para o Havaí. As únicas vezes que vi ela foi na casa dela.

- O que?

- Eu e seu avô tivemos uma linda história de amor  Aka. Mas deixar que ele cuidasse da educação dos nossos filhos é uma das coisas que me arrependo. - voltamos a andar.

- Não quero desafiar meu pai e nem duvidar do que ele é capaz. Kauany preferiria morar no polo norte a ser odiada pela família. E ela odeia frio. É muito drama vovó.

- As melhores histórias de amor são sempre as mais dramáticas.

- não se preocupe vovó, eu vou superar.

- É claro que vai.

Ela dá tapinhas na minhas costas e seguimos para casa.

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