𝙲𝙰𝙿𝙸́𝚃𝚄𝙻𝙾 14 - 𝙲𝚒𝚗𝚌𝚘

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CAPÍTULO 14.

Cinco


Há anos não tive uma noite assim. Que divide tantos sentimentos.

Aconteceu muita coisa hoje, mas ter ficado com Eleanor foi uma das que mais me marcaram. Quase fez com que eu esquecesse que não encontrei meu caso.

Ontem eu convidei ela para vasculhar o galpão de arquivos infinitos comigo, esperando que ela fosse aceitar. Eu iria sozinho de qualquer jeito, mas uma ajuda é sempre bem vinda e gosto de passar tempo com ela.

Eu tive algumas reuniões e cobranças da Gestora, e no fim do meu expediente, passei um tempo no meu dormitório antes de encontrar Eleanor. Estava quase dando meia noite então fui até o escritório dela e usei meus poderes, aparecendo lá dentro em segundos.

Fico curioso para saber quais os casos ela está cuidando no momento, mas ela vai virar uma fera se descobrir que eu mexi nas suas coisas. É melhor eu deixar tudo onde está. Depois de alguns minutos, ela abre a porta, e leva um susto enorme ao me ver aqui. Eu curti essa parte.

— Como caralhos você entrou aqui?! — ela diz nervosa, caminhando em minha direção com raiva na voz. — Você fez uma cópia da minha chave, seu canalha?

Eu não havia pensado na desculpa que eu iria dar, então fiquei na defensiva

— Eu usei um grampo.

— Ah, um grampo?

— Sim, esses de cabelo.

Ela dá uma risada sarcástica, ironizando se estamos num filme. Espero que não me pergunte onde arranjei um grampo de cabelo.

— Isso funciona na sua porta, tá? Recomendo trocar a fechadura.

Eleanor é naturalmente brava, mas agora está ainda mais. Está diferente. Tudo isso só porque entrei na sua sala? Que exagero.

Ela me manda sair da cadeira e eu saio, evitando mais confusões. Depois, ela começa a passar sua mão por todo meu corpo, a fim de encontrar as chaves que ela acha que eu copiei.

— Por que está tão nervosa? — eu questiono. Se ela estiver numa noite ruim, prefiro que nem me acompanhe.

— Porque você me tirou pelo menos três horas de sono dessa madrugada — ela diz. E está certa. É um motivo plausível para toda essa raiva.

— Te dou folga amanhã — tento ajudar.

— Justo.

Saímos da sala dela e seguimos até a ala Norte. Assim que descobri que a sala dos arquivos infinitos fica lá, fui na mesma hora convidar Eleanor. Tiro um conjunto de chaves do bolso, da qual eu tive que matar para conseguir, e abro a porta.

O lugar é estupidamente maior do que eu pensava. Foi bom ter trago companhia. Vejo que Eleanor está igualmente impressionada, olhando ao redor de boca aberta. Ela ficou linda impressionada. Não, não, não, concentração.

— Temos muito trabalho — digo, suspirando.

Eleanor segue diretamente para o corredor F, uma escolha bem específica pois eu achava que ela viria comigo para o corredor A. Chego em frente a uma das milhares de estantes, respirando fundo, acreditando que vou encontrar.

Havia caixas demais. Arquivos demais. Mas não posso desistir agora. Estou muito perto. Pego a primeira caixa e leio cada título. Nada de Apocalipse.

Pego a próxima. Nada de Apocalipse.

              A próxima. Nada de Apocalipse.

                              Não está em lugar nenhum.

𝙼𝚎𝚗𝚝𝚒𝚛𝚊𝚜 𝚊̀  𝙿𝚊𝚛𝚝𝚎 - Cinco HargreevesOnde histórias criam vida. Descubra agora