𝙲𝙰𝙿𝙸́𝚃𝚄𝙻𝙾 50

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CAPÍTULO 50:
Pequeno conflito.

⊰◎⊱

1 ano depois.

Alguns meses atrás foram decepcionantes. Qualquer atraso era uma esperança e corríamos para comprar um teste de gravidez. Mas sem sucesso.

— E aí? — ele perguntou.

— Nada. — Respondi, largando o teste de lado.

Eu sabia que devíamos ter paciência, mas não devia demorar tanto. Cinco me abraçava de lado e depois ia embora, porque sempre estava atrasado para a reunião.

Eu não imagino que ele estava tão atrasado assim, porque se o resultado fosse positivo, ele estaria pouco se fodendo para o atraso.

Contudo, agora é uma constante na nossa rotina. As reuniões dele diminuiram para uma vez por mês, e agora, uma reunião por semana.

Ele diz que isso evita novos problemas.

Faz quase dois anos que eu aceitei outro emprego na Comissão, dessa vez, faço levantamento de dados e estatísticas, e não preciso ir até aquele lugar horroroso. E nem matar ninguém.

Faço o trabalho em casa, geralmente no quarto, usando o rack como minha mesa.

Às vezes me pego entediada, pensando se eu estaria menos retraída se tivesse um bebê dormindo na cama ao lado.

Quanto mais essa imagem se torna inalcançável, mais eu quero ela. E acabo me frustrando.

°•°•°•°•°•°• ⊰◎⊱ •°•°•°•°•°•°

Cinco volta da terceira reunião desse mês, e não falamos tanto sobre filhos há um bom tempo. Ele deixa seu terno pendurado na poltrona e me dá um beijo na bochecha.

— Passei dois dias lá. Teve a inauguração da ala central e me queriam por perto para registrar.

Eu respondo com um som. Não é falta de interesse, eu só não tenho como comentar. Além do mais, estou fazendo anotações em dezenas de folhas ao mesmo tempo.

— Você tá bem? — ele pergunta. Mesmo não vendo, sei que ele está abrindo o armário e tirando toalhas.

— Estou.

Escuto seu passos se aproximando e ele coloca um bolo na minha frente, com a voz hesitante:

— Comprei pra você.

É um bolo pequeno, de limão. É tão clássico que acho que Cinco nunca comprou outro sabor de bolo para mim.

Eu abro e como um pedaço. E nada mais que isso.

— Não gostou?

— Não quero bolo. Tá muito azedo.

— Achei que era justamente por isso que você gostava dessa coisa.

Eu afasto aquele bolo de mim. Cinco reage como algo absurdo, e eu odeio esse exagero. Porra, eu só não quero comer bolo agora.

Ele começa a chamar Mentira, e eu bufo de estresse pelo barulho que ele está fazendo. Bom que ele percebe e para com o som ridículo.

Ele tira os sapatos e se joga na cama, com o cachorro nos braços. Os dois ficam rolando nos lençóis como se as patas de Mentira não estivessem imundas.

— Pelo amor de Deus, Cinco, tira esse cachorro da cama.

— Ela tá brava, ela tá brava… — ele diz com voz fina para o cachorro, colocando-o no chão.

𝙼𝚎𝚗𝚝𝚒𝚛𝚊𝚜 𝚊̀  𝙿𝚊𝚛𝚝𝚎 - Cinco HargreevesOnde histórias criam vida. Descubra agora