𝙲𝙰𝙿𝙸́𝚃𝚄𝙻𝙾 42

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CAPÍTULO 42:
Coerção?

⊰◎⊱


Faz algumas horas que Cinco foi para a Comissão. Ele vestiu um terno preto que me fez ficar tonta e se despediu com um beijo na minha testa. Desde então estou explicando para Claire por que nuvens existem.

— Eu sabia que não era de algodão doce! — ela exclama — Algodão desmancha com chuva.

— Você é bem inteligente.

— Eu sei. Eu também sei que quem faz os sorvetes não são os ursos polares.

— Claro que não. É uma fáb…

— São os pinguins.

A resposta repentina dela me faz rir. Claire rapidamente se levanta para buscar um livro de contos no meio de suas pelúcias. Ela me pede para ler.

Depois de algumas fábulas sem o menor sentido e uma moral da história genérica, Claire acaba dormindo em meu braço. Fecho o livro e apoio minha cabeça sobre a dela.

Enquanto o silêncio é meu companheiro, eu penso sobre o que Miles disse ontem, e o arrependimento de ter concordado em ver meus pais novamente. Agora sinto que a qualquer hora vou ter o desgosto de visitá-los.

E repassar toda a falsa história que inventei para o meu irmão.

Por que concordei com isso?

Conforme os minutos iam passando, coloquei Claire em sua cama, ao lado das centenas de ursinhos. Allison está a caminho do quarto de sua filha quando eu estou saindo, por isso me agradece por ter ficado com Claire.

Vou para o quarto de Cinco e tomo o remédio atrasado. Quando começo a desconfiar de sua demora, escuto os passos característicos dele vindo pelo corredor.

Cinco, com um cansaço físico notável pela viagem no tempo, deixa a maleta ao lado de seu armário e vem até mim.

— Como foi? — pergunto, acompanhando seus braços que estão prestes a envolver minha cintura.

— Foi tranquilo. Mas odiei — seus braços finalmente contornam meu corpo sem apertar.

Sua cabeça deita em meu ombro, buscando segundos de descanso antes de se afastar e perguntar:

— Como você está?

Ver ele se despindo na minha frente me fez esquecer de responder. Ele joga o terno na cama, repetindo a pergunta um pouco mais preocupado. Pigarreio para me concentrar e digo que estou bem, brevemente alertando que errei o horário do remédio.

É claro que ele me deu um sermão.

— Gata, eu estava pensando em uma coisa.

— O quê? — digo. Ele vem e segura meu rosto com as duas mãos, criando suspense.

— Eu tenho algumas semanas livres antes de ter outra reunião de cúpula. Então… — Cinco luta contra um sorriso animado no meio da exaustão. — Para onde quer viajar?

— Viajar?

— É.

— Qualquer lugar?

— Sim.

— Hum… Itália.

— Tudo bem, podemos começar a faz…

— Você não está falando sério — desacredito.

— É claro que estou.

— Cinco, acabamos de explicar para Miles onde estivemos por tanto tempo.

Eu sei, meu irmão não deveria estar no meio do empecilho para essa viagem ou para qualquer coisa em meu namoro. Mas, caramba, tem somente um dia que Miles recebeu uma resposta e já vou sumir de novo?

𝙼𝚎𝚗𝚝𝚒𝚛𝚊𝚜 𝚊̀  𝙿𝚊𝚛𝚝𝚎 - Cinco HargreevesOnde histórias criam vida. Descubra agora