𝙲𝙰𝙿𝙸́𝚃𝚄𝙻𝙾 44

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CAPÍTULO 44:
Mentirinha.



⊰◎⊱


Quando levanto, acabo tropeçando nos sapatos de Cinco. Mal abri os olhos e não sei por onde estou andando, mas sei que preciso dizer à moça que está lá fora que não precisamos de serviço de quarto.

— Cinco!

A cara dele está enfiada no travesseiro e duvido que tenha me escutado.

No queremos! — respondo para a porta, forçando sotaque e jurando que estou falando certo.

Aparentemente funciona porque escuto os passos irem para longe. Suspiro e me jogo na cama. Não estou brava com essa importunação do meu sono. Como posso estar brava se acordei noiva hoje?

Dou uma olhada na aliança em meu dedo. Cinco acertou muito. A aliança é tão linda que vou mostrá-la a todo ser vivo que se puser na minha frente.

Passo o cobertor por cima de mim e fecho os olhos, ansiando voltar para o sono incrível em que eu estava antes de ouvir batidas na porta.

Deve ser pra lá do meio-dia, mas Cinco e eu não dormimos de madrugada. Merecemos descansar agora.

Eu estou quase me rendendo ao sono quando sinto ele chegar mais perto. Sinto seu calor perto do meu rosto, e depois, seus lábios na minha testa.

— Bom dia.

Abro os olhos e pela primeira vez vejo ele sorrir ao acordar. É um evento absurdamente raro.

— Bom dia.

Ele pega a minha mão e beija a aliança. Está com o mesmo sorriso de ontem à noite, quando finalmente realizou o plano que já havia me contado antes.

Depois, tudo fez sentido: a motivação repentina dele por uma viagem; a mudança exorbitante de humor de Miles em relação ao Cinco; e todo aquele comportamento estranho dele ao longo do dia anterior.

Ele não foi um mestre em disfarçar, mas não desconfiei nem por um segundo. Achei que esse pedido ainda demoraria para acontecer. Por sorte, não, pois agora ando pelas ruas de mãos dadas com ele e uma aliança entre nós.

Estamos em uma cafeteria, eu acho. Pelo cheiro, não deve ser outra coisa. Estou com um cardápio e Cinco com outro, mesmo sabendo que nós dois vamos pedir café preto no final.

— E esse café com especiarias? — Cinco aponta no papel, olhando para mim.

— Não vai ter gosto de café.

— É verdade.

Ele pousa seu cardápio na mesa, se posicionando na cadeira de um jeito desleixado. Quando decido qual dos pãezinhos eu quero, digo a Cinco, para que ele possa fazer o pedido.

Vou prestar toda atenção que tenho para vê-lo falando italiano outra vez.

— Tem certeza? Não quer tomar outra coisa, sair da rotina…?

— Não.

Cinco faz um sinal de rendimento, e então faz o pedido. Desconfio, porque acho palavras demais para um café tradicional. O atendente vai embora, e sinto a mão de Cinco apertar minha perna por baixo da mesa.

𝙼𝚎𝚗𝚝𝚒𝚛𝚊𝚜 𝚊̀  𝙿𝚊𝚛𝚝𝚎 - Cinco HargreevesOnde histórias criam vida. Descubra agora