𝙲𝙰𝙿𝙸́𝚃𝚄𝙻𝙾 11

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CAPÍTULO 11:
Encontro no bar.

⊰◎⊱

Até que essa noite foi tranquila. Tirando a parte que eu tive que dormir olhando para o pé de Cinco, foi bom. Se nós dois acordamos vivos, já é lucro.

Para a minha sorte, acordei primeiro do que ele, sendo assim, não tive a humilhação de ele me ver dormindo. Cinco provavelmente falaria com detalhes sórdidos o jeito que durmo.

Eu estava esperando por um milagre que ao abrir a porta teria uma maleta novinha em folha, com uma cartinha dizendo que diminuíram três dias infernais para apenas dois. Porém não tinha. Ainda tenho mais algumas horas com uma cópia quase perfeita de uma assombração.

Passamos o dia inteiro num profundo ar de constrangimento e silêncio. Somos adultos, e não sabemos absolutamente nada do que fazer em relação ao nosso lindo artigo 27 violado. Devíamos agir com maturidade ou esquecer o que fizemos, se é a melhor opção.

Mas é difícil.

Estamos o dia inteiro juntos sem dar uma palavra, enquanto no silêncio estamos dizendo mais do que deviamos. Cinco me deu vários olhares hoje, não só para o meu rosto. De todas as múltiplas alternativas, espero que ter o mínimo contato afetivo comigo não seja o que está passando na sua cabeça.

O problema é que me lembro exatamente do seu olhar quando nos beijamos. E é idêntico ao seu olhar agora. Quero pedir para ele parar de me olhar assim, mas não vai adiantar. Eu não vou suportar ser intimidada desse jeito por tanto tempo.

O que ele quer? Que eu me jogue nos braços dele e o beije de novo? Nem pensar.

— Eu vou sair — falo, indo atrás da chave do quarto. Preciso por minha cabeça no lugar, longe dos olhos intimidadores de Cinco.

A chave está em cima do sofá, Cinco corre na direção dela e a pega primeiro do que eu. Ele a esconde nas suas costas, com uma mão para trás.

— Só mais uma vez? — Cinco diz, fazendo um biquinho. Odeio saber exatamente do que ele está falando.

— Foi um erro. E você sabe muito bem.

— Então vamos errar de novo? — ele inclina a cabeça para o lado, um gesto que aumenta um por cento a minha mudança de ideia.

— Te vejo mais tarde, Cinco — respondo, porque sei que se ele insistir mais, vou acabar me deixando levar.

Pego minha carteira e Cinco cede a chave para mim. Me apresso para sair do quarto e não ter que vê-lo mais. Saio pelas ruas, muito mal conhecidas por mim, à procura de um bar.

Nem que fosse para beber um chá. Eu preciso de um tempo longe de Cinco.

Entro no segundo bar que encontro. Eu devo ser uma das únicas mulheres que está aqui para aproveitar, e não para trabalhar. Algumas estão dançando, outras servindo… Espero não chamar atenção.

Até porque encontrei um jornal na rua hoje, e a segunda notícia destacada era sobre a mulher que matou três homens na festa de Morgan. Um parágrafo com as características e um "procurada" ao lado de um retrato falado, que honestamente não se parece nada comigo. Se ontem eu achava essa notícia engraçada, hoje me irrita.

Sento em uma das banquetas do balcão e não peço nada de imediato. Só consigo enterrar minha cabeça nas mãos e concluir que minha vida está um caos. Estou desesperada para sair dessa época que não me encaixo, e voltar para a minha casa, meu escritório.

Exatamente aqui nesse bar, onde a música até que é boa, eu faço um juramento: se eu voltar para a Comissão e perder meu emprego por conta da PORRA DO ARTIGO 27, eu mato Cinco com minhas próprias mãos. Vou desenhar meu nome com uma faca na garganta dele e escrever na sua lápide "eu avisei que te mataria".

𝙼𝚎𝚗𝚝𝚒𝚛𝚊𝚜 𝚊̀  𝙿𝚊𝚛𝚝𝚎 - Cinco HargreevesOnde histórias criam vida. Descubra agora