Capítulo 7

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POV HARLEY

O que eu fiz estava atormentando minha mente. Me sentia culpada por ter beijado o irmão do garoto por quem estou apaixonada e ao mesmo tempo eu queria mais.
Me afastei de Scott assim que pensei no Nathan. Ele segurou minha mão e seu olhar me pedia pra não ir embora e eu queria ficar, mas aquilo não estava certo.
_ Eu... Tenho que ir!_ Ele me soltou e eu saí da casa atordoada.
Na frente da casa eu peguei o celular e liguei para o meu pai ir me buscar. Enquanto esperava por ele eu lembrava daquele beijo. O toque dos seus lábios nos meus, a forma como segurou minha mão e seu olhar intenso. Tudo estava muito confuso na minha cabeça. A ideia de voltar e continuar aquilo era tentadora, mas ao mesmo tempo eu me culpava por ter deixado acontecer e me questionava sobre os motivos que ele teve pra ter me beijado. Nós nunca nos falamos enquanto ele esteve fora tampouco fomos amigos antes dele ir embora. Não há razão alguma para aquele beijo ter acontecido.
_ Harley?_ Me assustei ao ouvir a voz dele._ Ainda aqui?
_ Eu liguei pro meu pai vir me buscar, mas ele teve um imprevisto no trabalho e vai demorar um pouco._ Ele sentou do meu lado.
_ Posso te levar pra casa se quiser.
_ Obrigada, mas não precisa!_ Não conseguia olhar pra ele por muito tempo. Estava envergonhada.
_ Então eu espero aqui com você._ Se inclinou para trás apoiando as mãos na grama.
O silêncio entre nós dois estava me deixando desconfortável. Olhei a hora no celular e demoraria mais uns 20 minutos pro meu pai chegar. Soltei um suspiro impaciente por ter que suportar aquele climão entre mim e Scott. Justo quando Sarah está cheia de eventos pra recepcionar. Sei que ela deixaria tudo de lado pra me dar atenção, mas não gosto de interrompê-la quando está trabalhando. Olho para a hora novamente e solto outro suspiro pesado inconformada pelo tempo passar tão de vagar.
_ Você está gelada!_ Disse assim que tocou meu braço._ Não deve nunca sair de casa sem um casaco._ Me repreendeu enquanto tirava o moletom branco da banda Kiss._ Veste isso!_ Peguei a blusa com medo de levar uma bronca se recusasse.
_ O carro do seu pai é um executivo de luxo?
_ É sim! Por quê?_ Scott apontou para o carro atrás de mim que estava se aproximando lentamente.
Me levantei me sentindo bem protegida com aquele moletom.
_ Vou te ver amanhã?_ Antes que eu pudesse responder, meu pai parou na nossa frente e abaixou o vidro.
_ Entra agora nesse carro, Harley!_ Ordenou com o tom de voz áspero e nem sequer cumprimentou Scott.
_ Eu não sei!_ Respondi sabendo que ia ficar de castigo.
Entrei no carro e meu pai saiu cantando pneu como se ele fosse o adolescente que acabou de levar bronca do pai.

Já com meu pijama deitada na cama e agarrada naquele moletom impregnado com o melhor perfume do mundo, eu não pensava em outra coisa que não no Scott. Nos sentimentos que ele despertou em mim, no toque dos seus lábios, as coisas que ele me disse. Foi tudo tão de repente que nem pareceu real. A euforia era tanta que nem mesmo o mais forte dos calmantes me derrubaria tão fácil. Minha autoestima estava nas alturas por ter chamado a atenção de alguém, e não um alguém qualquer, mas do Scott Gray. Eu seria capaz de dançar a noite toda de tanta felicidade, mas eu só precisava de uma coisa naquele momento. Contar pras minhas amigas.
Peguei meu celular para fazer uma chamada em grupo com as meninas e contar a novidade e nenhuma delas me atendeu. Não dei muita importância, afinal elas estavam se divertindo, então deixei pra lá.
Não sei a que horas e nem como eu consegui adormecer, mas o dia amanheceu pesando sobre meus ombros e nem havia sol lá fora pra me deixar mais animada. Eu precisava das minhas amigas, mas elas não me atendiam e nem respondiam minhas mensagens.
_ Você já sabe o que vai usar na festa?_ Sarah parecia cansada da noite anterior e me perguntou enquanto bocejava._ Caramba! Eu acho que vou ter que diminuir minha agenda._ E outro bocejo._ E então? Você já tem uma roupa ou vai querer ir ao shopping?
_ Eu vou pro shopping, mas não precisa se preocupar. Volta pra cama e descansa que eu me viro._ Tomei meu leite fermentado de cada dia e Sarah voltou para o quarto de onde não deveria ter saído.
Continuava tentando falar com as meninas e era como se eu tivesse deixado de existir pra elas. Isso nunca tinha acontecido antes e estava me deixando muito incomodada. Ou elas tinham ido pra um lugar onde não tem rede de telefone ou estavam tão ocupadas que nem sentiam a minha falta.
Já no caminho pro Shopping meu celular começa a tocar dentro da bolsa. Atendi de pressa pensando ser Jessie ou Leslie e nem olhei o número na tela.
_ Você atendeu rápido!_ Quando ouvi a voz de Scott eu congelei._ Estava esperando minha ligação ou pensou ser outra pessoa?
_ Não, eu..._ De repente eu lembrei que não tínhamos trocado telefones ainda._ Como conseguiu meu número?
_ Um amigo em comum._ Fiquei tentando descobrir quem poderia ser e lembrei que não temos amigos em comum.
_ Nós não...
_ Eu quero te ver!_ Me interrompeu e fez meu coração acelerar de novo. Perdi até a linha de raciocínio._ Onde eu posso te encontrar?_ Não queria respondê-lo. Estava dividida entre meus novos e antigos sentimentos.
_ Olha só, Scott...
_ Eu não vou parar de te ver, Harley._ Me assustei com seu poder de telepatia._ Eu vou ficar pouco tempo aqui e quero que valha a pena. Então não me diga que temos que parar de nos ver porque eu não vou fazer isso.
_ Estou indo pro Hudson Yards._ Scott conseguiu me convencer e a vontade de vê-lo me consumiu fazendo todas as minhas preocupações desaparecerem._ Eu vou a um aniversário hoje e preciso comprar um vestido.
_ E você já tem um par?
_
Tem um garoto por quem eu tinha um crush quando eu era mais nova._ Me senti a vontade pra fazer um joguinho com Scott._ Ele está na cidade e eu pensei em chamar ele pra me acompanhar. Acha que eu devo convidar ele, ou não é algo que uma garota deve fazer?
_ Essa é difícil. Esse garoto está disponível?
_
A gente se beijou numa festa ontem, então eu espero que sim.
_ Eu acho que você só deve convidar ele se o beijo foi satisfatório. Caso contrário, é melhor deixar ele só pra namorada._ A graça que eu estava achando da brincadeira havia acabado._ É brincadeira! Com certeza ele não tem namorada, então pode relaxar e convidar ele pra ir com você._ Meu coração desacelerou e eu respirei aliviada._ Os caras gostam de garotas com atitude.
Passamos a manhã toda juntos e sinceramente, eu me diverti muito mais com Scott do que com as meninas. A verdade é que elas levam esse negócio de compras muito a sério. Já Scott, deixou tudo mais divertido. 

Parados na saída do Shopping nós olhávamos estáticos para a chuva torrencial que caía lá fora. O carro dele estava estacionado do outro lado da rua e eu me recusava a sair a baixo daquela chuva.
_ Eu não gastei dinheiro fazendo maquiagem e arrumando o meu cabelo para estragar tudo com chuva._ Cruzei os braços e juntei as sobrancelhas em protesto.
_ Coloca isso._ Me ofereceu seu moletom outra vez.
_ Isso não vai me proteger, Scott._ Virou os olhos impaciente.
_ Veremos!_ Deixou as sacolas com nossas compras no chão e ele mesmo colocou o moletom em mim e cobriu minha cabeça com o capuz._ Agora a gente corre.
Saiu correndo na minha frente depois de pegar as sacolas. No meio do caminho ele percebeu que eu não tinha saído do lugar e voltou encharcado.
_ Quando eu disse "Agora a gente corre", era pra você me acompanhar._ Desviei o olhar envergonhada por ele ter se molhado a toa.
Num movimento rápido ele me colocou sobre seus ombros e correu até o carro. Antes de chegarmos no veiculo ele deixou uma das sacolas cair e teve que voltar. Continuou a correr na direção do carro e a chave caiu do bolso do moletom. Novamente ele voltou comigo ainda nas suas costas. Depois foi a vez do celular dele cair do bolso de trás da sua calça.
_ Aaaargh! Já chega!_ Me colocou no chão no meio da calçada. Se inclinou para a frente colocando as mãos nos joelhos respirando com dificuldade._ Você é pequena, mas não deixa de ser pesada._ Reclamou.
_ Scott!_ Levantou o olhar para mim e apontei para minha maquiagem que estava derretendo.
Começamos a rir daquela situação. Meu penteado e maquiagem tinham ido, literalmente por água a baixo e nossas coisas dentro das sacolas estavam tão molhadas quanto nós dois.
Enquanto as pessoas corriam para se abrigarem da chuva, sem pressa de ir embora eu me deitei na calçada e fiquei sentindo as gotas pesadas atingirem meu corpo. Scott se deitou do meu lado e ficamos ali durante alguns minutos. Naquele momento eu me senti livre de todos aqueles sentimentos que estavam me atormentando. Ansiedade, insegurança, a pressão do balé. Tudo estava tão calmo e quieto dentro de mim que eu desejei que aquilo pudesse durar para sempre.

Chegamos no baile de máscaras da Violet embaixo de chuva e eu torcia para que acabasse a energia do lugar antes mesmo de eu entrar. Não posso dizer que estava tudo um lixo porque foi minha madrasta quem organizou, mas já entrei pensando em como Sarah iria o dia da aniversariante.
Apesar de estarem todos usando máscara, Violet era facilmente reconhecida pelas suas curvas e cabelos longos. Ela estava simplesmente linda com um vestido mullet dourado e vermelho. Na frente era acima dos joelhos e atrás tinha uma cauda que se arrastava no chão. Me senti tão simples no meu vestido prata com saia removível que a ideia de surpreendê-la durante a valsa nem me empolgava mais.
Já fazia algum tempo que tínhamos chegado e não havia nem sinal de Scott. A cada minuto que passava eu ficava mais nervosa. Achava que ele tivesse desistido porque não queria ser visto comigo. Ou que já tinha chegado, mas preferiu aproveitar as outras convidadas já que eram todas mais altas, mais elegantes e mais bonitas que eu.
Eu já havia cumprimentado a todos na festa que queriam saber quando eu vou debutar. Uma cerimonia idiota que inventaram para apresentar as jovens da alta sociedade para a própria sociedade. Como se ninguém nos conhecesse pela cara estampada nos jornais dia sim outro também. Me sentei pra descansar os pés antes de sair a procura do meu pai pra me levar para casa.
Alguém tocou meu ombro pela milésima vez na noite e eu me levantei irritada, pronta pra espantar seja lá quem fosse.
_ Você ainda é a mais linda da festa._ Dei de encontro com Scott que passou um braço em volta da minha cintura e sussurrou no meu ouvido antes de beijar minha bochecha. Meu coração acelerou e senti um frio na barriga.
_ Pensei que tivesse desistido._ Relaxei meu corpo em seu abraço.
_ E por que eu faria isso?_ Me afastei segurando suas mãos.
_ Olha em volta._ Fez o que pedi._ Não se sente tentado em me deixar aqui sozinha e conhecer uma delas?
_ Pra quê? A melhor já está comigo.
Fez meu coração balançar outra vez e meu olhar ficou preso ao seu. Meus dois lados começaram a lutar um contra o outro. A adolescente apaixonada pelo Nathan me dizia para ficar longe de Scott e a garotinha queria ser beijada por ele outra vez.
_ Harley eu preciso da sua ajuda!_ Sarah interrompeu a discussão na minha cabeça._ Oi, Scott!_ O olhou da cabeça aos pés.
_ Sra. Edwards!_ Segurou sua mão e inclinou-se para frente beijando-lhe o dorso._ É um prazer revê-la._ Os olhos de Sarah brilharam e parecia perdida em pensamentos enquanto o olhava com ternura.
_ Sarah!_Chamei sua atenção estalando os dedos na sua frente._ Precisa da minha ajuda para quê?
Depois de tanto me dizer que tinha tudo planejado pra Violet pagar pelo que me fez, Sarah estava me obrigando a ajudá-la salvar aquele aniversário.
Uma das paixões de Violet é o tango, e Sarah contratou um casal de dançarinos para fazer um show pra aniversariante. Por causa da chuva forte, houve um desmoronamento e eles ficaram presos na estrada.
_ Se ela gosta tanto de tango, então por que ela mesma não dança?_ Questionei de cara feia.
_ Porque ela não sabe!_ Scott entrou na discussão._ Violet nunca levou jeito pra dança e quando tentou foi um completo fiasco. A escola inteira caiu na gargalhada quando ela se apresentou no show de talentos. Pensaram que se tratava de uma apresentação de comédia e não de dança._ Novamente Sarah ficou hipnotizada ao olhar para o Scott._ Ela ficou traumatizada com aquilo e nunca mais dançou.
_ Você já sabia disso?_ Olhei para Sarah desconfiada.
_ Ah, minha querida! Eu sei de tantas coisas._ Ela estava com aquele sorriso de quem estava tramando alguma coisa._ Então? O que acha de ir até lá e dar a ela o que merece?_ Nunca pensei que um dia ia estar maquinando uma vingança com minha madrasta. Aquilo parecia tão errado.
_ Eu ia adorar vê-la se corroer de raiva._ E excitante também._ Mas eu não tenho um par.
_ Eu posso dar um jeito nisso._ Scott estendeu a mão para mim.
_ Você disse que não sabe dançar._ Segurei a mão dele como se aceitasse um convite para dança.
_ Eu disse que não dançava._ Me puxou para si me fazendo girar indo de encontro com seu corpo._ Não que não sabia.
Sarah anunciou a surpresa deixando tanto Violet quanto Linda pelos olhares das duas furiosas. Elas olhavam para Sarah do mesmo jeito que Nathan olhou pra mim muitas vezes, querendo matá-la. Enquanto olhava para Violet com os punhos fechados e segurando as lágrimas, eu me transportei para a época do fundamental. Eu me vi mais uma vez dentro do banheiro feminino pegando os livros que ela e suas amigas tinham jogado na privada. Se ao menos aquela água estivesse limpa, não teria sido tão ruim. "Menina sardenta, feia e ranhenta. Melhor você morrer porque ninguém te aguenta!", elas cantavam em coro sempre que me encontravam sozinha. Confesso que algumas vezes eu deixei que ela entrasse na minha cabeça e me fizesse acreditar nas coisas que ela dizia a meu respeito. Eu não tinha nenhum amigo que pudesse me ajudar porque ela conseguiu afastar todo mundo de mim dizendo que eu tinha uma doença transmissível. Nathan e Ashley foram estudar em outra escola depois do jardim de infância e por isso eu era sozinha. Nunca contei isso a eles, mas tenho certeza de que se soubessem teriam me ajudado. Scott estudava em uma escola pública na época e as vezes ele ia até lá pra ver uns amigos, e foi em uma dessas visitas que Violet o beijou. Foram meses de tortura até eu conseguir contar pra Sarah o que estava acontecendo e mudar pra escola que estou agora. Mesmo depois de tanto tempo, meu subconsciente tenta me sabotar me fazendo pensar coisas sobre mim que não são verdade.
_ Eu estou com você independente da sua escolha._ Scott me estendeu a mão e eu a segurei.
Estava indo para o palco ainda em duvida se deveria ou não fazer aquilo. Ficava cada vez mais nervosa a medida que eu me aproxima de Violet e seu olhar penetrante com medo que ela tentasse algo contra mim. Eu podia sentir suas mãos apertando meu pescoço mesmo isso não acontecendo de fato. Apertei com mais força a mão dele e respirei fundo. Eu não era mais aquela menina de 10 anos que não sabia se defender e precisava me colocar no meu lugar, e ele não é abaixo dela.
Já posicionados, as luzes em volta diminuíram e os holofotes se acenderam sobre mim e Scott. Meu coração batia rápido e meus pensamentos de que ia tudo dar errado estavam me deixando insegura. A música começou e eu não consegui sair do lugar. Ouvi sussurros das pessoas confusas e travei completamente. Scott tomou a iniciativa e se aproximou de mim improvisando alguns passos. Parou atrás de mim tocando meus braços levemente.
_ Não pense..._ Seu sussurro fez meu corpo arrepiar._ Sinta!
Fechei meus olhos, prendi a respiração e me concentrei no toque suave da sua mão deslizando pelo meu corpo. Por alguns milésimos de segundos eu me perdi em pensamentos esquecendo completamente do porquê eu estava fazendo aquilo. Os primeiros segundos foram apenas as preliminares e eu já estava completamente envolvida. Não sentia a presença de mais ninguém a não ser a dele. Cada vez que meu corpo chocava contra o dele eu me sentia incendiar. O ritmo da musica mudou e achei que fosse o momento de brilhar. Me aproximei de Scott e segurando sua mão o fiz segurar o coz da saia do meu vestido que desprendeu quando girei me afastando dele novamente e meu vestido se transformou de longo para curto em um segundo. Ouvi a interjeição de surpresa dos que nos assistiam, mas me importei mais com o sorriso impressionado de Scott que tirou o paletó e ao entregá-lo para alguém na plateia recebeu uma rosa.
Um clássico que nunca perde o charme.
Nos momentos finais da dança ele colocou um joelho no chão e eu girei em volta dele segurando sua mão, então ele se levantou, segurou minha cintura e eu joguei meu corpo para trás finalizando a dança em sincronia com a musica. Antes de eu me levantar, Scott tirou a rosa da boca e delicadamente a deslizou pelo meu rosto e desceu com ela até meu colo sem tirar seus olhos do meus. Quisera eu que aquilo não fosse apenas uma dança.
Voltei a mim quando fomos ovacionados e as luzes se acenderam. Agradecemos e Scott apontou pra mim me dando os créditos. Fui aplaudida por ele depois que beijou a rosa antes de entregá-la para mim. Scott inclinou-se para frente em reverência agradecendo os aplausos e tirou a máscara prateada que cobria 80% do seu rosto. Era quase impossível alguém reconhecê-lo. Claro que ele roubou a atenção assim que se levantou e todos o reconheceram. Scott sempre deu o que falar na mídia antes e agora não seria diferente. Passou pela minha cabeça a ideia de que ele tivesse se aproveitado do momento pra anunciar seu retorno a Nova York. Afinal, nada melhor do que uma festa cheia de repórteres e com a presença das pessoas mais influentes da cidade pra atrair toda a atenção de volta para si.
Os flashes das câmeras fotográficas estavam quase me cegando naquele palco e quando eu ia saindo ele segurou minha mão entrelaçando nossos dedos. Voltei para perto dele e ouvi quando alguém pediu pra eu tirar minha máscara. Me recusei a fazê-lo. Nunca gostei de ver meu rosto nos jornais e não era só porque eu estava com Scott que isso iria mudar. Pelo menos foi o que eu pensei. Ele mesmo tirou minha máscara e todos esqueceram que o centro das atenções deveria ser Violet.
Saímos do palco e os repórteres não paravam de perguntar se a gente era um casal. Bem que eu queria responder que sim, só pra colocar a cereja no bolo. Scott pensou mais além e em vez de responder com palavras ele tentou me beijar.
_ Harley!_ Mas meu pai chegou antes. Fiquei petrificada esperando que ele não fizesse nenhuma besteira na frente de tanta gente._ Agora isso é assunto de família._ Dirigiu-se aos repórteres._ Deem o fora daqui._ Eles desapareceram rapidinho.
Meu pai é conhecido por não ter paciência com a mídia. Ele simplesmente detesta que eles metam o bedelho onde não são chamados e já processou muitos jornais por exporem coisas sobre nossa família das quais ele não deu permissão alguma pra divulgarem. Ele é famoso pelo excelente trabalho que faz como advogado e Sarah é fundadora de várias entidades filantrópicas espalhadas pelo país, não tem como não sermos notados em qualquer lugar que a gente vá.
_ Está na hora de ir!_ Pelo seu tom de voz seco, ele não estava feliz. Fiquei com medo de me virar e ele me transformar em pedra.
_ Boa noite, Sr Edwards._ Scott tomou a frente._ É um prazer revê-lo!_ Scott estendeu amão para cumprimentá-lo, mas ficou com ela pendurada no ar e meu pai nem se quer olhou para ele.
_ Você ouviu o que eu disse, Harley? Vamos embora._ Impaciente ele me segurou pelo braço me obrigando a acompanhá-lo.
Durante todo o caminho de volta para casa, eu tive que ouvi-lo criticar os Gray como se toda a linhagem fosse de criminosos.
_ Até parece que você esqueceu o que fizeram com você._ Ele estava inconformado._ O que você espera que aconteça? Está querendo que tudo se repita pra você ver que eu tenho razão em te querer longe deles?
_ Não!_ Me encolhi no banco do carro me sentindo mal com aquele assunto.
_ Eu também não quero e é por isso que você não deve ter nenhuma ligação com eles.
Nisto eu tive que concordar com meu pai.
Algumas coisas aconteceram comigo quando eu era mais nova e talvez ficar tão próxima dos Gray não fosse me fazer bem no futuro. Talvez fosse a hora de começar ser mais racional e menos sentimental, mas só de pensar em me afastar de Scott ou do Nathan, meu peito dói, minha mãos começam a suar, sinto falta de ar e não consigo nem mesmo ficar em pé. Sinto como se estivessem prestes a amputar uma parte do meu corpo que eu sei que precisa ser retirada, mas que não vou conseguir viver sem.

Te Amo no Meu RitmoOnde histórias criam vida. Descubra agora