Capítulo 18

0 0 0
                                    

NATHAN

Eu estava me sentindo um completo inútil por não conseguir nem mesmo dizer a ela que sentia muito por tudo. Talvez ela estivesse esperando apenas que eu me desculpasse pra conseguir me ouvir sem medo. Não posso culpá-la por estar na defensiva nem por não querer mais que eu me aproxime dela. Mesmo assim eu precisava fazer alguma coisa pra ajudá-la. Se eu bem conheço a Harley, ela vai ficar remoendo todas as coisas que eu disse e isso pode atrapalhar sua confiança na hora de se apresentar e eu sei o quanto autoconfiança é importante nessas horas.
Durante o treino eu fiquei observando Caleb pra tentar ver nele o que Scott disse que via . Claro que eu não o vejo como uma ameaça para Harley. Caleb pode ter seus defeitos, mas mau caráter ele não é e já que eu não posso chegar perto da Harley, precisava de alguém que pudesse e ninguém melhor do que ele pra isso.

_ Eu não posso._ Fiquei surpreso com a resposta depois de pedir se ele se encontraria com ela.

_ Por que não? Pensei que...

_ Eu te disse que não faria de novo_ disse fechando o armário do vestiário enquanto trocávamos de roupa depois do banho._ Não pense que só porque eu a chamei pro baile vou ter que ficar em cima dela o tempo todo. Harley já é bem grandinha pra saber até onde deve deixar seu irmão ir com ela.

_ Ele não é mais um problema.

_ Então porquê ainda precisa de mim?_ Se levantou depois de colocar os tênis.

_ Harley vai se apresentar no domingo e eu não acho que ela está preparada pra isso.

_ E você quer que eu a convença do contrário_ concluiu._ Acredite, meu amigo_ colocou a mão no meu ombro._ Eu não sou a pessoa certa pra te ajudar com isso. Preciso ir agora. Boa sorte!
No fim das contas, acho que Caleb só gostou do beijo dela, caso contrário tenho certeza de que não recusaria. Olho para o Brandon (ainda colocando a calça), como uma possível opção pra essa tarefa.

_ Minha mãe vai pegar o turno da noite no trabalho e eu preciso cuidar da minha avó_ respondeu antes que eu perguntasse e então Jacob surgiu sem camisa de trás dos armários. Eu nunca pensaria nele pra fazer isso por mim por razões óbvias, mas como diz aquele ditado "Quem não tem cão caça com gato".

_ Por que está me olhando assim?_ Tinha certeza de que ele ouviu a minha conversa com Caleb._ Já sabe minha resposta, Nathan. Pra eu sair com a Harley só se eu fosse cego, surdo e castrado. Colocaria algumas cabeças de alho nos bolsos, um crucifixo e uma estaca de madeira pra me defender caso ela tentasse alguma coisa.

_ Eu já entendi, Jacob. Relaxa, eu nunca vou pedir pra você falar com ela._ Respirou aliviado.
Sem mais opções, eu não tinha outra alternativa a não ser pedir pro Scott fazer isso por mim.

Estava próximo de casa quando vi Scott saindo com o carro do papai. Vi que ele estava acompanhado de alguém estranho e o segui. Há dias que ele sai e volta tarde pra casa, sem dizer pra onde vai, então o segui.
O Bronx não era exatamente o tipo de lugar que Scott costumava passar as sextas a noite, pelo menos não que eu soubesse. Mil coisas passaram pela minha cabeça. Esse bairro não tem uma boa fama e me preocupo que meu irmão pode estar envolvido com coisas erradas. Ele já tinha causado problemas com alguns amigos há alguns anos, nada o impedia de causar mais alguns antes de ir embora.
Pensar que meu irmão pode estar envolvido com drogas me faz ficar preocupado com ele, e eu nunca tive nenhum tipo de preocupação em relação a Scott, mas agora era diferente. Se envolver com pessoas erradas nunca foi a melhor forma de resolver problemas e me sinto culpado de certa forma. Deveria ter sido um irmão melhor já que eu invadi a sua vida e fiquei com tudo que era dele.

Voltei pra casa, me sentei no sofá e esperei por Scott. Perdi as contas de quantas voltas eu dei pela sala contando os segundos até ele chegar. Meu coração ficou mais calmo quando ele entrou pela porta são e salvo.

_ Até que enfim!_ Respirei fundo e relaxei.

_ Aconteceu alguma coisa?

_ Eu acho que a gente precisa conversar.

_ É por causa do Bronx, não é?

_ Como você consegue fazer isso? Até onde eu sei não falta nada pra você se envolver com aqueles...

_ EI!_ Gritou e franziu a testa._ Cuidado com o que você vai falar Nathan. Acha que só porque você é o aluno nota 10 da escola sabe de tudo?_ Ele se aproximava de mim de vagar._ Você pode até saber toda a história do nosso país e sua divisão geográfica, mas você não sabe nada sobre aquelas pessoas._ Eu estava envergonhado e nem sabia direito o porquê._ É muito fácil, não é? Nunca ter sentido falta de nada. Nunca ter precisado parar de estudar pra trabalhar pra conseguir trazer o jantar pra casa. Ter tudo pronto na hora que quer e do jeito que quer e sair por aí julgando as pessoas sem nem se dar ao trabalho de sair do carro pra conhecê-los.

_ Você me disse pra voltar pra casa._ Tentei me defender. Não podia ficar ouvindo ele me dar um sermão sem dizer nada.

_ Acha mesmo que eu pediria pra você conhecer meus amigos quando você não conseguia tirar o seu orgulho do rosto e aquele olhar de desprezo com o qual você estava? Você julgou o seu irmão, o que faria com eles?_ Não sabia o que dizer e seja lá o que eu dissesse, não tem justificativa a minha atitude._ Eles são pessoas boas, Nathan. Podem não ter uma casa em um condomínio de luxo, um carro do ano pra irem pra escola todos os dias ou um cartão de crédito ilimitado dado pela avó, mas não é isso que constrói a personalidade. Se quer um conselho, acho bom você sair dessa bolha em que o seu pai te colocou antes que fique igual a ele._ Passou por mim e foi pro seu quarto.

Diferente da minha mãe, o meu pai nunca foi do tipo filantropo ou simpatizante das classes mais baixas. Ele dizia que "esse tipo de gente" nunca deveria sair de onde está pra assim ter mais mão de obra pra quem merece estar no topo. Talvez eu tenha mesmo estado em uma bolha criada por ele e só me dei conta disso depois do sermão do Scott. Agora que sei disso, não quero mais estar nela.

Te Amo no Meu RitmoOnde histórias criam vida. Descubra agora