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As portas do elevador se fecham e sinto o peso de Baran em meus braços

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As portas do elevador se fecham e sinto o peso de Baran em meus braços. Torna-se impossível sustenta-lo sozinha, então o coloco contra a parede e espalmo as mãos em seu peito a fim de mantê-lo em pé.
Estamos mais próximos do que jamais estivemos, essa posição é íntima demais mas não vejo outra saída a não ser deixá-lo colado a mim. Se alguém entrar aqui terá a impressão de ver um casal apaixonado, ansioso por consumar seu amor, e essa ideia deixa-me nervosa, minhas bochechas ficam quentes e sei que estou vermelha.

- Você tão perto assim... Me deixa queimando...

- É a febre. Já iremos chegar no quarto, aguente firme.

- Quarto... Finalmente irá deitar ao meu lado? Ou vai pedir um sofá...

Abro a boca para responder mas o elevador é mais rápido e indica que chegamos ao devido andar. Com um braço de Baran por cima de meus ombros, o seguro na cintura enquanto caminhamos a passos trôpegos até a porta.
Ele cai pesadamente na cama, o quarto é lindo, nunca me hospedei em hotel, ainda mais tão luxuoso como esse e fico admirada com os detalhes.

Me aproximo do meu marido que já está de olhos fechados. Toco em sua testa que está queimado, corro até o banheiro e molho duas toalhas com água fria. As compressas devem ajudar, senão terei que ligar para a mansão e pedir socorro.
Retiro seus sapatos e casaco com dificuldade. Escondida, a camisa tem uma grande mancha de sangue no local onde lhe apunhalei.
Essa imagem é como um soco em meu estômago. Quanta dor ele deve ter suportado a noite inteira na frente dos outros por minha culpa. Preciso ver o curativo, trocá-lo mas para isso terei que retirar a camisa e, meu coração acelera. A timidez paralisa meus movimentos por alguns instantes. Escaneio seu rosto, ele está perdendo a cor, ficando com olheiras escuras, seus lábios secos pela febre e os olhos, sempre tão lindos, fechados...

- Dilan... Não me deixe... Dilan...

Choque cruza meu corpo e o tempo para. Será possível que ele disse isso mesmo ou foi uma alucinação da minha mente? Fico muito quieta, nem respiro mirando sua boca, esperando que ele fale novamente mas suas feições estão serenas e nenhuma palavra mais é ouvida.
Tomando uma profunda respiração, retorno aos sentidos e vou abrindo sua camisa, botão por botão. Retiro o curativo sujo e limpo a ferida da melhor maneira que posso.

- Dilan... Dilan...

Dessa vez pude ouvir perfeitamente. Não foi uma invenção da minha mente, realmente Baran está chamando por mim... Um sorriso nasce em meus lábios. Sei que não deveria, que o momento é tenso, estou sinceramente preocupada mas... Do fundo de meu nascer brota uma imensa satisfação banhada em prazer por ouvi-lo pedindo-me para ficar ao seu lado.
Encontro dois cobertores no armário e cubro o corpo do meu marido que estremece de frio.
As horas passam, já é alta madrugada, o sono pesa meus olhos, a febre cedeu um pouco, realmente estou exausta e não há poltrona no quarto, então me rendo a deitar na cama ao lado dele.
Mirando o teto, sinto-me sozinha e sem saída. Lágrimas escorrem pelo canto de meus olhos, derramando a saudade que carrego de minha família.  Quando percebo estou contando histórias de minha infância a Baran. Imaginando que ele pode me ouvir aproveito e peço perdão por tê-lo machucado... Explico que fiz tudo movida pelo medo, depois de ouvir sua conversa com a avó e da mesma cobrar minhas obrigações de esposa.

- Baran... Sinto muito, mesmo... Sei que não tenho esse direito mas saiba que meu coração também dói...

Com o sol atravessando as cortinas, foi assim que acordei, sentando-me de súbito na cama.
Baran não estava deitado ao meu lado e isso me apavorou de maneira que me fez gritar seu nome.
Minha voz ainda ecoava quando ele surgiu do banheiro, com olhos apavorados, procurando ao redor talvez por uma possível ameaça.
Após verificar que estamos sozinhos, ele caminha até mim, checando meu corpo, com a testa franzida.

- O que houve? Está bem? Porque gritou?

- Eu... Eu... Você sumiu...

Soltando o ar ruidosamente, Baran relaxa e adquiri sua postura habitual.
Embaraçada com toda a situação, me arrumo e saímos do quarto sem que eu lhe dirija nenhum olhar sequer.

Durante o caminho para a mansão, entramos em um desvio e o carro para a beira de um lago.
Meu marido desce e me encara. O sigo, e a incerteza me faz estremecer. Ficamos por um longo tempo encarando um ao outro, até passar por seus lábios as palavras que tanto esperei ouvir, mas as únicas que não desejava escutar agora.

- Libero você do nosso compromisso. A dívida está paga. É uma mulher livre. Pode ir embora.

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