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Quando não estou na faculdade ou envolvendo minha mente em alguma tarefa da casa, a única coisa que faz com que eu não me afogue em um poço sem fim de tristeza é o enigma da flor

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Quando não estou na faculdade ou envolvendo minha mente em alguma tarefa da casa, a única coisa que faz com que eu não me afogue em um poço sem fim de tristeza é o enigma da flor.
Encontra-la todas as manhãs tornou-se meu motivo de levantar da cama. Antes mesmo de preparar o café ou fazer qualquer outra coisa, ainda de pijama e descabelada, corro até a porta com o coração acelerado para ter em minhas mãos um pedacinho de carinho, de cuidado, da lembrança que ele esteve aqui.

Tentei inúmeras vezes pegar Baran no flagra. Já adormeci tarde, pensando que ele viria a noite, mas não... Mudei a tática e acordei bem cedo, antes mesmo do sol nascer, porém nem assim puder ver o momento exato que ele passa pelo portão e deixa a flor de sangue em minha porta.
Meus olhos chegaram a doer de tanto observar a rua mas tudo foi em vão. Em certo ponto questionei minha sanidade, poderia ser tudo fruto da minha imaginação, a carência e saudade em tal nível que me faz fantasiar que ele vem até aqui, mas a flor é real, é verdadeira, natural, ela existe sim...
Resta saber agora se realmente é Baran quem a tem deixado em minha casa, quando e porque.

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Caminho apressada pelo corredor, ansiosa com a etapa mais aguardada por mim na faculdade. Estou realizando estágio no hospital como assistente do meu professor e quero dar meu melhor a fim de concorrer a vaga de trabalho que ele ofereceu aos formandos. Meu nervosismo parte é claro, da realização do sonho que é atuar na área que amo somada à necessidade pura de um emprego com salário fixo.
Mesmo que a casa tenha literalmente caído do céu com uma dispensa abarrotada, tudo, incluindo o pouco dinheiro que tinha comigo se terminou ao longo desses três meses.

Entro em uma das alas lendo um receituário ao invés de olhar para frente, esbarrando em alguém e caindo sentada logo em seguida.
A primeira coisa que vejo é um sapato preto bem lustrado seguido de uma calça também preta. Um botão em meu peito é acionado instantaneamente e meu coração bate frenético... Sim, sei de quem se trata sem nem ao menos precisar ver seu rosto. Uma mão grande surge em meu campo de visão, oferecendo ajuda e então lembro-me de onde estou e que preciso manter a compostura.
Arrisco levantar a cabeça e sorrio confirmando aquilo que já sabia: Baran está aqui. Seu perfume me invade juntamente com o calor que só ele é capaz de emanar enquanto sou erguida aproximando nossos corpos.
A profundidade de seus olhos arrepia minha pele fazendo-me desejar estar ainda mais perto dele, como se em seu ser houvesse a cura para o vazio que venho sentindo desde a última vez que estivemos juntos.
Incapaz de me mover mas fraquejando em minhas defesas, sinto as pernas bambas e sou prontamente presa pela cintura em um abraço que faz meu sangue bombear em ondas ferventes.

É como se o tempo e o espaço não existissem... Aqui, há somente ele e eu, respirando um ao outro, saboreando cada toque, cada olhar, mapeando pedacinho por pedacinho de pele exposta, dando fim em uma saudade que quase me fez enlouquecer.
Minhas mãos, seguindo ordens diretas de um desejo insano, sobem lentamente sobre os braços de Baran. Sinto os músculos enrijecendo imediatamente e fico admirada por causar esse efeito nele.
Ele fecha os olhos e respira profundamente, relaxando o corpo. É como se nós dois dividissemos o mesmo alívio por estarmos lado a lado outra vez.

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