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Já se passaram três meses desde aquele dia e meu coração não deixou de doer um minuto sequer

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Já se passaram três meses desde aquele dia e meu coração não deixou de doer um minuto sequer.

Depois de ser abandonada naquela estrada, andei sem rumo até anoitecer, meus pés não sabiam para onde ir pois minha mente estava um caos.
Finalmente recebi a liberdade que a muito ansiava, ouvi de Baran as palavras que por tanto tempo sonhei, mas, porque então não corri imediatamente para a minha família?
Cresceu dentro de mim um sentimento que me sufocou, apertando o peito e impedindo de transbordar a felicidade que deveria estar sentindo. É estranho e surreal mas ao contrário da alegria que imaginei estar quando esse momento chegasse, senti uma enorme vontade de chorar, um vazio, um sentimento de perca e abandono, uma saudade sem nome.

Quando dei por mim estava na frente da mansão Karabey.
Meu corpo tremia de frio, o vestido vermelho tão lindo era fino demais, delicado demais, foi feito para uma dama exibi-lo em festas, não para uma mulher sem lar caminhar pelas ruas. Meus pés doíam e estavam cheios de machucados pois após a primeira hora sustentado os saltos, retirei os sapatos e segui descalça.

As luzes da casa estão acesas mas é um cômodo em especial que chama minha atenção, e lá tudo está escuro, nosso quarto, ou melhor, o quarto de Baran, parece vazio. Todos devem estar reunidos na sala, jantando felizes por finalmente a filha do assassino ter ido embora, até consigo imaginar a senhora Azade e Cihan sorrindo aliviados, e Baran, como sempre, ocupando seu lugar na cabeceira da mesa, deve ter um ar sério, embora por dentro também esteja em paz, afinal, foi ele próprio quem se livrou de mim. A mesma mão que me puxou para dentro foi a que me empurrou para fora...
Após comer ele deve se recolher no escritório, ligar para o advogado e pedir urgência no divórcio, é então que ela entra, Derya, em um dos seus muitos vestidos escandalosos, trazendo café para os dois. Eles bebem e sorriem... Agora finalmente ela poderá ocupar o cargo de noiva da família e conquistar o coração do meu marido.

Lágrimas escorrem em meu rosto mas rapidamente eu as seco com as mãos. Não me permito chorar, nosso casamento nem sequer era de verdade. Eu não passei de um fantoche dos seus propósitos mas agora sou livre para retornar à minha família e ser feliz novamente.

Atravesso a rua e encontro um telefone publico de onde ligo para meu irmão explicando tudo. Ele rapidamente vem me buscar e partimos aliviados pois pretendia matar a saudade de meu pai, minha irmã, mãe e cunhada. No caminho conversamos bastante, meu irmão não cabia em si de tanta felicidade, mil vezes me perguntou se estava realmente livre ou se havia fugido, pois se minha segurança estivesse em risco, daria um jeito de me esconder para meu marido nunca mais me encontrar. Mal sabe ele que a pouco eu chorei imaginando o futuro longe de Baran...

Mas tudo isso ficou para trás quando atravessei o portão da casa da minha família. Respirei fundo quando a porta se abriu e choquei a todos entrando na sala em pleno jantar. Meu pai e irmã foram os primeiros a vir me abraçar, chocando-se contra meu corpo e quase nos levando ao chão, tanta saudade e amor transformou-se em lágrimas por não caber no peito. Apertei os dois forte, tentando me curar, tentando voltar a ser quem era antes de tudo, ambos tinham cheiro de lar, de carinho, e alguns pedaços quebrados do meu coração voltaram à vida.

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