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Como um barco à deriva, uma bússola sem norte, assim estou eu nesses três meses longe dela

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Como um barco à deriva, uma bússola sem norte, assim estou eu nesses três meses longe dela. Vê-la somente a distância, sem poder sentir seu perfume, ouvir sua voz, receber seus toques mesmo que por acidente, tem sido uma angústia infernal.
Durante esse tempo aprendi que existe uma enorme diferença entre nunca ter amado, sem noção ou prazer do que é viver em função desse sentimento, e amar... Mesmo que nunca seja correspondido, que tenha nascido em meio a desavenças, mesmo sem jamais ter sido mencionado, o importante é que foi sentido e é isso, é esse sentir que me faz amargar o arrependimento de não estar junto dela.

Voltar todos os dias para a mansão tem sido vazio, escuro e triste como quando minha mãe me deixou. Não fiz mais nenhuma refeição à mesa pois ela não carrega lembranças de Dilan. Pouco me alimento, mas quando o faço é na cozinha, pois lembro dela por lá, se movendo, cozinhando, sorrindo...
Proibi a entrada de todos no quarto, tudo está intacto tal como se minha esposa tivesse somente saído para já voltar. A cama não tem sido usada, prefiro dormir no sofá sentindo seu cheiro nas almofadas.
A empresa transformou-se em minha casa, nenhum lugar pode ser chamado de lar quando não se tem quem amamos por perto, sendo assim, qualquer quatro paredes servem para abrigar um coração solitário. Tornou-se insuportável a convivência em família... No primeiro dia encheram-me com perguntas sobre onde Dilan estava, e, mesmo eu não respondendo, ficou nítido após dias que ela não voltaria. Foi então que fizeram da mansão uma festa, todos riam, serviam jantares e doces comemorando a saída da minha esposa de nossas vidas.
Minha avó e Derya não podiam esconder sua felicidade. As duas investiram com ainda mais afinco em seu plano de tentar me fazer esquecer Dilan só que, a cada aproximação de Derya, a cada café que ela me servia, deixava mais claro que nunca em meu coração outra substituiria sua dona.

Tudo em Derya é errado, assim como qualquer outra mulher ao meu redor. Respiro fundo e peço aos céus paciência quando vem se aproximando cheia de sorrisos e segundas intenções... Será que tanto ela quando minha avó consideram-me um tolo incapaz de perceber o plano das duas? A verdade é que ninguém suspeita de meu amor por Dilan.
Nosso casamento foi pelos motivos errados, nossa vida juntos era um verdadeiro tormento mas ninguém além de mim entende que me apaixonei nos detalhes... Aqueles pedacinhos de felicidade, os sorrisos tímidos, o olhar carinhoso, a presença, as conversas, a maneira como Dilan penetrou em meu coração e minha alma, devagar, sem intenção, mas com força para se enraizar lá para sempre.

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Durante o dia, vou várias vezes à casa da minha esposa. Quando sei que ela está, fico dentro do carro com medo de ser visto e enxotado para sempre, e nos momentos em que percebo que ela sai, percorro o pequeno pátio, reviso se as portas e janelas estão bem fechadas, e deixo uma flor em seu batente.
Intimamente desejo que ela saiba que sou eu quem comete esse gesto. Por vezes faço algum barulho, ou me demoro no caminho entre a rua e o portão, na esperança de que ela me veja deixando a flor ali. Mil vezes já me questionei se Dilan gosta de tal ato mas então, em uma manhã, a vi surgir afoita à porta, vestindo uma camisola fina, os cabelos soltos caindo em seu rosto, e ao recolher a flor do chão, o mais lindo dos sorrisos se abriu em seu rosto. Nesse dia chovia, mas dentro de mim acendeu-se um sol fruto do calor que a alegria que dela me transmitiu. Assim percebi que, as flores seriam nossa marca, uma espécie de senha, de modo de comunicação, enquanto eu as deixasse lá provava que não a havia esquecido e ela por sua vez, sempre que buscasse a flor com entusiasmo, demonstrava o quanto ficava feliz por receber um agrado meu.

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