9. E quando perde a razão

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Haviam se passado quatro dias dês que Gizelly havia presenciado a cena mais degradante e decepcionante de sua vida. E o fato de "Renato" não ter aparecido durante aquele período a deixava ainda mais irritada. Estava determinada a confrontar o homem, e arrancaria de sua face, a máscara de bom moço.

– Tú estavas lá, Juliana! Sei que viu o mesmo que eu! – A mulher esbravejava.

– O sol estava em meus olhos sinhazinha, e tava muito longe... – Juliana tentava acalmar uma Gizelly que tinha um olhar psicopata.

– A caso estás a insinuar que vi coisas? – Gizelly encarou a negra com as mãos na cintura e Juliana recuou alguns passos piscando os olhos.

– Gizelly, acalma-te. De nada vai resolver esbravejar com a pobre Juliana. – Manu se fez ouvir ficando de pé com uma expressão pensativa. — Deve haver uma explicação para tudo que presenciamos.

– Agora vais defendê-lo também? Tú nem o conheces! Ou conheces? – Gizelly ergueu uma das sobrancelhas encarando a prima.

– Creio que este Renato, eu não conheça. Mas precisaria ver de perto. – Manu deu de ombros. – Seja como for, ninguém sustenta uma mentira para sempre. E veja, sua oportunidade acaba de chegar. – Manu apontou para a carruagem parando à porta da casa grande.

Gizelly se aproximou da janela no mesmo instante em que Rafaella desceu da carruagem erguendo o rosto e sorrindo para o sol que iluminava sua face, dando a ela um brilho angelical.

– Perfeito! – Gizelly externou.

– Interessante... – Manu sussurrou.

– Valha-me Deus. – Juliana choramingou.

Dois dias antes...

Os homens caminhavam pelo acampamento sentindo a brisa fresca e o cheiro de mar. O menor deles sorriu para o grupo de crianças que dançavam embaladas ao som daquela música desconhecida e contagiante.

– Poço contar com vossa ajuda nesta empreitada? – O menor deles questionou ainda sorrindo para as crianças.

– Tenho uma dívida eterna para contigo. Tens em mim toda ajuda que precisar. – O mais velho respondeu de forma séria e firme. Não era homem de faltar com a palavra, tudo que tinha era sua honra, e havia jurado cuidar e proteger aquele homem à sua frente, assim como fazia com os seus.

– Me deixas feliz com tua afirmativa, meu caro.

– Será uma honra lhe servir, meu amigo.

De volta ao trem, o menor olhava perdidamente pela janela, quando seu acompanhante deixou que seus pensamentos e receios tomassem voz.

– Sabes no que estas se metendo? Tens noção de que estarás brincando com fogo?

– A caso poderia o demônio temer o fogo e o caos? – O outro dizia ainda olhando pela janela. – Pois eu sou o demônio, e os farei queimar no inferno. – Riu de um jeito que levou calafrios ao homem sentado à sua frente.

[...]

Rafaella sorria para aquele calor reconfortante. Adorava ser abraçada pelos raios de sol, principalmente em meio a tempos tão escuros.

– Boas tardes! – A Baronesa sorria enquanto se abanava com o leque, de pé a porta. – Que felicidade em vê-lo, Renato!

– Boas tardes, Baronesa! – Rafaella se curvou beijando a mão da Baronesa em respeito. – A senhora fica cada vez mais linda. Vejo que Gizelly teve a quem puxar. – Rafaella sorriu piscando charmosamente um dos olhos para a mulher que soltou uma risadinha.

Lies - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora