Lies - Girafa

15. E quantos segredos traz o coração de uma mulher

Nota da autora:

Chegamos a um momento importante da estória. Uma nova fase se inicia e perceberemos que cada coisa tem seu motivo de ser, e cada acontecimento tem um significado específico...

Peço, a quem estiver lendo esse meu devaneio, que ouça a segunda música no exato momento sinalizado, bem como só pare de ouvir no ponto indicado.

Boa leitura...

Os passos ecoavam pelo silêncio dos cômodos inabitados de pessoas, mas repletos de possibilidades. Os pés caminhavam pelo piso de taco polido, enquanto os olhos buscavam por algo que estivesse fora do lugar. Tudo deveria estar perfeito. Entrou em um dos quartos, o que havia dedicado todo seu tempo e atenção. Os dedos passearam pelos lençóis de tecido fino e frio e fechou os olhos respirando profundamente. Deixou uma única rosa amarela no centro da grande cama e saiu.

Ao descer as escadas, e chegar à sala de estar, sorriu para o homem que a esperava, tenso apertando as mãos.

– João, suponho? – O homem apenas concordou com um aceno de cabeça. – Muito bem. Vais trabalhar cuidando do gado, creio que saiba como fazer, já que veio das terras das Minas Gerais.

– Sim, patrão. – João era um homem alto, forte, jovem, bem abençoado. Usava o cabelo baixo e o rosto com barba. A pele negra, trazia marcas de uma vida de ex escravo, e os olhos desconfiados, demostravam que era alguém que não confiava fácil.

– Perfeito. Esteja aqui, amanhã, neste mesmo horário para que lhe passe suas tarefas diárias. Por hora podes se recolher. – Assentindo com a cabeça, João se retirou rumo a ala dos empregados.

Rafaella montou em Cocuio e deu uma última olhada para a casa. Retornaria para ela, mas não mais sozinha. Não estaria mais sozinha...

[...]

Música on: "The One That Got Away" (Katy Parry)

– Alejandro, por favor. Eu preciso falar com Renato! – Juliette dava voltas pelo quarto, agitada, ao passo que Alejandro a mirava parado de pé com as mãos na cintura, frustrado.

– Ju, entenda, ele vai se casar. Não há nada que possa mudar isso.

– Será que não vês que tudo está diferente agora? Por Deus, Alejandro!

– O amor de vocês foi lindo, mas acabou. Passou. Tens que levar sua vida, Juliette. Volte com Sarah, e siga sua carreira com a companhia de teatro.

– Não posso... não posso... – Juliette deixou seu corpo cair na cama se entregando as lágrimas num choro aberto.

Alejandro suspirou sentando-se ao seu lado, a acolhendo em seus braços, num abraço de consolo. Quando a porta do quarto foi aberta e Juliette se viu diante do homem que sempre amou.

– Renato... – Sussurrou se afastando de Alejandro. – Meu amor... – Não houve tempo para explicações, Juliette estava totalmente entregue às emoções para perceber que algo estava... diferente, e tomou os lábios de Rafaella num beijo desesperado, sem ao menos dar a chance de que entrasse no quarto, envolvendo-a pelo pescoço, grudando seus corpos.

Rafaella congelou.

Alejandro empalideceu.

Juliette suspirou.

Juliana correu.

Delicadamente, Rafaella afastou Juliette, entrando com a mulher no quarto, que ainda mantinha os olhos fechados, até que os abriu assustada.