Cap34-Maria Castillo

67 5 2
                                    

Fazia hoje uma semana que os pais de Matteo, Malia e Pedro, estavam cá em casa.

Matteo insistiu para que os pais viessem para nossa casa durante uns tempos para que eu não me sentisse tão sozinha neste momento tão crucial em que Giovana resolveu aparecer para infernizar a minha vida novamente. E, então, eu aceitei sem problema nenhum que eles viessem. Eu adorava Pedro. Ele era um homem respeitador, compreensivo e maravilhoso com a mulher, o filho e os netos e comigo claro. Já Malia era uma mulher de uma tremenda elegância, responsável, carinhosa e maravilhosa com os netos e comigo também. Adorava todas as nossas conversas. Ela fazia-me sentir mais segura e determinada para enfrentar qualquer coisa, até mesmo Giovana.

-Posso?-levantei a cabeça dos testes à minha frente e sorri quando vi Malia entrar no escritório de casa.

-Claro-assenti.

-Muito ocupada?-Malia perguntou.

-Um pouco, mas arranjo sempre um tempinho-sorrimos.

-O que me dizes de irmos almoçar a algum restaurante e descontrair um pouco?-ela sorriu.

Eu olhei para os papéis à minha frente e sorri aceitando o seu convite. Eu estava mesmo a precisar espairecer um pouco. Precisava de sair da rotina e aquela era uma ótima oportunidade para o fazer com certeza.

-Aceito-sorri-vou só buscar a minha mala e vou já ter consigo ao carro.

Saí do escritório e subi até ao quarto pegando num casaquinho e na minha mala.

Encontrei-me com os meus filhos no corredor e ambos logo se aproximaram de mim sorrindo.

-Mas onde é que a nossa querida mãe vai tão apressada?-Gabe beijou a minha testa.

-Vou almoçar com a avó-olhei para os dois curiosos à minha frente.

-Podemos ir com vocês, podemos?-Eva implorou depois de me beijar a bochecha.

-Eu penso que não haja problema algum-concordei.

-É por isso que te amamos mãezinha-Eva outra vez-vou só buscar a minha mala.

-Estamos no carro à tua espera filha-falei.

Eu e Gabe descemos as escadas e fomos em direção ao carro onde Malia já esperava.

-Que bom ter mais alguém para nos fazer companhia ao almoço-Malia sorriu quando viu o neto.

-Ainda falta a chata da Eva-Gabe falou-porque vocês mulheres demoram tanto para se arranjarem quando é para sair de casa?-Gabe colocou o seu cinto quando se sentou atrás no carro.

-E porque vocês homens são tão chatos em relação a isso? Estão sempre cheios de pressa para tudo-falei rindo da sua cara-se vocês fossem mais calmos e pacientes connosco talvez tivessem mais progressos.

-Concordo com a mãe-Eva falou quando entrou no carro-consigo ouvir as tuas lamúrias a quilómetros seu idiota.

-Que bom para ti chata-Gabe bagunçou os cabelos da irmã.

-Estúpido-Eva empurrou o irmão.

-Será que já podemos ir almoçar ou ainda vão ficar nessa chateação um com o outro?-falei mais uma vez.

-Podemos ir-falaram ao mesmo tempo.

Dei partida e muito rapidamente chegamos ao restaurante com muito falatório e gargalhadas dentro do carro.

De vez em quando olhava pelo retrovisor para ver os miúdos lá atrás a brincarem um com o outro e comecei a pensar em como eles tinham crescido tanto!? Quando é que isso aconteceu?

Eva já tinha 16 anos e Gabriel 22 anos e parece que ainda ontem Eva era um bebé e Gabe um menino de 5 anos.

Sorri sozinha com os meus pensamentos enquanto conduzia.

Comecei a pensar se já não estaria na hora de ter outro bebé? Mas eu estava tão insegura.

Eu sempre quis ter mais filhos, mas o trauma com Giovana foi tão grande que eu simplesmente tive medo de tentar engravidar novamente. Ainda por cima agora que ela já não está mais presa e pode aparecer a qualquer momento, eu fico com mais receio que ela faça alguma coisa contra os meus filhos.

Aff...

Estacionei o carro no parque do restaurante e logo saímos do carro e entramos para um agradável almoço com os meus filhos e a sua avó.

Olhei para os meus filhos e sorri ao vê-los bem, felizes e seguros.

(...)

Eram 15h00 horas da tarde quando eu, Malia e os meus filhos chegamos a casa e tudo estava a correr tão bem até ao momento que eu levantei a cabeça quando percebi que não estávamos sozinhos em casa.

Sustive a respiração quando Giovana apareceu à minha frente com um sorriso cinico no rosto.

-O que pensas que estás aqui a fazer?-Malia parou em frente àquela mulher.

-Qual é Malia?-Giovana riu-eu só vim visitar os meus filhos.

-Os filhos são meus-passei entre os meus filhos e parei ao lado de Malia de frente para Giovana.

-Deixa de ser ingénua Maria-Giovana revirou os olhos-sabes bem do que falo.

-E é por saber exatamente do que falas que te estou a mandar embora-dei um passo na sua direção-não és bem vinda aqui, nunca foste e nunca serás.

-Filho, tu deixas que esta mulher fale assim com a tua própria mãe?-Giovana olhou para Gabe.

-Esta mulher é minha mãe, Giovana-Gabe parou ao meu lado-e como ela disse: não és bem vinda aqui.

-Como?-Giovana arregalou os olhos-não podes fazer isso Gabriel-ela aproximou-se do meu filho-ela está a virar-te contra mim e...

-Aqui ninguém está a colocar ninguém contra ti-Eva meteu-se na conversa-só te estamos a pedir para que saias da nossa casa a bem.

-Mas a criança já tem garras?-Giovana riu manhosa.

Vi a sua mão se aproximar da minha filha e o meu coração saltou alguns batimentos.

-Não voltarei a pedir para que saias daqui-Gabe falou pegando na sua mão antes que tocasse na minha filha.

-Isto não vai ficar assim-Giovana olhou bem nos meus olhos-tu vais arrepender-te Maria, eu vou vingar-me de ti sua oferecida-e com essas palavras ela passou por mim empurrando-me e saiu de casa.

Por momentos senti as minhas pernas falharem e, então, Malia ajudou-me a sentar no sofá.

-Maria?-senti a sua mão pegar na minha-respira comigo.

Olhei para Malia e assenti quando ela me ajudou a controlar a respiração.

-Está tudo bem-Malia olhou nos meus olhos.

-Eu preciso de descansar-falei já me levantando com dificuldade por sentir que as minhas pernas iriam falhar a qualquer momento.

-Mãe...-os meus filhos pararam-me.

-Eu só preciso de estar um pouco sozinha meus amores...por favor-beijei a testa de cada um e subi até ao meu quarto.

Assim que fechei a porta do quarto atrás de mim, permiti-me chorar e soltar tudo o que me ía no peito e até então eu segurava.

Senti o meu choro vir com soluços e falta de ar, mas eu não queria ceder ao ataque de pânico que se estava a formar. Eu tinha de ser mais forte que isso.

Controlei a minha respiração o máximo que eu consegui quando me sentei na cama e respirei fundo quando o consegui controlar.

Levantei-me e decidi tomar um banho para relaxar todos os meus músculos.

Assim que terminei o meu banho, limitei-me a vestir somente o meu roupão sem me dar ao trabalho de vestir algo a mais por baixo do mesmo e abri a grande janela que dava acesso para o terraço do quarto. Sentei-me num dos sofás que lá tinha e olhei para todo o horizonte.

A leve brisa esvoaçava os meus cabelos molhados e aquilo sabia bem. Sentia-me muito mais calma.

Encostei a cabeça no sofá e poucos minutos depois só me lembro de ter adormecido.

Virgem MariaOnde histórias criam vida. Descubra agora