Cap16-Matteo Cavichiolli

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Maria esteve dois dias no hospital e durante esses dois dias a minha vida foi uma tortura. Gabriel quase não dizia uma palavra e quando falava era para perguntar pela Maria e quando ela voltaria para casa.

Aquilo só me lembrava cada vez mais do acidente que tivemos e de todas as vidas que eu coloquei em risco: a minha, a do meu filho, a da Maria e a da minha filha também.
Sentia-me a pior pessoa do mundo e por mais que eu soubesse que a culpa não era toda minha, não me sentia melhor por isso.

Eu ía depressa é certo, mas aquele maldito carro meteu-se à nossa frente de repente não parando no stop. Podíamos ter morrido.

Lembro-me da cara de assustado do meu filho e vou levar esse momento para o resto da minha vida e a Maria!? Oh, a minha doce Maria. Eu senti toda a sua fúria nas suas palavras naquele maldito dia. Eu mesmo temi que aquelas suas palavras fossem verdadeiras e o pior é que eu me mataria primeiro se algo lhes acontecesse.

-Merda...-passei as minhas mãos pelos meus cabelos e pela minha cara.

Eu estava a dar em louco dentro da minha própria casa.

Gabriel não falava, a Maria passava mais tempo a descansar do que no resto da casa e a minha mãe apesar de falar meras palavras comigo, eu conseguia ver toda a sua desilusão na sua cara. Acho que nunca vira a minha mãe tão desiludida comigo nem mesmo quando me portava mal e fazia asneiras quando era ainda criança.

-Merda...-voltei a suspirar.

-Papá?-levantei a cabeça quando ouvi a voz do meu filho.

-Diz meu grandalhão-sorri.

-Posso escolher o tema da minha festa de aniversário?-ele sorriu empolgado e levantando os bracinhos para que o pegasse ao colo.

-Claro-assenti pegando-o ao colo.

Gabriel ía fazer 5 anos daqui a um mês e queria fazer uma festa temática à sua escolha e bem, acho que ele já deve ter decidido o tema da sua festa.

-E eu posso saber qual tema escolheste?-perguntei curioso.

-Quero que o tema do meu aniversário seja o presépio de natal-ele riu batendo palminhas feliz.

-O presépio?-levantei uma sobrancelha estranhando-que ideia tão...original!?

-Vou contar à mamã-peguei nele e coloquei-o no chão-ela vai gostar da minha ideia, ela sempre gosta-ele riu e saiu da biblioteca a correr.

Maria.

Sorri.

Gabriel tem chamado mãe à Maria e confesso que nas primeiras vezes eu sentia um desconforto com aquela sua atitude e até pensei que Maria não fosse aceitar, mas ela surpreendeu-me quando aceitava que Gabe a chamasse assim daquele jeito e eu acabei por me habituar àquela nova ideia do meu filho e acho que toda a família também.

Respirei fundo e saí da biblioteca e quando o fiz dei de caras com a minha mãe que sorria ao ver algo através da janela da sala que dava uma bela visão para o jardim da parte de trás da casa.

Aproximei-me dela sem que ela notasse a minha presença e pude sorrir quando vi Maria a plantar alguma flor quando Gabriel apareceu e a abraçou por trás e ambos sorriram.

O meu filho disse algo a Maria que concordou e sorriu e ele logo se colocou ao lado dela ouvindo-a com muita atenção e depois imitou-a.

A minha mãe gargalhou quando Gabe atirou um pouco de terra sujando Maria e ela riu fazendo o mesmo e atirou alguma terra sujando o meu filho e ambos riram.

-Acaba com aquele maldito contrato Matteo-a minha mãe falou ainda sem olhar para trás, ela sabia que eu estava ali-faz com que a Maria te perdoe e criem os vossos filhos juntos mesmo que não como um casal-finalmente aqueles olhos grandes e azuis da minha mãe apareceram na minha direção.

Virgem MariaOnde histórias criam vida. Descubra agora