Cap4-Matteo Cavichiolli

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Voltei para casa depois daquele desastroso encontro com aquela criança chamada Maria Castillo.

Ela era uma autêntica criança, meu Deus. Ela tem apenas 19 anos e ainda estuda. Como é que ela cuidaria de uma criança agora? Ainda por cima agora que ela perdeu o emprego, sei porque li nos documentos que Carlos me trouxe a respeito dela. Eu tinha todas as informações sobre a vida de Maria nas minhas mãos.

-Dezanove anos...-passei as mãos pelos meus cabelos-e que mulherão é aquele de apenas 19 anos?

Maria era tão linda com os seus cabelos castanhos escuros, os seus olhos igualmente castanhos e aquele corpo de uma verdadeira mulher.

-Merda...-levantei-me da minha cadeira e andei de um lado para o outro pelo meu escritório.

Olhei para trás quando ouvi a porta do escritório ser aberta e logo me deparei com Gabriel a caminhar na minha direção com a sua cabecinha baixa.

-Oi meu grandalhão-sorri pegando nele ao colo-como estás hoje?

Ele nada respondeu, só se limitou a pousar a sua cabecinha no meu ombro e me abraçar com os seus bracinhos.

Gabriel deixou de falar desde que a mãe o deixara há uma semana atrás. Ele adormecera nos meus braços depois de tanto chorar, mas assim que acordara a sua voz simplesmente não saía.

Corri com ele para a melhor clínica da fala onde me fizeram várias perguntas entre as quais: se havia algum acontecimento recente que o traumatizasse. Eu logo expliquei a situação e o terapeuta logo percebeu que o que o meu filho tinha era um desgosto emocional ou trauma emocional. Ele só voltaria a falar quando ele assim se permitisse a ele mesmo.

Fiquei tão triste e chateado por não conseguir fazer nada para ajudar o meu filho.

-O que me dizes de chamarmos a avó para passar uns dias connosco?-falei e ele logo levantou a cabeça sorrindo-eu sabia que ias adorar a ideia-sorri beijando os seus cabelos.

Tratei de ligar para a minha mãe que logo concordou com a minha ideia e que chegaria cá a casa depois do jantar com o meu pai.

(...)

Eram precisamente 21h00 horas quando a campainha tocou e Gabriel logo se apressou em ir abrir a porta. Eu fui atrás dele rindo da sua pressa em abrir a porta aos seus avós e sorri ainda mais quando o vi se atirar para os braços da minha mãe.

-Olha só quem chegou para fazer companhia a este amor bom-a minha mãe falou fazendo-nos rir.

Gabriel esticou os bracinhos para que a avó o pegasse ao colo e ela logo o fez depois de pousar as suas malas ao seu lado.

-Tive tantas saudades do meu netinho preferido-ela encheu o neto de beijos-tiveste saudades da avó?

Gabriel abanou a cabeça assentindo feliz.

-Assim vou ficar com ciúmes-o meu pai falou tirando a atenção do meu filho da sua mulher.

Gabriel esticou os braços para ir ao colo do avô que logo pegou nele sem hesitar.

O meu pai e Gabriel foram até ao andar de cima levar as malas enquanto a minha mãe se aproximava de mim me cumprimentando.

-Olá meu querido-ela beijou a minha bochecha e abraçou-me logo a seguir-como estás?

-Olá mãe-sorri ao vê-la-estou dentro dos possíveis-encolhi os ombros.

-Vejo que Gabriel ainda não recuperou a fala-ela entristeceu-e tudo por causa daquela víbora-fez cara feia-sempre te avisei que ela não era de confiança Matteo-ela bufou chateada.

-Não estou com disposição para um sermão a estas horas mãe-bufei.

-Devias de ouvir um sermão até adormeceres meu menino-ela falou séria-onde já se viu uma mãe abandonar um filho-ela abanou a cabeça.

Eu apenas ouvi todos os seus desabafos que eu sabia que ela guardava há anos, só esperando para os dizer alto e bom som que me tinha avisado.

Suspirei quando pensamentos de uns olhos castanhos e uns lábios carnudos me vieram ao pensamento.

-Estás a ouvir o que eu estou a dizer Matteo?-a minha mãe falou.

-Sim mãe-assenti.

-O teu corpo está aqui, mas a tua cabeça está noutro sítio-ela falou mais calma-tem mais para além do abandono da Giovana para com o próprio filho?

-Creio que sim-cocei a cabeça num ato de nervosismo.

-Estou a ouvir...-ela sentou-se no sofá e fez sinal para que eu me sentasse ao seu lado.

Contei tudo à minha mãe desde o que Giovana armara com o ginecologista até eu ir conhecer e falar com Maria.
Quando terminei os meus desabafos olhei para a minha mãe à espera que ela me apoiasse, mas o que eu vi foi um olhar de censura e julgamento.

Vi o seu corpo se levantar e andar pela sala em pequenos passos até parar em frente à janela que dava uma bela visão para o jardim da minha casa.

-Eu concordo contigo por quereres conhecer a mãe do teu filho, mas obrigá-la a assinar um contrato para te entregar a criança Matteo?-a minha mãe olhou para mim  desaprovando a minha atitude-não foi assim que eu e o teu pai te educamos-ela abanou a cabeça negativamente.

-Eu fiz isso para preservar e proteger aquela criança-levantei-me olhando para ela-achas o quê? Que a mãe vai simplesmente aceitar que eu tenho dinheiro e não vai tirar proveito disso? As mulheres são todas iguais-olhei para a minha mãe quando ela fez cara feia-desculpa.

-Vais ter de remediar essa situação Matteo-ela falou se aproximando de mim-e para além disso toda essa tensão e stress entre vocês só vai fazer mal tanto para a mãe como para o bebé...e para ti também-ela suspirou desiludida-boa noite meu querido-ela beijou a minha bochecha e subiu até ao andar de cima.

-Merda...-passei as mãos pelos meus cabelos nervoso.

Eu sabia que ela tinha razão, mas eu não iria voltar com a minha palavra atrás. Não iria dar o braço a torcer para aquela menina ou ela iria pensar que eu era um fraco.

Virgem MariaOnde histórias criam vida. Descubra agora