Cap6-Matteo Cavichiolli

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Entrei na sala de estar de onde ouvi algumas vozes e parei logo quando vi Maria conversar com o meu filho. Gabriel deve ter gostado dela, pois ele só se aproxima das pessoas que ele gosta.

Olhei para eles os dois e por breves momentos sorri quando os vi aos dois. Gabriel estava a sorrir e aquilo deixava-me tão feliz, já Maria ainda não sabia que sentimentos tinha por ela, se seriam um pequeno ódiozinho por ela ser ainda uma criança e a mãe do meu filho ou se gostava um pouquinho dela por apesar do azar ter sido ela a mãe do meu filho!?

Pelo pouco que conheço dela, já percebi que ela é uma menina responsável e aplicada, mas acho que ela ainda não seja uma mulher tão madura como todas as outras que já conheci. Ela não parece saber nem conhecer nada da vida, uma criança enfim.

Saí dos meus pensamentos quando vi Maria beijar a bochecha do meu filho e logo se levantar olhando na minha direção. Percebi que ela não gostou muito de me ver, pois o seu sorriso desapareceu na hora que os seus olhos pousaram nos meus.

Ela logo saiu atrás da Micas, já eu continuei na sala com a minha mãe e o meu filho.

-Ainda não entendi porque a tratas assim?-a minha mãe falou colocando o seu neto no chão-a miúda não te fez nada.

-Ela carrega um filho meu e...

-O filho é VOSSO...-ela falou visivelmente chateada-dos dois e nenhum de vocês teve culpa do que aconteceu Matteo.

-Como achas que eu me sinto mãe?-olhei para ela.

-Como tu te sentes?-a minha mãe abanou a cabeça-e já te perguntaste como ela se sente?

-Deve estar feliz por receber uma boa quantia em dinheiro quando se for embora e...

-MATTEO!?-calei-me assim que vi a minha mãe exaltada, já nem me lembrava da última vez que a vi assim-a Maria teve um ataque de pânico uns minutos antes de apareceres na sala-ele suspirou-achas mesmo que ela está feliz com tudo o que vos está a acontecer? E ainda por cima ela está sozinha no mundo, não conhece ninguém, não nos conhece a nós, vai ter um filho de um desconhecido, ela foi despedida e ainda estuda Matteo, como achas que ela está? Feliz? Sem o teu apoio?

Olhei para a minha mãe e assimilei todas as suas palavras. Ela tinha razão, eu não tinha parado para pensar nisso. Fui um egoísta, mas mesmo assim não posso deixar que ela leve para longe de mim aquela criança quando nascer. Isso era destruir-me também. Eu tinha de fazer algo para que ela ficasse aqui, ao meu lado e não levar para longe o nosso filho.

-Desculpa...-olhei para a minha mãe de braços cruzados.

-Não é a mim que tens de pedir desculpa-ela falou mais calma virando costas e se aproximando do neto.

Entendi que a minha mãe estava chateada comigo, por isso virei costas e subi as escadas em direção ao quarto de Maria.
Bati à porta e um pequeno e abafado "entre" se fez ouvir por mim. Entrei no seu quarto e vi Maria se levantar da cama atrapalhada a limpar a sua cara.

Agora sentia-me mal por vê-la assim tão triste, mas a culpa é da minha mãe por me ter dito tudo aquilo.

Aff...

Vi as suas mãos agarrarem uma fotografia com alguma força. Era quase como se a fizesse sentir mais segura.

-Queria perguntar se já tens tudo arrumado, mas...-olhei para a sua mala ainda fechada num dos cantos do seu quarto-mas parece que ainda não guardaste as tuas coisas.

-Só preciso de uns momentos sozinha-ela falou me encarando com os seus olhos vermelhos.

-Tudo bem-assenti-vou mandar preparar um lanche para ti.

Virgem MariaOnde histórias criam vida. Descubra agora