Fazia uma semana que eu descobrira que estava grávida.
-Grávida...-eu repetia para mim como um mantra.
Há uma semana atrás voltei à clínica para conversar com a nova ginecologista. Perguntei se era possível sequer aquilo ter acontecido e ela afirmou que sim.
Ela tentou explicar-me mais ou menos o que poderia ter acontecido com o antigo ginecologista. Muito possivelmente ele em vez de fazer uma consulta rotineira, injetou o sémen de um homem para que eu engravidasse.
A doutora também me dissera que foi um enorme erro ele ter trocado as duas pacientes num procedimento tão delicado como este, ainda por cima sem o meu conhecimento e consentimento.
Essa sua atitude iria custar-lhe o emprego e eu não poderia estar mais de acordo com ela, pois mesmo ele não estando aqui eu queria processá-lo por falta de profissionalismo e caráter.Agora encontro-me aqui em casa a pensar em tudo o que se tem passado nestes últimos dias.
Entretanto fui despedida do meu emprego por estar grávida e tudo o que me restava era estudar e concluir a universidade para conseguir sustentar o meu...filho!?
Quem eu quero enganar? Eu estou a morrer de medo com tudo isto. Estou tão assustada e sem saber a quem recorrer para me ajudar numa situação destas.
Os meus pais morreram quando faziam uma viagem a negócios, eram a minha única família e depois não posso dizer que tenho amigos, né?! Tenho conhecidos, mas daí a considerá-los como amigos ía uma grande distância.Aff...
Fechei os livros à minha frente e bufei chateada por não me conseguir concentrar nos estudos.
Eu tinha ótimas notas, mas esta semana tem sido impossível para mim a nível de concentração e produtividade.Levantei-me e fui até à varanda da sala apanhar um pouco de ar e sol.
Faziam uns minutos que eu estava ali a apreciar aquele maravilhoso momento de paz quando tocaram à campainha.
Estranhei, pois ninguém sabia onde eu morava, mas mesmo assim fui ver quem era.Abri a porta e logo engoli em seco quando vi um homem alto, de cabelos castanhos quase negros, olhos verdes como esmeraldas e uns lábios carnudos. Todo o seu corpo era musculoso e bem definido pelo que eu consegui perceber através das suas roupas imaculadamente bem passadas.
Ele usava um terno cinzento escuro tornando-o ainda mais atraente.-Senhorita Maria Castillo?-ele perguntou com aquela sua voz grossa e máscula fazendo-me arrepiar.
-Sou eu-assenti nervosa-e o senhor é...?
-Matteo Cavichiolli-ele falou forte-pai da criança que carregas aí.
Ele falou tudo tão seguido que eu quase não o acompanhei.
-Como...como assim?-olhei para ele confusa e desnorteada.
-Não estás grávida?-ele perguntou e eu assenti com a cabeça confirmando-não engravidaste por engano?-voltei a assentir-então és a pessoa que eu procurava-ele falou como se fosse óbvio-o sémen que recebeste para conceberes essa criança é meu.
Senti a minha respiração falhar e, então, virei costas levando a mão ao coração tentando controlar a minha respiração. Contei até dez umas três vezes e voltei a virar de frente para aquele homem lindo, mas arrogante ao mesmo tempo.
-Não vais dizer nada?-ele perguntou.
Eu não tinha nada para dizer.
Estava tão surpresa e assustada que o meu cérebro sofreu um apagão por breves segundos.Fiz sinal para que ele entrasse e então fechei a porta vendo-o de costas admirando a minha casa.
-Moras aqui?-ele perguntou e eu apenas assenti-moras sozinha?-assenti mais uma vez-o gato comeu-te a língua?-neguei com a cabeça fazendo-o revirar os olhos.
-Eu sinceramente não sei o que lhe dizer-olhei para ele quando me sentei num dos sofás e ele se sentou noutro sofá quando eu lhe indicara-tudo isto ainda é muito recente para mim, ainda estou a tentar processar tudo o que aconteceu e...
-Eu vou direto ao ponto-ele interrompeu-me-já fui enganado por uma mulher anteriormente e não vou tolerar que isso conheça novamente, por isso vou ser o mais sincero possível contigo e peço que o sejas também.
-Não tenho por hábito enganar as pessoas-falei um pouco chateada-se puder adiantar o assunto seria ótimo, pois interrompeu os meus estudos.
-Quero que assines uma coisa-ele tirou uns papéis de dentro do seu terno e pousou-os em cima da pequena mesa da sala.
-O que é isso?-olhei para ele preocupada.
-Lê-ele falou um pouco mandão-e assina-ele tirou uma caneta do mesmo sítio que tirou os papéis e entregou-me.
Peguei na caneta e de seguida nos papéis temerosa.
Comecei a ler e o meu coração parou naquele momento. Aquilo não era verdade, não podia ser verdade?
Se ele pensa que eu iria aceitar aquele absurdo estava muito enganado.
-Isto é alguma brincadeira?-olhei para ele assustada.
-Uma coisa que tens de saber a meu respeito é que eu nunca brinco com assuntos sérios-o seu olhar era profundo.
-Eu não vou assinar isto-atirei aquilo para cima da mesa e levantei-me andando até à varanda da sala.
Tentei respirar fundo e controlar as minhas lágrimas que faziam força para caírem dos meus olhos.
Ouvi barulho atrás de mim e logo percebi que ele estava bem próximo de mim.
Vi o seu corpo parar ao lado do meu observando a paisagem também.
-Vou-te dar a escolher Maria-ele falou sério-ou assinas o contrato e fazes tudo o que lá está descrito ou então eu certifico-me de que nunca conseguirás o teu emprego de sonho e perseguir-te-ei sempre para que não consigas alcançar todos os objetivos que almejas para a tua vida.
-Não pode fazer isso comigo-olhei desesperada para ele-é o meu filho e...
-Meu filho-ele agarrou no meu braço com alguma força fazendo-nos olhar diretamente nos olhos um do outro-eu não te estou a pedir Maria.
-Mas eu não posso abdicar do meu filho só porque você quer e...-respirei fundo-esta criança não tem culpa do que aconteceu.
-A criança não tem culpa, mas tu tens por teres aceitado fazer um absurdo desses-ele falou tão seco e rude que chegou a me magoar.
-Eu não sabia o que aquele médico fizera comigo, pensei que era uma consulta de rotina normal e...
-Pouco me importa o que tu pensas-ele bufou chateado-só quero que assines a merda do contrato-ele quase gritou comigo fazendo-me estremecer.
-Não o farei-neguei voltando a entrar na sala chateada-prefiro morrer a ter que abdicar do meu filho e...
-Então terás de morrer-ele parou à minha frente-e vais fazer o meu filho sofrer quando já não tiveres recursos para o sustentares-ele falou aquilo tão sério que eu senti a força daquelas palavras-farei de tudo para me dares o meu filho de uma maneira ou de outra-ele falou virando costas-ah e lembra-te de uma coisa...-ele olhou bem nos meus olhos-farei a tua vida num inferno até pedires para morrer caso não assines esse papel-e com essas palavras virou costas e saiu do meu apartamento.
Senti todo o meu mundo desaparecer à minha volta. Eu estava sem chão. A minha vida tinha terminado ali.
Coloquei as minhas mãos na minha barriga de apenas um mês e chorei. Chorei como um perfeito bebé.
-Eu não te posso perder-sentei-me no sofá enquanto alisava a minha barriga-não posso...
Acho que nunca chorei tanto na minha vida como chorei naquele dia. Acho que chorei até adormecer, pois só me lembro de ter acordado no dia seguinte mais pálida do que o normal e cheia de olheiras debaixo dos olhos.
Eu estava um traste.
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Virgem Maria
RomanceMaria tinha apenas 19 anos quando descobriu que estava grávida, mas algo estava errado. Maria era virgem, então como isso aconteceu? Matteo era dono de uma grande empresa, que se viu numa situação estranha quando descobriu que uma desconhecida ficar...