Capítulo Cinco - Energia ruim

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Camille


Eu toco a campainha do apartamento de Micaela e Kimberly pela segunda vez, batendo ansiosamente o pé no chão esperando alguma resposta. Quando estou prestes a fazer a terceira tentativa, Kimberly abre a porta de repente.

— Hey! Você finalmente voltou! – Kimberly me abraçou forte com um sorriso enorme no rosto.

— Achei que eu não fosse chegar em Londres nunca. – eu respondo, dando um leve beijo no rosto de Kimberly e imediatamente ela abre passagem para eu entrar. — Não quero atrapalhar, Kim, vim apenas buscar a minha chave.

— O quê?! Não! – ela diz, puxando minha mão em direção ao sofá. — Você está com uma cara péssima! O que aconteceu? Eu vi várias fotos suas nesses Instagram de WAGs da vida. – ela completa, arrancando uma risada debochada minha.

— Ficaria bem surpresa se você não visse. – eu respondo, me jogando no sofá respirando fundo. – eu respondo e Kim me encara atentamente, observando minunciosamente cada movimento meu.

— Você encontrou com ele, né? – Kim pergunta, embora fosse mais uma afirmação do que um questionamento.

— Sim. E foi horrível. Na verdade, foi todo um show de horror o final de semana inteiro. Antes eu ficasse aqui  passando o dia na cama com o Mason porque pelo menos, ele me faz rir e eu me divirto como ninguém. – eu respondo, encostando a minha cabeça no sofá fechando os olhos por um momento.

— Se vovó estivesse aqui, ela com certeza te expulsaria na hora. – Micaela diz, surgindo na sala sem um aviso prévio com um incenso aceso em suas mãos. O cheiro forte faz as minhas narinas coçarem. — Você está com uma energia péssima. Uma energia pesada. Uma energia ruim! – ela diz, reforçando principalmente a parte da "energia ruim".

— Jesus, Mica! – eu murmuro colocando a mão no nariz, me levantando rapidamente do sofá para fugir do cheiro daquela fumaça. — Estou ficando sufocada! – eu digo, correndo até a janela do apartamento procurando por ar novo.

— Não fuja, Cami. – Micaela me segue, como uma verdadeira stalker e para na minha frente. — Isso aqui vai te limpar por completo.

— O que?! Você é maluca? Eu não estou suja! – eu respondo, tentando fugir, mas ela se coloca na minha frente.

Kimberly solta uma risadinha do sofá, parecendo se divertir com a cena se desenrolando a sua frente.

— Ela já fez isso comigo, então, boa sorte! – Kimberly responde, divertida.

— Você não está suja, está pior bem que isso. Sua energia é ruim, Cami. Muito ruim. – Micaela responde, com um ar sombrio.

Eu poderia ficar horas aqui falando sobre como eu conheci essas duas malucas assim que eu completei duas semanas morando em Londres. Kimberly e Micaela dividem o apartamento há mais de um ano e estudam na UCL, assim como eu. O mais irônico disso tudo é que as duas são completamente diferentes. Diferentes mesmo! Quando eu as vi pela primeira vez, me questionei internamente como as duas poderiam ser melhores amigas. Kimberly é americana e parece uma Barbie. Sim, uma Barbie. Loira, completamente vaidosa, magra e bonita. Muito bonita. A sensação que eu tenho, é que ela dorme maquiada e perfumada porque ela está sempre impecável sempre que eu a vejo. Estuda jornalismo e namora um dos melhores amigos de Mason Mount. Micaela é mexicana, o que me fez ter uma empatia por ela logo de cara. Diferente de Kimberly que é dois anos mais nova que eu, Micaela tem a minha idade. Veio do México até Londres para estudar teatro, seu sonho é se tornar atriz. Ela diz com todas as letras, plenamente confiante que ainda vamos ver ela em uma tela de cinema. Bem, o que ela está fazendo em Londres já que a porta de entrada para se tornar atriz é Hollywood? Ela tem uma explicação bem plausível em relação a isso e também, ela ganhou uma boa bolsa de estudos ne UCL. Quando vi Mica pela primeira vez, me perguntei se já tinha visto uma mulher tão bonita como ela na vida. Ela é impactante, apesar de ela não reconhecer isso. No fundo, eu entendo. Micaela é uma mulher negra, alta, cabelos castanhos escuros bem ondulados que vez ou outra puxam para um cacheado quando ela tem paciência para finalizá-lo, como ela mesma diz. Toda sua família é mexicana, mas Mica me explicou que na juventude sua mãe se envolveu com um turista e no outro dia, ele nunca mais deu sinal de vida. Isso explica alguns de seus traços mestiços. Mica diz que sua mãe não fala muito sobre seu pai, aparentemente ele é um francês, mas ela também não faz muito questão de saber. Na cabeça dela, se aquele homem abandonou sua mãe, ela não quer saber.

POR TODA MINHA VIDA | Charles Leclerc & Mason MountOnde histórias criam vida. Descubra agora