Capítulo Quatorze - Guardar Segredos Ás Vezes Não é a Melhor Opção

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Camille


O sentimento de que eu não sabia absolutamente nada sobre a vida da minha mãe, crescia cada vez mais dentro de mim, me correndo aos poucos e me engatilhando a um possível surto. Era como se eu não soubesse absolutamente nada sobre ela, como se eu não a conhecesse. A minha mãe. A minha melhor amiga, minha metade, a pessoa que mais amei e ainda amo nesta vida. É como se eu não a conhecesse...

Primeiro, eu descubro que ela engravidou aos 20 anos fruto de um primeiro amor inesquecível e interrompe essa gestação por motivos que só interessa a ela. E agora, eu descubro também que ela teve um caso com o meu pai, na véspera do seu casamento com Bruno. Véspera do seu casamento com o Bruno. Véspera. E meu pai, já casado com Susie há mais de um ano.

Bizarro.

Como não surtar diante dessa revelação?

Como achar que eu posso viver uma vida normal depois de saber dessa informação, um tanto que bombástica, após eu acabar de voltar da renovação de votos do meu pai e Susie?

Não há uma vida normal para mim.

Não há.

— Mimi? Está tudo bem? - Bruno me pergunta, após o meu longo silêncio tentando processar toda aquela revelação.

Eu olho para ele, meu olhar raivoso com um ódio profundo crescendo a cada segundo que se passava.

— Você acaba de revelar que minha mãe e meu pai transaram na véspera do seu casamento com a minha mãe, logo após eu voltar a renovação de votos do meu pai com a Susie, e você tem a cara de pau de me perguntar se eu estou bem?! - eu respondo, o tom de voz alterado a cada palavra que eu pronunciava.

Bruno não parece surpreso com a minha reação, pelo contrário.

— Cami, tem muitas coisas que você não entende e...

— Tem muitas coisas que eu não entendo?! Por que tem muitas coisas que eu não entendo? Me explica, Bruno, por favor. - eu interrompo, impaciente. E morrendo de raiva.

— O amor da Laura com o Torger era algo que... - ele respira fundo, balançando a cabeça inconformado. — Era algo impossível de decifrar em palavras. Era forte, intenso e único. Eles sabiam que não foram feitos para ficar juntos, mas ainda assim, não conseguiam ficar longe um do outro. - Bruno responde, e eu encosto novamente minhas costas naquela cadeira me sentindo balançada com aquelas palavras.

É como se eu já estivesse visto isso em algum lugar. Quer dizer, é como se eu me sentisse exatamente assim com alguém.

— Eu sei sobre o amor deles, Bruno. Eu sei. Mas...

Não, Camille, você não sabe! Você não faz ideia! - Bruno me interrompe, adotando um tom de voz duro em um semblante extremamente sério.

Eu engulo seco.

— Se eu não faço ideia, por que você não me conta o que eu ainda não sei? Acho que você já me contou a pior coisa dessa história... - eu comento, tentando sondá-lo de alguma forma.

Bruno solta uma risada triste.

— Pior coisa?! Você realmente não sabe sobre...

Então fala! - eu grito, sem paciência.

Bruno, aparentemente, fica bastante surpreso com a minha reação. A essa altura, estava pouco me importando com o fato de estarmos em público, em um restaurante ao ar livre, com várias pessoas passando de um lado para o outro naquela cidade movimentada de Londres.

POR TODA MINHA VIDA | Charles Leclerc & Mason MountOnde histórias criam vida. Descubra agora