Capítulo Dezesseis - Entre Gerações

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N/A: ATENÇÃO! Esse capítulo contém altos gatilhos, para abuso de medicações e menções de suicídio, se de alguma maneira isso afetar a sua saúde mental, sugiro que não prossiga a leitura!


Camille



Eu olho para Susie que está com os olhos arregalados, paralisada na minha frente. Tenho a sensação que ela está tão em inércia que não mexe sequer um músculo do seu corpo.

– Isso que ele disse é verdade? – eu digo, e me surpreendo com o fato do meu tom de voz sair tão baixo, porque por dentro eu estou surtando.

– Querida, eu... – Susie se aproxima de mim lentamente parecendo analisar cada movimento meu como se eu fosse uma bomba prestes a explodir. Bom, de certa maneira, ela não está errada.

– Susie, eu te fiz uma pergunta. O que ele disse é verdade? – meu tom de voz se altera um pouco.

No mesmo instante, meu pai sai do banheiro. Seus cabelos bagunçados estão molhados, assim como seus braços. Ele veste uma camiseta branca e calça de pijama quadriculada, mas parece que vestiu suas roupas rapidamente e de qualquer jeito. Sua expressão é assustada, e quando ele coloca seus olhos sobre mim, a expressão assustada é mais evidente ainda em seu rosto.

– Cami, não é nada... – papai começa a falar, mas eu logo trato de interromper com uma risada irônica.

– Não é nada disso que eu estou pensando? É isso que você ia dizer, pai?! Eu vou refazer a pergunta que fiz para Susie há segundos: é verdade que isso que você falou no banheiro, sobre a minha mãe ter tentado me abortar? – eu pergunto, sentindo meus olhos arderem. Eu engulo seco, tentando não chorar agora. Eu não podia chorar agora.

– Cami... – papai começa a falar, ao mesmo tempo que se aproxima de mim.

Eu dou um passo para trás.

– Responde a merda da pergunta! – eu grito, com todas as minhas forças, assustando meu pai e Susie que, dão um pulo devido ao susto que tomaram com o meu grito repentino.

Meu pai abre a boca várias vezes, em milésimos de segundos, passa as mãos pelos cabelos em um gesto nervoso e me encara nos olhos. O seu olhar representa somente um sentimento, sentimento esse que eu mais abomino nessa vida: pena.

– Sim. – ele responde, por fim.

Desta vez, sou eu que passo as mãos pelos cabelos, olhando para cima ao mesmo tempo que dou uma risada alta. E então, eu começo a chorar. Tudo ao mesmo tempo. A mistura da risada e o choro representam muito bem a minha saúde mental nesse momento. Tudo bagunçado.

– Camille, meu amor, a sua mãe... a sua mãe te amava muito. Você era a vida da Laura e a minha vida também. Tente entender que a sua mãe era muito jovem e...

Eu começo a rir ainda mais, ao mesmo tempo que eu enxugo as minhas lágrimas.

– Nada do que você me disser agora vai me fazer mudar de ideia sobre o que eu penso sobre isso tudo, pai. Nem as palavras mais bonitas que você me falar agora, vai me fazer mudar de ideia sobre o que eu penso! – eu grito, sentindo o ódio pulsar em minhas veias. De repente, sinto vontade de colocar toda a merda para fora. Tudo o que eu sei. Mas quando eu olho na direção da Susie, por milésimos de segundos, eu penso racionalmente. Ela não tinha culpa dessa confusão toda. Ela é inocente, assim como Jack. É justamente pelo amor incondicional que eu sinto pelo meu irmãozinho e Susie, eu respiro fundo, pensando mais racionalmente.

POR TODA MINHA VIDA | Charles Leclerc & Mason MountOnde histórias criam vida. Descubra agora