N.I.:
Eu só quero dizer que esse não é um capítulo comum assim como o último tbm n foi, ele n vai ter falas ou interações de outros personagens para com Charles, e sim apenas falas de Charles para si mesmo além de seus pensamentos e suas dúvidas que não vão ser ditas em voz alta...
Esse capítulo, assim como o outro, vai mostrar a mente de Charles, que foi ficando despedaçada ao longo dos seis anos (ELE COMEÇOU A TER DEPRESSÃO EM 2012), algo que eu não mostro.
Esse capítulo, pegando emprestado algo que a/o WandinhaFanfiqueira comentou, vai servir para se pensar um pouco, eu creio...
Esse capítulo servirá para mostrar a mente de alguém despedaçado por dentro, mas que disfarça isso por fora...
Boa leitura.
♡
2015
Charles
Sentir o gosto de vinho tinto depois de um bom tempo sem tomar qualquer tipo de vinho é bom, na realidade, é ótimo.
Aquela era apenas a minha primeira taça e eu a bebia em pequenos goles, como se eu fosse um passarinho.
Eu estava no meu quarto, aonde eu tinha privacidade, aonde eu podia pensar sozinho... Aonde eu podia lembrar sozinho... Aonde eu podia desejar coisas inalcançáveis sozinho... Aonde eu podia chorar sozinho... Aonde eu podia surtar sozinho... Aonde eu podia me machucar sozinho...
Aonde eu podia desabar sozinho.
Porque era isso que eu queria: estar sozinho, não queria a companhia de ninguém, se eu pudesse, me trancaria aqui para sempre, talvez eu até pudesse realizar o meu maior desejo: morrer.
Morte. A minha morte.
“O que a minha morte significaria?” eu me pergunto em pensamentos.
Então a resposta vem logo após a pergunta: tristeza, mas uma tristeza rasa, que logo se tornaria indiferença e alívio nas pessoas que cuidam de mim e me ajudam a cuidar de mim mesmo já que eu sou apenas um fardo, um fardo pesado demais e um fardo que todos estão ansiando por deixar para trás.
Era isso que eu era: um fardo pesado. E todos queriam se livrar de mim e eu não preciso de confirmação para isso.
— Um fardo... — eu repito em um sussurro para apenas eu ouvir.
Eu achava que era até mesmo um milagre ninguém mais saber disso, mas eu fingia, eu atuava estar bem, porque eu precisava fazer aquilo, qualquer mínimo movimento e qualquer fala minha aonde eu respondia que estava bem era apenas uma encenação para as pessoas ao meu redor. Isso machucava demais as vezes, mas não era nada que eu não pudesse ignorar na maior parte do tempo.
Então eu senti a lufada de ar e respirei fundo para me acalmar, já que eu estava ficando com a minha respiração um pouco acelerada.
Naquele momento dava para mim sentir o vento que vinha de fora e entrava pela janela do meu quarto em meu rosto, era refrescante e frio ao mesmo tempo, talvez por causa da floresta.
“Como seria entrar na floresta?” era uma pergunta até que boa, mas que eu não tinha uma resposta já que eu jamais havia entrado naquela floresta.
Estava tudo absolutamente silencioso ao meu redor, as cortinas balançavam de leve por causa do vento, mas não faziam barulho, meus próprios goles eram silenciosos. Aquilo era gratificante e agoniante ao mesmo tempo, principalmente para alguém como eu, que é parcialmente acostumado com barulho.
Então voltei a mergulhar em pensamentos. E então acabei pensando nele.
O amor da minha vida.
É estranho rotular ele assim agora, mas é a verdade, uma verdade que eu descobri há alguns tempo, mas que só agora eu estava aceitando.
“O que eu não faria por um vislumbre dele...” eu penso enquanto lembrava daquelas olhos verdes azulados, da forma como ele dizia “Mein Gott” ao invés de “Meu Deus” mesmo estando familiarizado o suficiente com a língua inglesa, de seus cabelos ruivos, do motivo dele estar caçando Shaw, da forma que ele jogava xadrez comigo. Essas e outras coisas fizeram eu me apaixonar por ele.
“Pode-se dizer que eu tiver o meu coração partido por Erik quando ele me deixou com os outros em Cuba e foi embora com Angel, Azazel, Emma e Janos?” era a terceira pergunta que fiz para mim mesmo.
Ter o coração partido uma vez é ruim, é péssimo, mas ter o coração partido duas vezes em um intervalo de apenas seis meses? Com certeza isso é terrível (para algumas pessoas).
E foi exatamente isso que aconteceu comigo. Não que eu considere o meu término até que precoce com Jason uma decepção amorosa, na realidade, eu considero o livramento da minha vida.
Mas Erik...
“Como é possível eu amar alguém sendo que tive apenas semanas de convívio com esse alguém?” outra pergunta sem resposta, aquilo era chato.
E é por causa dele também que eu não quero mais viver.
Não era completamente culpa dele, mas, se eu fosse listar tudo que me estar como eu estou hoje, ele é metade culpado por isso.
“E por causa dele eu estou assim, e ninguém quer me deixar morrer!” penso com raiva de Raven, de Alex e de Hank.
Morrer. É isso que eu quero. Morrer. Por que ninguém que me deixar fazer isso? Me deixar em paz para sempre? Por que eu não posso simplesmente pegar uma arma ou uma navalha e atirar em mim mesmo, ou então cortar os meus pulsos profundo até eu começar a sangrar sem controle?
“Por que? Por que?? Por que?!” repeti isso na minha mente tantas vezes que acabou perdendo o sentido para mim, a medida que eu pensava repetidamente, quis e comecei a chorar, como sempre.
Meus choros eram geralmente sem consolo, porque eu sempre me acabava em lágrimas na quietude do meu quarto e aquele não era diferente. Deixei o copo vazio no criado-mudo e fechei os olhos, minha respiração estava acelerada e as lágrimas não paravam de escorrer pelo meu rosto.
“Por que comigo? Por que justo comigo?” eram as minhas perguntas.
O que eu fiz para merecer isso?
Assim que os soluços começaram, cobri a minha boca com a minha mão com o mesmo propósito de sempre: para ninguém ouvir os meus soluços e acabar vindo me fazer companhia.
Eu só quero estar sozinho... Eu só quero morrer. É tão complicado deixar isso acontecer?
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The Damned Seven Years
FanficApós os eventos em uma praia em Cuba, os mutantes Charles Xavier e Erik Lehnsherr começam a seguir suas vidas separadamente depois do ocorrido cujas consequências não foram tão boas, principalmente para Xavier. Em ambos os lados, progressos acontece...