O Dᴇsᴛɪɴᴏ (E.L. Parte 1)

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N.I.:

Eu e a continuação da minha bomba (que eu espero que vcs aí tenham lido pq senão vão tomar spoiler).

Boa leitura!

2017

Erik

Não estava em meus planos rever Charles após seis anos.

Eu havia outros planos já marcados para a noite com os meus colegas do trabalho: uma noite inteira em um bar para comemorarmos o aniversário de Tiago, aquele desgraçado (brincadeira, é claro).

Mas ele reagendou a “festa”, que deveria começar às oito, para às nove e meia e eu, como um idiota e querendo bancar um quase peregrino, decidi andar pelo Central Park até dar nove horas.

E então eu fui.

Foi quando eu vi, prestes a dar o horário de eu ir para o bar, o que me fez voltar para casa odiando o destino...

Flashback

Olhei meu relógio mais uma vez antes de me levantar do banco. Percorrer aquele parque, mesmo que fosse só um pedacinho, era capaz de cansar até mesmo quem faz caminhada (eu acho).

“Talvez um pouco de vento ajude” pensei comigo mesmo “Bow Bridge é uma boa opção”.

Voltei a andar tranquilamente até chegar no início da ponte, eu estava achando a noite muito linda e me sentia em paz, forma rara de eu me sentir.

Mal sabia eu...

Primeiro eu fiquei do lado esquerdo (a minha esquerda) da ponte, o vento era até que forte e eu apenas me encostei no corrimão de pedra da ponte e fechei os meus olhos para aproveitar o vento.

Eles são tão fofos. — ouvi alguém cochichar atrás de mim Isso. Essa foto está maravilhosa, Thomas.

Uma pessoa normal ficaria curiosa e olharia para trás na tentativa de ver o tal casal, mas eu não sou normal, só que eu fiquei curioso e olhei para trás mesmo assim.

Identifiquei a pessoa porque ela estava apontando para um local do Central Park que era meio distante da ponte. Era mulher, acho que uma jornalista que estava acompanhada de um homem que era o fotógrafo do local que ambos trabalhavam.

Puta merda, eu vou surtar aqui. — a mulher cochicha, claramente animada só por causa do casal.

Como eu estava decidido a ver esse par romântico com meus próprios olhos pra ver se eu poderia falar sobre eles para Tiago depois, fui do lado esquerdo para o lado direito da Bow Bridge e logo não demorei para enxergar o tal par e me emocionar de leve.

Era um casal certamente fofo, um dos dois homens, o que estava com o rosto coberto pela sombra de uma árvore, era paraplégico. Logo imaginei Charles como esse homem e não demorei para me imaginar como o outro, o que estava de pé perto do lago. Eu fantasiei sobre nós dois, felizes por estarmos ali juntos e se divertindo depois de tudo.

Fiquei intrigado, assim como os outros dois que também olhavam-os, quando o que estava de pé chegou mais do que era cadeirante, e arregalei os olhos quando o primeiro carregou o outro momentos antes de beija-lo.

Tirar foto disso, Thomas, pelo amor de Deus. — a jornalista parecia estar prestes a dar pulos de emoção por causa daquele beijo.

Foi quando algo dentro de mim me disse que eu conhecia o que era paraplégico, mas logo descartei essa impressão e a possibilidade de ser Charles.

Quando eles encerraram o beijo, ainda continuaram abraçados por um tempo. O fotógrafo não parava de tirar fotos deles e comecei a imaginar Jennifer, uma das minhas colegas, contando para nós sobre aquilo amanhã, já que ela amava as revistas de fofocas que falavam sobre casais que eram famosos.

Mas então, quando o homem que era paraplégico olhou para nós por cima do ombro do outro, eu senti como se meu mundo acabasse de desmoronar. Meus olhos começaram a se encher de lágrimas mesmo com a “falta de lógica” daquilo e acabei cobrindo a minha boca com a minha mão esquerda. Eu reconheci ele e ele me reconheceu também, já que ficou pálido como um fantasma.

Era o meu Charles, o amor da minha vida.

O encarei por pouco momentos antes de sair quase correndo, esbarrei em uma pessoa e pedi desculpas de modo rápido antes de realmente começar a correr para sair daquele parque, as lágrimas querendo bloquear a minha visão.

Quando cheguei em certa parte do caminho, parei, mesmo que não faltasse muito para chegar na saída do parque, para enxugar as minhas lágrimas de um apaixonado que acabara de ver algo que não queria.

Logo depois de entrar no carro, mandei uma mensagem para Tiago dizendo que eu tinha um problema e que não poderia ir no aniversário dele, ele me respondeu dizendo que entendia, e eu, sabendo que ele também estava um pouco triste por eu não ir, pedi desculpas e prometi entregar o presente dele amanhã.

Eu só percebi que estava na portaria do condomínio quando o porteiro bateu no vidro do meu carro e me indicou a passagem, que já estava aberta fazia alguns minutos, eu agradeci e entrei.

Depois eu já estava no meu apartamento chorando por aquilo novamente igual um inocente condenado à morte.

Flashback

E é aqui que eu me encontro agora, deitado no sofá com o rosto molhado por lágrimas de um “coração partido” e com uma carta na minha mão às 03:00 da manhã.

Talvez o papel aonde eu tivesse escrito estivesse manchado pelas marcas das minhas lágrimas, que voltaram a cair enquanto eu a escrevia.

Então o pensamento me veio: “Talvez ele finalmente possa ser feliz como merece...”.

E então voltei a chorar ao imaginar Charles com aquele homem...

Caralho, por que isso está doendo tanto?

Talvez até mesmo o destino tenha os seus preferidos...

The Damned Seven YearsOnde histórias criam vida. Descubra agora