Sᴇᴛᴇ Aɴᴏs (C.X. Parte 1)

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N.I.:

Sejam todos muito bem-vindos ao nosso amado ano de 2018 (contém ironia na parte do “amado”).

E eu n preciso dizer nd quanto ao título, né??

Boa leitura!

2018

Charles

Aquele não estava sendo um dia muito bom para mim. Na verdade, não era um dia muito bom para Raven, Hank e Alex, mas eu estava sentindo que para mim estava sendo pior (é narcisismo demais da minha parte, eu sei).

O motivo? Hoje é 8 de maio...

Hoje fazem sete anos desde aquele fatídico dia em Cuba...

Pode não fazer tanto sentido por não ser uma década, mas sete anos não são iguais a sete meses. E a situação que ocorreu nesse dia e a minha perda pessoal em relação a Erik era o que ajudava a tornar o dia pior.

Outra coisa que não ajudava muito: essa data é perto do meu aniversário, ou seja, no ano de 2011, eu havia passado o meu aniversário no hospital em que estava.

Eu estava tomando café junto com o resto da escola naquele momento em que me lembrava dos acontecimentos de sete anos atrás, estava mais quieto do que eu costumava ser e mal tocava na comida que estava no meu prato.

— Charles? — Raven me chamou — Você tá bem?

Olhei para ela com um olhar que já indicava que eu não estava bem, não que eu estivesse bem nos outros dias e anos, mas naquele exato dia eu parecia péssimo, cabisbaixo a ponto de todos terem a possibilidade de pensar que eu tinha depressão.

— A data de hoje... — eu sussurrei para ela, que acabou me dando um sorriso.

— É, é estranho isso. — concordei com ela.

“Não quer tirar esse dia pra você?”

Neguei com um aceno de cabeça.

— Acho que posso tirar a tarde pra mim, mas prefiro ficar com os horários da manhã. — respondi — Vai ser bom para me distrair das lembranças...

— Certo, então. — minha irmã disse — Mas coma pelo menos um pouco.

A conversa acabou por ali e tentei comer alguma coisa mesmo que fosse apenas um pouco. Foi praticamente eu empurrando a refeição goela abaixo contra a minha vontade.

Ah meu santo Deus, não me diga que piorei, por favor...

[Três da tarde]

Eu estava deitado na minha cama e com os meus olhos fechados quando ouvi alguém bater na porta, atrapalhando o silêncio que eu adorava.

— Entra. — eu digo com a voz um pouco rouca.

Ouço a porta se abrir e levanto a minha cabeça para ver quem era: apenas Alex com uma barra de chocolate em uma das mãos.

— Meu Deus, a sua aparência é de alguém que não dorme há dias. — ela se aproxima da cama e de mim.

— Como caralhos você sabe? — eu pergunto e ele apenas dá de ombros — Me dá um pedaço?

Aponto para o doce na mão dele.

— E tu acha que eu vou fazer o quê com isso? Jogar na tua cabeça?

— Do jeito que tu é atrevido, não duvido nada que faça isso.

— Não me tenta, Charles.

Ele abre a embalagem e faz força pra quebrar uma fileira do chocolate.

— Tá difícil aí? — eu brinco observando ele fazer esforço pra quebrar o doce — Quer um martelo? Uma marreta? Um trator?

“Ainda bem que você não jogou isso na minha cabeça, eu estaria morto a essa hora.”

— Quer calar a tua boca, Charles?

— Não.

Passados alguns momentos ele conseguiu quebrar aquela fileira e me deu.

— E lá vai você passar mais dois minutos tentando quebrar uma fileira para você. — eu digo de brincadeira e ele me mostra o dedo do meio.

Ficamos em silêncio enquanto eu mordiscava a minha fileira e enquanto ele fazia força para quebrar a fileira para ele mesmo.

— Então, — ele começa quando consegue quebrar o doce para ele — como você está?

— Paraplégico e depressivo. — eu respondo com uma certa acidez enquanto me sentava na cama.

— Olha as piadas, Charles Xavier.

Reviro os olhos antes de responder de verdade:

— Hoje eu estou pior do que fico nos outros dias.

— Por que é 8 de maio?

Apenas concordei com um quase imperceptível aceno de cabeça e engoli o último pedaço do chocolate. Meus olhos já se enchendo d’água.

— Por que isso te afeta tanto, irmãozinho? — Alex indagou com uma nota de tristeza na voz.

Foi então que as minhas emoções saíram do controle:

— Porque eu não fui forte o suficiente contra o amor e então me apaixonei por alguém que em poucos dias me abandonou em uma praia com um ferimento de uma bala que atingiu a minha medula e me deixou paraplégico, entende? Se passaram sete anos, Alex! Sete anos! Sete anos amando apenas um único homem mesmo me envolvendo com tantos outros! Sete anos esperando ele aparecer aqui para pedir perdão por tudo que aconteceu!

“Sete anos esperando Erik aparecer aqui e confessar que me ama!”

Não percebi em que momento comecei a chorar, só percebi quando já estava chorando e Alex me abraçou de lado.

Eu chorava muito.

— Eu sempre fiquei mal nesse dia porque foi a partir dele que eu sinto que perdi muita coisa da minha vida... — continuei — Daqui há alguns dias estarei fazendo trinta anos e olhe onde estou! O que eu possivelmente estou perdendo!

Era estranho ter alguém para me acalmar no meu quarto, local em que eu sempre chorava até dormir e sem a companhia de alguém que pudesse me acalmar.

Mas mesmo assim, com todo esse carinho, os meus pensamentos ainda gritavam:

Agora são sete anos... Malditos sete anos!

The Damned Seven YearsOnde histórias criam vida. Descubra agora