𝟢𝟢𝟫. 𝓐quela jóia do tempo.

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Seungmin.

— Eu odeio o tempo — eu admito.

— Ah, é? — ele pergunta, enquanto faz um carinho em meu cabelo. — Por que?

Minho e eu ainda estávamos na praia. Já tínhamos feito tudo que deveríamos ou poderíamos ter feito; dançamos, entramos no mar e até fizemos um castelinho de areia. E, agora, na caçamba de sua picape, Minho tentava me convencer de que já estava na hora de voltarmos enquanto eu molhava sua camiseta de tanto chorar.

Eu não queria ir embora.

— Porque se o tempo não tivesse passado, nós ainda poderíamos ficar aqui. Se o tempo não continuasse a passar, nós poderíamos nos divertir aqui quanto tempo quisessemos.

— Mas o tempo não existiria — Minho diz. — Como saberiamos quanto tempo passou?

— Não precisaríamos — levanto minha cabeça do seu ombro e olho para Minho. Ainda intacto por fora, sem uma lágrima, mas eu sabia que seu peito doía tanto quanto o meu só de me ver naquele estado, a cara inchada e vermelha de tanto chorar. — Porque nós iriamos ficar aqui para sempre, sem nos preocupar com o tempo passando lá fora. A gente– a gente podia forrar aqui com uns cobertores e dormir a luz das estrelas todos os dias. E-e escutar e dançar com as mesmas músicas velhas todos os dias, e até fingir que estamos no mesmo tempo que elas. A gente podia fazer castelos de areia por to-toda essa praia, e-e–

— Seungminnie, Seungminnie — Minho interrompe minhas lamentações e segura meu rosto com suas duas mãos, limpando as lágrimas que voltaram a descer como cachoeiras. — Respira comigo, ok? Respira comigo.

Minho às vezes fazia esse exercício de respiração comigo quando eu começava a chorar muito e a querer falar sem parar. Ele me fazia olhar para ele, respirar fundo pelo nariz e segurar o ar por cinco segundos antes de soltá-lo pela boca. Era simples, mas me ajudava muito principalmente porque era Minho ali me olhando, me ajudando e secando minhas lágrimas.

— Seungminnie, — Minho me chama depois que eu me acalmo um pouco. Ele mexe em algumas mechas do meu cabelo e me olha com olhos banhados em melancolia. — eu te entendo. Eu também queria que o tempo não passasse. — ele diz, e eu sei que era verdade. Não eram apenas palavras de conforto. Minho realmente me entendia, porque ele pensava do mesmo jeito. O que muda, porém, é que nesta situação, era ele que precisava ser o racional. — Seria ótimo, seria incrível passar o resto da minha vida nessa praia com você. Sem preocupações, apenas mar, estrelas, músicas e você. — ele suspira e olha bem no fundo dos meus olhos, tendo certeza que eu estava escutando ele atentamente antes de continuar: — Seungmin, eu quebraria todos os relógios do mundo, um por um, apenas para poder passar todas as horas, minutos, segundos e milésimos com você sem ter a preocupação de que um dia isso iria acabar.

Sinto meus olhos arderem, e enterro meu rosto no peito de Minho novamente. Ele respira fundo.

— Eu faria qualquer coisa por você, Seungminnie. Eu faria tudo por você. Você sabe disso, não sabe?

Aceno que sim, enquanto aperto a camisa de Minho entre minhas mãos, como se isso pudesse o prender ali.

— Mas o tempo existe, afinal de contas. E, olha, ele não é tão ruim assim, sabia? — ele pergunta retoricamente, enquanto me abraçava e me ajustava em seu colo para que eu pudesse ficar mais perto, se é que isso era possível. — Porque, se o tempo não tivesse passado, nós não estaríamos aqui. Não teriamos nos conhecido, porque o tempo não teria passado e nós não teriamos crescido. Seríamos apenas criancinhas — ele faz uma pausa, pensando. — Na verdade, nós nem estariamos aqui. Só iria existir aqueles homens das cavernas, sabe?

— Hyung, não é sobre isso que eu estou falando... — eu reclamo com ele.

— Na verdade, é sim — ele continua. — Você está falando sobre o tempo não passar, não é? É exatamente isso que eu estou falando também — sorrio pequeno, e sei que Minho está assim também. Ele beija minha cabeça e faz um carinho em minhas costas. — Eu sei que você está falando sobre congelar o tempo, querido. E, se eu pudesse, também congelaria o tempo por você. Eu pegaria uma daquelas joias do Thanos e congelaria o tempo com um estalo de dedos! Ele tem uma joia de congelar o tempo, não tem? — ele pergunta inocentemente.

Eu rio.

— Eu não faço a menor ideia, amor.

— Ah, melhor ainda! — ele me aperta em seus braços. — Então eu viajaria pela galáxia para procurar ou até criaria uma para você! Ela vai ser vermelha e vai se chamar Kim Seungmin — eu continho a rir. — "Kim Seungmin, a joia do tempo".

— Minho, pelo amor de Deus — continuo a rir, incapaz de segurar minhas risadas quando eu vejo a cara totalmente séria de Minho.

— Ei, eu estou falando sério! — ele exclama, bravo. — É um ótimo nome, não é?

— É, sim, amor — seguro seu rosto fofo e jovial entre minhas mãos. — É um ótimo nome.

— Hyunjin? Estou em casa.

— Percebi — ele diz, da cozinha. Sua voz estava baixa, como se estivesse me respondendo, mas sua cabeça estivesse em um mundo totalmente diferente.

Quando caminho até a cozinha, vejo Hyunjin olhando para a rua pela janela. Engulo em seco, porque essa janela dava direto para a rua em frente ao condomínio.

— Hyune, — me aproximo e fico do outro lado da janela. — está tudo bem?

— Acho que precisamos sair.

Minha cabeça tomba para o lado. Não que eu e Hyunjin não saíssemos, mas, sei lá, faz um tempo desde a última vez em que realmente tivemos um... encontro.

Mas não pude me impedir de sorrir, pequeno.

— Para onde?

— Sei lá — Hyunjin dá de ombros. — Onde quer ir?

— A-ah — sinto minhas orelhas queimarem. — Sei lá. Talvez um cinema?

— Pode ser.

Hyunjin passa por mim e vai saindo da cozinha, quando de repente para e se vira para mim.

— Seungmin?

— Oi?

Hyunjin caminha — meio rápido, na verdade — pega por um lado da minha cintura e me puxa para um beijo. Um beijo meio agressivo, mas ainda cheio de sentimentos. Não diria que dos mais românticos, todavia. Era um beijo com vontade, Hyunjin apertava meu quadril e me puxava contra ele enquanto explorava cada canto da minha boca. Como se dissesse que, apesar disso e daquilo, nós ainda continuavamos sendo um casal. Eu ainda era o seu noivo.

We Are Not Getting Back Together, Not Even The Slightest! !¡ 2𝑚𝑖𝑛.Onde histórias criam vida. Descubra agora