017. 𝓐quelas injustiças.

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Minho.

Era tão injusto.

A forma como Seungmin parecia um anjo enquanto dormia. Sua aparência era, de fato, angelical, mas, quando ele dormia, ela só parecia se intensificar. Ele parecia tão calmo. Sua respiração pesada e pacífica, seus olhos fechados que às vezes até se mexiam quando ele estava sonhando, sua boca ligeiramente aberta para deixar um ar a mais entrar e sair, seu cabelo todo bagunçado do jeito mais fofo que eu já vi e a forma como a sua bochecha estava pressionada contra o travesseiro, fazendo-o ter um leve bico.

Era tão injusto que não era eu quem via isso todo dia. Era tão, tão injusto não poder acordar todos os dias do lado dele, e não ter que me preocupar com mais nada além do café que eu iria ter que fazer para ele, porque o café dele é horrível.

Era injusto a noite de ontem ter sido só uma noite. Era injusto o anel no dedo dele não ser meu.

O celular de Seungmin vibra dentro do bolso da sua calça, que estava dobrada em cima da minha escrivaninha. Sua sombrancelha se franze e seu nariz se torce, sinais de que ele estava acordando.

Mas, não, ainda não. Só mais um pouco, por favor.

Chego mais perto dele e coloco minha mão em sua bochecha quente, fazendo um leve carinho ali. Seungmin se inclina ao toque e abre, lentamente, seus olhos.

Ele pensa o mesmo que eu enquanto leva seus olhos para mim e se aproxima do meu peito, se aconchegando ali como se eu fosse algum tipo de almofada.

E ficamos ali, aproveitando o calor um do outro. Enquanto fazia um leve cafuné na cabeça de Seungmin, e ele se aninhava mais e mais contra o meu peito, eu desejei que aquele momento fosse eterno.

- Eu preciso-

- Come antes - eu o interrompo. - Por favor. Eu faço uma coisa bem rápida enquanto você toma banho e depois você vai.

Seungmin não luta mais, apenas acena com a cabeça. Respiro fundo e me levanto, pegando as roupas de Seungmin, uma toalha e uma cueca novas dobradas na sua frente.

- Pode usar tudo que quiser no banheiro.

- Hyung - quando estava saindo do quarto, Seungmin me chama.

Meu coração acendeu uma faísca. Sempre sonhador, ele esperou ouvir algo como fique. Fique, por favor, eu ainda te amo.

Mas, como sempre, ele estava errado.

- Eu-

- Está tudo bem, Seungminnie - lhe ofereço o sorriso sem dentes mais confiante que eu podia formar, mesmo sentindo que meus olhos estavam começando a queimar. - Apenas tome o seu banho, ok?

Fecho a porta atrás de mim e respiro fundo, engolindo as lágrimas que ameaçavam cair.

Comemos em silêncio

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Comemos em silêncio. Seungmin agradeceu baixinho pela refeição e começou a comer, rapidamente terminando e ficando na mesa, sem saber o que fazer.

- Você está com dor? - minha voz quebra a grade de silêncio que se instaurou em meu apartamento, quase tateavel.

Seungmin parecia tão desconfortável. Sua cabeça estava baixa e ele pressionava suas duas mãos entre as pernas, coisa que ele só fazia quando estava em um lugar que não queria estar e não sabia o que fazer.

- Não.

- D-desculpa. Eu não queria-

- Você não fez nada, hyung, por favor - Seungmin me interrompe. Sua mão agora estava em cima da mesa, como se ele quisesse me tocar mas não tinha certeza se podia. E, merda, ele podia sim. Ele sempre pôde, sempre poderia. - Não é com você.

- Mesmo assim, eu sinto muito, Seungminnie. Sinto muito por esse anel no seu dedo não ser meu.

Mesmo com os olhos vermelhos, Seungmin sorriu. Ele sorriu e pegou em minha mão.

- A culpa não é sua, hyung - ele sussurra firmemente. - Nunca foi.

- Foi sim, porque, porque-

- Não foi. Fui eu quem terminei, lembra?

- E-eu prometi que não ia embora, nem se você pedisse. E eu não cumpri com ela. Eu não sou um homem de palavra, Seungmin, eu quebrei uma promessa.

- Minho - Seungmin segura meu rosto e limpa minhas lágrimas. Ele estava chorando também, mas continuava a sorrir. - Está tudo bem. Eu não te culpo. Você não teve escolha. Não tivemos escolha.

- O-o que?

Meu coração não batia mais, ele tremia. Assim como minhas mãos, minhas pernas, meu pulmão. Eu não sentia meus dedos, minha cabeça parecia que havia sofrido uma lavagem porque eu simplesmente não conseguia pensar.

- Acabou, Minho - Seungmin repete. Nunca olhando para mim, as mãos fechadas fortemente em punhos, suas lágrimas caiam e iam direto para o chão pelo ângulo de sua cabeça baixa. - Estou terminando com você.

- Olhe para mim, Seungmin - eu avanço e ergo seu rosto, mas Seungmin continuava olhando para o chão. - Pelo menos olhe para mim quando você diz esse tipo de coisa.

Meu coração se quebra quando ele finalmente me encara. Seus olhos possuíam uma parede tão grande e grossa de lágrimas que eu quase não o enxergava, e tinha certeza que ele também não. Eles espelhavam tristeza, raiva e puro arrependimento pelo o que ele estava prestes a fazer.

- Não faça isso, Minnie. Vamos, nós ainda podemos encontrar um jeito, sempre encontramos, não é?

Seungmin acena que não.

- Não posso mais te amar, Minho. Dói demais pensar que um dia vai ter que acabar.

- Não tem que acabar - eu estava praticamente desesperado. - Seungmin, olhe para mim. Não tem que acabar.

- Tem sim, hyung, tem sim. Tudo é um ciclo, e o nosso tem que chegar ao fim.

- Por favor, Seungmin, cale a boca. Não fale de fins, você sabe que eu não gosto deles.

Seungmin sorri e inclina seu rosto para a minha mão pela última vez.

- Porque? - eu sussurro, não conseguia falar mais alto do que aquilo, meu coração doía só de tentar manter meu corpo de pé. - Eu te amo demais para que isso seja só um amor de ensino médio, Seungmin.

- Mas não devia. Nunca deveria ter amado, hyung, eu não sou-

- Você é o amor da minha vida. - o interrompo. - Você não tem o direito de falar que não é.

Eu tinha que ter certeza que ele ainda sabia disso.

- Seungmin - ele para, a mão na maçaneta. - eu não desisto facilmente das coisas da minha vida. Principalmente dos meus amores.

Seungmin suspira. Vejo um projeto de sorriso triste se formar nele.

- Eu sei, hyung. E eu sinto muito por isso.

Assim como naquela época, Seungmin foi embora sem dar as costas, sempre decidido sobre o que estava fazendo. Ou ele sabia que se olhasse para trás ele não conseguiria continuar.

E, assim como naquela época, eu não desisti dele. Porque eu não desisto fácil das coisas, principalmente do amor da minha vida. Não importando se tivessem se passado três, seis ou nove anos, eu ainda estaria ali, esperando por ele.

Mas, acho que hoje eu vou mudar esse verbo. Então, apenas recapitulando. Não importando se tivessem se passado três, seis ou nove anos, eu ainda estaria ali, lutando por ele.

We Are Not Getting Back Together, Not Even The Slightest! !¡ 2𝑚𝑖𝑛.Onde histórias criam vida. Descubra agora