Capítulo 7 - "Trabalho"

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Samantha Rodriguez

Sinto o sol no rosto, resmungo e cobro-me com o lençol. Lençol azul? Não tenho lençóis azuis. Sinto algo a deslizar pelas minhas costas e depois a subir. A sensação é muito boa, parece o paraíso. Sorriu com aquele carinho relaxante.

- Bom dia. - ouço uma voz muito bem conhecida.

Espera aí!

Olho para trás rápido e deu um gritinho. Gabriel?! Na mesma cama que eu. Oh meu Deus, eu dormi com ele!

- Tudo bem, Sam? - ele pergunta rindo baixo. Tem o lençol pela cintura, o que indica que está totalmente nu. E eu também estou! Aconteceu mesmo! - Não precisas te preocupar com as horas. - dá um beijo no meu ombro.

Estou bloqueada para falar ou se quer mover-me. Eu dormi com ele, eu... eu fiz sexo com ele. Deixo a cabeça cair no travesseiro e respiro fundo. Ganho coragem para levantar, mas não o faço da maneira mais sútil.

- Desculpa, Gabriel. - levanto rápido enrolando-me noutro lençol. Ele fica confuso e ouço-o perguntar o que se passa, mas eu só vou pegando nas minhas roupas para, finalmente, me esconder na casa de banho.

Boa! Parece que fugir é a minha cena. Como eu não me controlei? Como eu consegui dormir com ele? A resposta também não é difícil. Ele queria, eu queria e pronto. Não, não pronto, Samantha! Gabriel é um cara legal, não posso fazer-lhe isto. Dei confirmações para algo que eu não queria... Ou será que quero? 

Não tem nenhum buraco onde me possa esconder? Algo? Pode ser pequeno, eu não me importo. 

Visto-me, passo água pelo rosto e olho-me no espelho, ganhando coragem para sair. Assim que o faço, vejo Gabriel sentado na cama já de shorts. 

- Só peço que não digas que a noite de ontem foi um erro. - é a primeira coisa que ele me diz. 

- Gabriel...

- Eu admiti os meus sentimentos, deixei-os bem claros, mais claros que isso era impossível. Mesmo assim, tu dormiste comigo. Não podes chamar isso de erro. - explica olhando para as próprias mãos. É bom, assim não temos contacto visual. Esqueçam! Ele já se levantou e veio em minha direção - Só precisas responder a isto, estás arrependida? 

Estou? Será que estou? Não estou totalmente, claro que não.

- Eu estava sensível. - tento justificar-me. Não é resposta, mas não posso responder a isso.

- Isso não é a resposta para a minha pergunta.

- Eu não posso responder a isso, Gabriel, não posso! 

Dou a volta nele e vou para a sala. Sei que é lá que estão as minhas coisas. Ele segue-me.

- É só um sim ou um não. É simples. 

- Não é, não é simples, ok? O que queres que diga? 

- A verdade. 

- A verdade é que, sim, eu gostei da nossa noite. Assim como do dia. Tu estavas comigo, ouviste-me e apoiaste-me. Falaste aquelas coisas todas bonitas sobre sentimentos e protegeres-me. Disseste aquilo tudo quando eu precisava de as ouvir. Eu estava sensível e tu ofereceste aquilo que eu procurava. Desculpa, talvez aches que seja uma desculpa esfarrapada mas, pelo menos, é a verdade. 

Respiro fundo. A verdade deixa-nos mais leve, é verdade o que dizem. Mesmo assim, não me sinto totalmente leve. Tem mais. 

- E não, não estou arrependida da nossa noite. - o semblante dele muda completamente - Sim, sei que tens sentimentos por mim, eu também tenho, mas eu não sei o que eles são. E sei que vou acabar por te magoar mais tarde ou mais cedo, se não os entender. Antes de pensar em algo contigo, eu preciso perceber outros sentimentos e compor a minha vida.

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