Uma semana se passou. Samantha pode sair do hospital e ainda não havia sinal do paradeiro de Luke. Como tal, tanto Gabriel como Mathew não queriam que ela voltasse para casa, mas ela também não queria escolher uma casa. Chegaram a conclusão que seria mais fácil ficar com Joe, já conhecia a casa e ele era de confiança.
Agora estava a caminho do trabalho. Embora tivesse dado o aviso, tinha receio que não a quisessem. Ainda tinha o gesso, o tornozelo ligado e alguns cortes no rosto.
- E quanto tempo para tudo isso desaparecer? - a júri mais simpática, Raquel, perguntou olhando-a de perto.
- Vou tirar o gesso no final do mês e quanto ao pé eu ainda posso desfilar igual. Não precisam se preocupar.
- Seu rosto ainda está - o homem apontou para o rosto dela - Cortado...
- Podemos tapar com maquilhagem. - Raquel tentou amenizar a situação.
- Isso faria pior para a cicatrização. - Sam descordou da ideia.
- Se quer continuar a trabalhar.
Sam olhou para e mordeu os lábios com raiva. Respirou fundo, precisava manter a calma e assim o fez. Encheu bem os pulmões e esvaziou, depois sorriu.
- Eu fui vítima de violência doméstica, eu fui espancada, eu tive meus ossos partidos, minha mente bloqueada e estes cortes são a prova que eu sobrevivi e ganhei. Eu entendo que eles não me façam a modelo ideal, mas não vou esconder minha vitória.
Os três júris olharam-se.
- E talvez seja hora de fotografar a realidade e não só homens e mulheres com corpos magros. - deu a ideia.
- E o que sugere?
- Como disse, fotografar a realidade.
A júri que quase nunca falava aproximou-se dela, a bater o lápis na palma da mão. No tempo que trabalhou com ela, Samantha nunca lhe apanhou o nome, só sabia que era francesa. Também sabia que ela era confiante do seu trabalho e sempre dava certo. Adorava o sotaque de reforço nos r.
- Vá trocar para o vestido base.
Sam entendeu. Vestido base era um vestido que ficava pelos joelhos e tapava a parte de cima do corpo todo. Assim que voltou, a francesa trocou o lápis pela navalha.
- Vamos cortar isto. - deu um corte no vestido. E depois outro, e outro, e mais um.
Durante quase uma hora, Sam não se mexeu. A mulher sempre mandava apontar algo, trazer e levar tecidos, trazer e levar acessórios, depois ainda foi o cabelo. Solto, preso, coque, ondulado, liso.
- Quero isto pronto amanhã.
E como ela falou, no dia seguinte o vestido estava pronto. Samantha achou-o lindo. Na parte da frente terminava nas coxas mas tinha uma capa comprida atrás. Era caicai, as supostas alças deslizavam pelos ombros de modo a deixar o pescoço e busto à mostra. Destacava-se por ser um preto brilhante e na pele dela mais refletiria. O cabelo teria que ficar preso num coque mas ainda teria algumas mechas soltas, dando o ar de coque bagunçado.
Após o vestir e estar devidamente pronta, apercebeu-se que praticamente todas suas marcas estavam a mostra. As mãos no pescoço notavam-se mais que tudo, nas pernas ainda tinha algumas marcas do cinto. Passou a mão sobre ela e respirou fundo.
- Parfait!
- Este era o look que procuravas? - o homem perguntou com as mãos nos bolsos olhando Sam.
- Nós vamos fotografar la realité, vamos chamar muita mais atenção e dar a voz a milhares de mulheres.
- Eu ainda tenho o gesso e o tornozelo ligado. Quais saltos irei calçar?
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MEMORIES
Fiksi Penggemar"Sam, está tudo bem, Luke nunca mais vai encostar um dedo em ti." "Eu quero-o morto!" Samantha Rodriguez sofre de uma amnésia desconhecida, por uma causa desconhecida. Vivendo neste vazio, habitua-se à solidão. Isso muda quando um médico e um dire...