XVIII - dezoito

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Os olhos de Levi ardiam de dor e remorso, cada vez que revivia aquela maldita missão. As imagens dos corpos caídos aos seus pés atormentavam sua mente, como um lembrete constante de seu papel horrível naquela tragédia. Uma semana havia se passado desde que ele não tinha notícias de Rike e Jade. Sabia que eles precisavam de tempo para lidar com tudo, por isso ficou um pouco mais "tranquilo", se é que pode usar esse termo.

À medida que o tempo avançava para a segunda semana, Levi sentia uma preocupação crescente em relação aos dois. O desaparecimento repentino deles era estranho e a incerteza corroía sua mente.

Sentado no topo da torre, com a mão apoiada no parapeito, ele se via imerso em pensamentos sombrios, com os olhos perdidos entre as lembranças do passado e o vazio do presente. Era naquela mesma torre que ele proferira as palavras malditas: "Eu vou confiar em vocês", e também onde compartilhou um momento íntimo com Jade, a partir daquele instante que ele tinha certeza que não era apenas um sentimento de amizade, mas algo a mais. Entretanto, poderia ter certeza que acabou com tudo.

Os rumores de suas mortes circulavam e a incerteza se transformava em tortura para Levi. Ele ansiava por uma confirmação, mesmo que fosse a notícia que morrram. Quanto mais o tempo passava, mais parecia loucura continuar a alimentar a esperança de que eles ainda estivessem vivos. No entanto, uma pequena chama de esperança persistia em seu coração. Conhecia-os, eles eram fortes. Não morreriam.

Dia após dia, completos dois meses, Levi insistentemente subia todos os dias àquela torre. Ele observava atentamente, esperando que a porta se abrisse e Rike e Jade aparecessem, trazendo um fim para sua angústia. Mas todos os dias ninguém vinha.

Foi quando um ruído de cascos de cavalo irrompeu, arrancando Levi abruptamente de seus pensamentos. Ele esticou o pescoço por cima do parapeito para olhar para baixo, mas sua visão estava obstruída por uma árvore. No entanto, algo estava se aproximando rapidamente, e isso despertou uma faísca de esperança dentro dele.

"Voltaram!", ele pensou, de repente o coração batendo forte.

Levi saltou do parapeito e atravessou apressadamente a porta, suas pernas se movendo com agilidade enquanto descia as escadas. A antecipação tomava conta dele, pensando no que diria a Rike e Jade quando os visse. Já tinha suas palavras planejadas, pretendia contar-lhes tudo o que havia acontecido, assegurar a Jade que ela não tinha nenhuma culpa na morte de seus amigos. Queria pedir desculpas a Rike, especialmente a Jade, por suas palavras cruéis e dizer que nunca desejou que ela desaparecesse de sua vida. Era uma chance de se redimir e consertar os erros do passado.

Ao abrir a porta, Levi sentiu como se tivesse levado um soco no estômago, uma decepção aguda atingindo-o em cheio. Não era Jade nem Rike que o esperavam, mas apenas Hange. Seus olhos ansiosos se apagaram instantaneamente, e a onda de ilusão que o envolvera desmoronou em um instante. A realidade era clara, e Levi percebeu que havia se deixado levar por esperanças vazias.

— Ah, é você... — ele disse num tom desdenhoso, disfarçando a frustração. E virando a cabeça. — Tch.

— Boa noite, Levi... — começou Hange, meio desconcertada. — Vim fazer companhia para você... Você anda tão solitário no treinamento... e de tud...

— Ótimo, já fez, agora se manda daqui. Não quero conversar, muito menos com você — fechou a porta, mas Hange colocou o pé, impedindo. Obviamente sentiu dor, mas por um amigo aguentaria o quanto fosse necessário. — Não quero conversar com ninguém. Quero te... — engoliu em seco. — te contar uma coisa.

Levi virou se costas e voltou a subir lentamente escadas. "Não eram eles...", pensava, repetidas vezes. "Não eram..."

Hange foi atrás de Levi.

BE MINE | Levi Ackerman X OcOnde histórias criam vida. Descubra agora