XIX - dezenove

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PÁGINA VIRADA: ONDE O DESTINO RECRIA MOMENTOS PERDIDOS.

PART 1

Nos cinco anos de prisão, a vida de Jade se tornou um lento e sombrio mergulho na escuridão. A rotina monótona da prisão tornou-se sua única realidade, uma cela fria que refletia a desolação interior que ela sentia. Nunca em toda sua vida sentia tão pouca vontade de fazer algo

Ela, outrora vibrante e cheia de vida, agora estava irreconhecível. A rejeição de Levi ecoava em sua mente, uma ferida que nunca cicatrizava. As lágrimas eram um testemunho silencioso da dor que ela carregava, não apenas pela perda dos amigos, mas também pela sensação de ter sido abandonada por aquele que ela confiava.

Não havia mais brilho em seus olhos, apenas a resignação de quem estava aprisionada não apenas fisicamente, mas também pela melancolia. Ela passou a negligenciar as necessidades mais básicas. A comida era um mero sustento, e cuidar de si mesma tornou-se uma tarefa árdua e sem propósito. Se não fosse pelo seu tio, nem isso faria.

No entanto, seu tio, separado por um muro do pátio mas unido por laços de amor e cuidado, era o que motivava a continuar. Ele era a única pessoa que fazia Jade levantar todo o início de tarde para encostar naquele muro e conversar com ele. Mesmo quando as lágrimas borravam sua visão, ela encontrava forças para sorrir, pelo menos para ele.

— Jade? — chamou Rike do outro lado do muro, a voz como sempre repleta de preocupação. — Tá me ouvindo, né?

— Sim — respondeu Jade, a voz cansada. — Como o senhor tá? Bem?

— Não importa como eu tô, eu quero saber como você está. Almoçou hoje, né? Diz que sim. Comeu direitinho? Fez os exercícios que eu te mandei? O banho tomou? Os dentinhos escovou?

— Uhum.

— Não tá mentindo, né?!

— Não.

Rike, normalmente envolto em sua inabalável autoestima, sentia-se impotente diante da tristeza de Jade. Cada pergunta que fazia sobre seus cuidados era uma tentativa de recuperar um senso de controle, de manter uma conexão através do muro que os separavam. No entanto, a resposta monótona de Jade, embora aparentemente positiva, não era suficiente para aliviar a preocupação que pesava sobre Rike. Sentia que estava sendo enganado. Cada resposta monossílaba de Jade apertava o coração de Rike, gostaria de fazer mais.

Encostando a cabeça no muro, Rike experimentou uma sensação desconhecida de impotência. Sua autoestima, que normalmente funcionava como um escudo contra as adversidades, agora rachava sob o peso da frustração. Ele se via confrontado com a limitação de sua influência na vida de Jade, incapaz de oferecer mais do que palavras de apoio.

O estado de ânimo de Jade influenciava diretamente o humor de Rike, e Jade fazia muito esforço para não parecer destruída na frente dele. Depois de tudo, o mínimo que Jade podia fazer era obedecê-lo: antes passava dois a três dias sem comer (graças à sua resistência por ser Ackerman), era notório o quanto ela tinha emagrecido, a definição de seu corpo tinha ido embora completamente, a única coisa que mostrava que um dia foi uma guerreira eram as cicatrizes, agora voltava a se cuidar.

— Titio... — começou Jade, hesitante. — Como será que está Akira? Será se a babá tá cuidado direito? Isso me incomoda todos os dias. Como será que tá lá fora? Já nem tem mais uma das Muralhas pelo que sei. Será se a Hange está viva? Falei para ela que voltaria... e não voltei.

BE MINE | Levi Ackerman X OcOnde histórias criam vida. Descubra agora