XI - 𝕺𝖓𝖟𝖊

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— Você... — disse, atordoado, ainda desacreditado com o que acabara de ver. — Você trapaceou no jogo — Minhas mãos se afastaram dela bruscamente, carregadas de desdém. — Trapaceira imunda!

— Isso não estava nos meus planos!! — ela se jogou dramaticamente na cama e cobriu o rosto com o travesseiro.

— Bem que eu notei que estavam faltando cartas, posso ter certeza que tem um baralho inteiro enfiado no cu.

— Oh! O baralho inteiro não! Só meia dúzia, não caberia tudo isso — ironizou, rindo.

— Imbecil — apertei as têmporas com as pontas dos meus dedos, fazendo um sinal de negativa com a cabeça. — Nem eu que era bandido roubava em jogos, porque eu tinha um pouco de dignidade. Agora você...

— Eu nunca disse que eu jogo limpo!

— Desprezível.

— Como você sabia que coloquei justo naquela parte da roupa?! — questionou ela, indignada por ter sido descoberta.

Eu não sabia.

— Quer minhas desculpas? Desculpas, fofinho. — Disse ela.

— Quero que você pegue essas desculpas e enfie na bunda, igual como você fez com as cartas.

Ela deu um grito, rindo.

— Eu não coloquei nada lá! E foi na cintura! CIN-TU-RA!

— Vai para a puta que te pariu. Cínica.

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Quando a noite chegou, a sala estava calma. O chão de madeira serviu como assento para todos eles, enquanto se acomodavam com as costas apoiadas no sofá. Unidos por um longo cobertor, formavam um círculo íntimo próximo à lareira, cujas chamas dançavam e emitiam um brilho reconfortante.

No entanto, eu preferi manter certa distância. Aquela proximidade social era algo estranho para mim, algo que pertencia a um mundo desconhecido. Observando-os de uma certa distância, senti que aquilo era socialização demais. Embora eles me chamassem algumas vezes para se juntar a eles, eu preferi permanecer sozinho com minha xícara, buscando um momento de paz e tranquilidade.

Enquanto os risos e conversas preenchiam o ambiente, eu me permiti mergulhar em meus próprios pensamentos, lembrando de minutos atrás. Por pouco, mas muito pouco eu não cometi uma besteira... mas o que me deixava mais incomodado era fato que eu desejava nunca ter descoberto.

Deixe de besteira, pensei, afastando aqueles pensamentos intrusivos. É errado pensar esse tipo de coisa se uma amiga. Eu não podia deixar que esses sentimentos tomassem conta de mim. Eu não podia permitir que o desejo se misturasse com a amizade, que as linhas se confundissem. Afinal, éramos apenas amigos, certo? E além disso, existiam tantos motivos pelos quais eu não poderia me permitir gostar de Jade. O primeiro deles é que ela não fazia ideia do tanto de coisa que escondo dela.

Estou confundido as coisas. A realidade ao meu redor está distorcida.

A voz de Rike ecoou pela sala, quebrando o silêncio reconfortante que se estabelecera. Ele me chamava mais uma vez, tentando me convencer a deixar minha postura solitária:

— Vem cá, Levi! Para de ser bicho das cavernas, não fica aí sozinho! Olha que eu vou e te puxo te pego no braços! — e riu, cutucando Farlan com o cotovelo. — Apoia?

— Não — falei com secura.

Isabel imediatamente concordou, enquanto Farlan, com toda sua racionalidade balançou a cabeça em negativa, sorrindo:

BE MINE | Levi Ackerman X OcOnde histórias criam vida. Descubra agora