Cartas na mesa

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Sua voz mandou faíscas pelo meu corpo. E então eu parei alguns segundos para analisa-lo. Encarei seu cabelo, que estava pouca coisa maior. Me surpreendeu como ficou lindo da mesma forma. Como eu sentia falta de seu olhar. E de sua boca.

-Estou bem. – menti.

-Que bom. – quase nem ouvi pela sua voz ter vacilado. – Hã... A festa está maneira.

-Valeu. – agradeci. Apesar de seu elogio ter sido tímido, seu olhar mostrava que era verdadeiro.

-Claro que uma Cullen sabe dar uma festa.

Sorri. Estava sendo mais fácil conversar com ele do que eu pensava. Achei que seria desastroso e que iria me machucar, mas foi como se ele estivesse aqui há algum tempo e nada de ruim tivesse ocorrido.

-Jake deve ter pego no seu pé, dando festa sem seus pais.

Deixei passar despercebido sua curiosidade, e eu podia arriscar que era sobre nossa conversa silenciosa de agora há pouco.

-Na verdade, não. Estou fazendo isso pela pequena Anne, de qualquer forma.

Olhei para ela, abraçando Stefan e depois saiu com algum coleguinha. Encarei meus pés ao notar que William nos observava, e então eu não conseguia olhar para cima outra vez.

-Quer dançar? – Seth me perguntou, um tom de desespero em sua voz.

Levantei o rosto, não esperando pelo seu pedido. Sorri, nos colocando em posição de dança. Respirou fundo, e eu sentia que ele estava esperando por esse momento desde que chegou.

Suas mãos em minha cintura me enviaram um pequeno choque de prazer, e eu não estava pronta para isso. Chegou mais perto com o rosto, e eu não tinha certeza do que esperar. Não estava pronta para um beijo.

Mas passou direto e colou seus lábios em minha orelha. Foi preciso tudo em mim para não deixar o arrepio em minha espinha se sobressair.

-Carlie Cullen, você seria trancafiada dentro de um quarto o resto da sua vida se seu pai visse você nesse vestido. – falou no pé do meu ouvido.

Outra vez, meu corpo foi tomado pela vaidade. Me fiz de desentendida.

-O que tem demais nele? – sussurrei, sabendo que me ouviria.

-Eu acho que é pela falta dele. – riu, beijou o meu cabelo e voltou a me encarar. Eu sabia que se não fosse pela maquiagem, meu rosto denunciaria como eu fiquei ruborizada.

-Que exagero, Clearwater. – revirei os olhos, mas no fundo eu sabia que meu pai me mataria.

-Vestido sem mangas, decotado, acima dos joelhos, colado ao corpo...

Ele listava os defeitos da minha roupa enquanto me olhava de cima a baixo. Pelo menos quando eu olhei para ele, eu vi que achava o contrário de defeituoso.

Pigarreou, olhando para a festa. Suas bochechas com um leve rosado.

-Ele vai até os pés. – o corrigi, sabendo que ele queria dizer sobre a fenda lateral. – E estou usando luvas, não conta como uma extensão da manga?

Sorriu da minha tentativa boba de amenizar o escândalo da minha roupa.

E então suas mãos pareciam evidentes demais em minha cintura. Eu sabia que era só na minha cabeça, porque ele não mudou de posição em momento algum.

Infelizmente, por mais que eu revirasse meu cérebro em busca de algum assunto enquanto evitava meus olhos, não tinha mais papo para me distrair.

-Você ainda usa.

A Irmã de Renesmee (pós Saga Crepúsculo)Onde histórias criam vida. Descubra agora