Elizabeth POV’
Sentia as lágrimas escorrerem por meu rosto enquanto eu aplicava as tintas na tela enorme. Me sentia mais uma vez humilhada e a dor em meu peito parecia apenas aumentar ainda mais, como se eu não tivesse controle e nunca fosse ter de fato.
Preferia nunca ter ao menos existido nesse mundo ou que eu tivesse ido embora no lugar de minha mãe, pois quem sabe assim Richard não seria tão amargurado e tão filho da puta como é hoje em dia.
Já se faziam dois dias que eu estava trancafiada em casa sem nem ao menos ver a luz do dia ou sentir o sol em minha pele. Dois fodidos dias que eu estava presa em meu quarto sem Richard sequer mencionar que me deixaria sair.
Sentia uma dor enorme na lateral de meu corpo pela agressão que sofri do cara que se dizia meu pai, mas com toda certeza a dor sentimental era ainda maior. Minha cabeça estava explodindo e nem sequer podia pegar remédio para tentar aliviar.
Respirei fundo, olhando para aquela pintura em minha frente com os olhos pesados de tanto chorar. Encarei aquela menina largada no chão de seu quarto enquanto a silhueta de um homem aparecia e ocupava boa parte da tela. Em sua mão um cinto e uma luz vermelha irradiava de seus dedos.
Limpei o rosto com as costas da mão e gritei raivosa, pegando a tinta roxa e jogando por toda aquela tela, batendo com o pincel e a rasgando por completo. Por Deus, nem na minha hora de extravasar ele me deixava em paz.
Me joguei contra o chão, me sujando com toda aquela tinta espalhada pelo chão do quarto, enfiando o rosto em minhas mãos e desatando em um choro alto, sofrido. Eu queria estar morta.
Com esse pensamento eu me arrastei até o banheiro que tinha em meu quarto, abrindo o armário e pegando uma lâmina. Me sentei ao lado da privada, posicionando a lâmina em meu pulso e respirando fundo, sentindo minhas lágrimas molharem meus dedos.
— Me perdoa mãe.
Sussurrei e mordi o lábio inferior com força, começando a afundar a ponta afiada em minha veia, sorrindo ao sentir uma pequena perfuração ali.
Como em um estalo as palavras de Diana vieram em minha cabeça, atingindo-me em cheio.
“Eu quero que você me faça um favor. Quando você pensar em se machucar novamente, quero que pense em coisas futuras que você irá viver. Eu sei que pensar positivo em meio a situações ruins é o próprio inferno, mas eu quero que você pense em qualquer coisa, um sonho que você tem ou sei lá, uma possível melhoria em sua vida. Pense em qualquer coisa, mas não faça nada contra você. Te garanto que seria uma perda enorme para o nosso mundo.”
Balancei a cabeça para espantar aqueles pensamentos para longe, estando prestes a de fato o fazer, mas antes que eu encerrasse tudo ali, a porta do quarto se abriu rapidamente.
— Elizabeth?
— Harry!?
Respirei aliviada ao ver seu rosto preocupado. Seus olhos caíram sobre mim largada no chão do banheiro e logo ele correu em minha direção, caindo em seus joelhos e me puxando para um abraço.
— É tão bom ver o seu rosto. – Sussurrei enquanto me afundava em seus braços, apertando sua camiseta entre meus dedos sujos de tinta.
— Oh meu amor. Está tudo bem agora. Eu estou aqui com você.
Chorei enquanto ele me abraçava forte, acariciando minhas costas e dizendo a todo segundo que tudo estava bem. O olhei nos olhos e ele acarinhou minha bochecha, beijando minha testa.
— C-como você entrou?
— Eu pulei a janela da cozinha e não se preocupe, seu pai não está. – Levei minhas mãos para seus braços que se mantinham erguidos pelo carinho em meu rosto.
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Amizade Colorida
RomanceDiana Clark sempre levou a vida curtindo noites com mulheres diferentes e sem querer manter compromisso por medo do amor, apenas tendo esse medo se intensificando quando uma última relação não foi nada do que ela esperava. Elizabeth Robbins quase nu...