CAPÍTULO 57

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Eu, Candid e Honest entramos na cozinha da tia Tammy, ela assava um bife, Candid a beijou na nuca, ela ralhou com ele:
"Então resolveu aparecer?" Ela disse sem se virar, Honest respondeu por Candid:
"Ele foi me buscar." Tia Tammy se virou e encarou Honest, eu vi nos olhos dela que ela pensou que ele fosse Simple.
"Eu não acredito que..." Honest foi até ela e a abraçou, ela o abraçou de volta.
"Eu senti tanta saudade!" Ele disse, nesse momento Tio Valiant entrou na cozinha e esbravejou:
"Simple! Você fugiu? Ora, essa! Eu falei tantas vezes que te protegeria e você não quis, filhote! Vou ligar para Vengeance, vamos chamar os clones, e os brutamontes!" Eu sorri para Candid, ele riu.
Tia Tammy largou Honest, Valiant se aproximou e passou as grandes mãos pelo rosto de Honest, Honest sorriu, ele apertou os lábios.
"Você não é o Simple." Ele disse devagar, piscando. Depois tio Valiant olhou para Candid.
"Vocês disseram que queimaram o corpo dele! Vocês jogaram as cinzas da montanha do Gabriel! Seus pestes!" Ele rosnou.
"Calma, Valiant! Isso importa agora? Sério?" Tia Tammy enxugou o rosto e abraçou Honest de novo. Ela começou a chorar de forma desesperada, eu senti meus olhos se molhando também.
"Mas eles disseram que não era possível! Candid! Você tem de explicar isso, eu não vou..."
"Pai. Pode brigar com eles depois?" Honest disse, Valiant o abraçou e puxou tia Tammy para o abraço, eu enxuguei o rosto, Candid me abraçou. Eu o abracei de volta, ele beijou o topo da minha cabeça.
"Meu filhotinho! Meu filhotinho perdido, você voltou!" Foi a vez de Valiant chorar.
"Eu senti tanta saudade! Eu fiquei todo aquele tempo ouvindo as vozes de vocês de longe, de tão longe! Eu amo vocês, eu amo muito e tudo o que eu queria era dizer isso, que eu amo vocês!" Honest disse, eu afastei meu rosto, Candid me beijou. De leve, sem força, sem sensualidade, como se precisasse me sentir de uma forma mais íntima.
Valiant se afastou, seu rosto estava todo molhado, ele alisou o rosto de Honest.
"E agora você está aqui. E podemos dizer que tudo ficou para trás? Que você está bem?" Ele perguntou, tia Tammy assentiu, ela e eu também queríamos muito saber.
"Sim. Bill me examinou dos pés a cabeça. Eu estou bem, estou forte como estava naquele dia... Naquele dia terrível." Ele disse.
"Está com fome?" Tia Tammy perguntou, ele sorriu.
"Sim, mamãe! Ainda mais da sua comida." Ele disse, tia Tammy pegou a frigideira e colocou na mesa, Honest se sentou.
"E vocês dois, comam também!" Ela disse se aproximando e me dando um beijo no rosto.
"A julgar pelo modo como estão agarrados posso esperar mais alguns netinhos?" Tio Valiant perguntou, Honest bufou.
"Ann é muita areia para o caminhãozinho de Cam, pai!" Ele disse, Tio Valiant gargalhou.
Candid me soltou, eu me sentei e aceitei o prato que tia Tammy colocou a minha frente com um grande bife.
"Simple?" Eu olhei para a porta e o Honest albino estava ali. Eu olhei para Cam, ele sorriu, um sorriso um tanto malvado.
"Não é Simple." Ele disse, o outro arregalou os olhos.
"Conseguiram? É sério?" Honest franziu o nariz e olhou para Candid.
"Quem é ele?" Tia Tammy e tio Valiant se entreolharam.
"Eu sou Honest." Honest se levantou e se esticou. Ele olhou com um olhar feio para o outro, este foi logo explicando:
"Eu sou Honest, mas não o Honest que eu costumava ser. Eu era você, até seu chip entrar em curto, agora sou só Honest. Mas não você. Meu nome antigo, meu número, por que um número não é um nome, era Doze."
"Chip?" Honest encarou Candid.
"Foi uma medida de emergência, nós..."
"Vocês me implantaram? Nele?" Honest elevou a voz, eu me afastei de Candid e fiquei entre meus tios.
"Você não estava respondendo mais, sua mente estava falhando. Seu corpo não estava reagindo bem. Alguns órgãos pararam. Eu te implantei, era uma forma de você continuar..." Honest sorriu, um sorriso amargo.
"Não, não era. Por que não fui eu que usei o corpo dele, foi o chip que você carregou, não fui eu, eu..." Ele ergueu os braços para o alto e os deixou cair.
"Filhote. Não culpe o seu irmão nisso, por favor. Ele e Simple agiram em meio a dor e ao sofrimento por te perder. Eu e sua mãe ficamos arrasados, tão arrasados que quando Candid e Simple contaram o que tinham feito, que aquele macho estranho era você, só queríamos que realmente fosse. Fez a dor parar, você entende?" Tio Valiant disse, Honest assentiu.
"Ok. É um assunto muito delicado. E se eu estou aqui, significa que não desistiram de mim. Obrigado, Cam." Ele disse, Candid o puxou para um abraço. Eles se encararam e colaram as testas, ficando como uma imagem espelhada. Eles eram idênticos e isso era tão bonito!
"Meus trigêmeos!" Tia Tammy abriu os braços e eles se encaixaram neles, tio Valiant abraçou os três. Eu sorri e olhei para o outro Honest, ele sorriu, triste.
"Bom, eu vou..." Ele disse baixinho, não pareceu estar falando para alguém em particular.
"Não. Não vai a lugar nenhum. Você só precisa de um nome. Só há um Honest." Tio Valiant disse soltando tia Tammy e Candid e Honest.
"É que eu gostei tanto desse nome! É como se fosse uma parte de um todo. Simple, Candid e Honest. Três nomes que significam a mesma coisa. Isso é muito legal!" Doze disse e eu senti pena dele. Ele queria fazer parte, só isso.
"Que tal Modest? Está na mesma linha de significado." Eu disse, ele sorriu um lindo sorriso para mim.
"Mo... Dest!" Ele falou o nome devagar saboreando as letras.
"É um bom nome, eu sou um macho simples, isso poderia ser atribuído a mim." Ele olhou para Tammy, ela sorriu. Eu sorri e pensei que Simple, Candid e Honest só tinham um significado comum que era a palavra 'sincero'. E eles podiam ter corações sinceros, mas não eram 'sinceros' ao pé da letra. Isso era curioso.
"Modest. É, não é ruim." Candid disse sorrindo para mim, eu sorri de volta.
"Qualquer nome que não seja o meu está bom pra mim." Honest disse com um olhar um tanto duro. E só aí que eu acho que a ficha caiu. Por que eu não convivi muito com ele no corpo de Doze, agora Modest. Sempre que eu o vi naquele corpo era como se não fosse ele, era difícil ligar aquele corpo tão diferente ao meu amigo. E o olhar dele reto, duro me fez realmente sentir que era Honest ali, que ele tinha voltado.
"Ah, meu Deus! Você fugiu, Simple? E veio pra cá! Mas que burrice! Se isso me foder na força..." Daisy disse, tia Tammy limpou a garganta quando ela disse o palavrão.
"Mãe! Ele não podia fazer isso! Ele não precisava ir, Celina que fosse! Eu vou ligar para Darkness!" Daisy disse e correu para a sala, Honest sorriu, travesso, e foi atrás dela.
Tia Tammy e tio Valiant riram, eu e Cam corremos e vimos Honest lutando com Daisy, ela era muito feroz, quando deu um soco na cara de Honest, ele riu e a abraçou apertado a imobilizando.
"Vamos lá, D.! Você consegue sair dessa!" Candid disse, eu comecei a rir.
"Dez pratas em Daisy." Modest disse pra mim, eu abri a boca, eu nunca fui de apostar dinheiro em nada, eu ri.
Daisy se livrou do abraço e deu um chute na barriga de Honest, ele riu de novo e segurou o pé dela, eu disse:
"Aposto vinte pratas em você, Hon!" Noble entrou na sala e rugiu.
"O que é isso? Parem! Agora!" Honest soltou Daisy e ela o socou na cabeça, Noble rosnou, Daisy se afastou.
"Você trapaceou!" Honest rosnou, Daisy riu.
"Nob! Você é um estraga..." Candid tinha começado a falar e só então Noble notou que haviam dois deles na sala.
"Que merda é essa?" Ele olhou para Honest, Hon sorriu, Noble o abraçou.
Eu pensei que seria mais um pensando que era Simple, afinal, para todos Honest estava no corpo de Modest. Nossa, isso era mesmo confuso!
"Como?" Noble perguntou, Honest deu de ombros, Noble o abraçou de novo, eu olhei confusa para Candid.
"Noble tem a memória do cheiro de Hon. Ele guardou o cheiro dele quando nascemos." Ele explicou baixinho e eu senti vontade de chorar. Eu sempre quis ter irmãos e muito disso vinha de John e os pestinhas dos gêmeos, mas também por causa dos trigêmeos. E ver que Noble poderia identificar Honest entre eles por estar presente no nascimento deles era uma coisa tão bonita! Algo inerente da própria essência de família.
"Como? Eu vou te dizer como, fugindo de Fuller." Daisy disse, Honest se soltou de Noble e foi até ela.
"Eu não fugi de Fuller, D. eu não sou Simple." Ela arregalou os olhos.
"Mas..." Ela foi até Candid e o socou no ombro.
"Vocês jogaram as cinzas dele da montanha!" Honest riu.
"Acho que isso marcou a todos." Ele disse.
"Sim. Foi a pior sensação da minha vida. E estão de castigo, aliás." Valiant disse.
"Mas e ele?" Daisy apontou para Modest.
"Você mesmo disse que eu estava diferente." Ele disse para ela, ela sorriu.
"Honest nunca fugiria de uma luta comigo." Ela disse.
"Não, não mesmo, D." Honest confirmou com um sorriso.
"Padrinho? Você fugiu?" Eu olhei para a porta, os filhotes de Noble estavam lá, Dream foi quem perguntou, ele era afilhado de Simple. Mais um confundindo eles. Candid olhou para mim com um sorriso e seus olhos diziam que aquilo se repetiria por todo o dia.
Honest foi até os dois e se ajoelhou, os filhotes o abraçaram.
"Você está com um cheiro estranho." Wish disse, franzindo o nariz.
"Sarah estava grávida." Honest disse tocando o rosto de Dream.
"Estes são Dream e Wish. Meus filhotes." Noble os apresentou.
"Esse é o tio de Vocês, o tio Hon." Os filhotinhos olharam para Modest, ele sorriu.
"Há dois tios Hon, agora?" Wish perguntou. Ele foi até Modest, Modest o pegou no colo e o abraçou.
"Eu não sou seu tio, bom, posso continuar sendo se você quiser, é claro. Seria uma honra." Ele disse, Wish se soltou dele.
"Mas seu nome também é Honest." Eu entendi que eles precisavam separar o tio Hon que eles conheciam do tio Hon verdadeiro.
"Não. Meu nome agora é Modest." Ele disse, Noble sorriu.
"Isso é bom. Você sempre foi diferente do nosso Honest, não só na aparência. Modest. Eu gostei." Ele disse e puxou Honest para outro abraço.
"O dia vai ser longo, quer ir a algum lugar?" Candid sussurrou no meu ouvido, eu ia responder quando Violet entrou pela porta. Ela tinha tomado banho, mas o cheiro de Florest estava por todo seu corpo.
"E lá vamos nós..." Candid disse, eu ri e assenti com a cabeça.
Violet arregalou os olhos.
"Honest? Como assim?" Ela disse e Daisy bufou.
Honest abraçou Violet, reclamando que parecia que estava abraçando Florest quando Candid e eu saímos pela porta. Nós corremos, ele foi na frente, eu o segui. Fomos até a cabana de Simple.
Ele abriu a porta para que eu passasse, mas seus olhos estavam tão quentes que eu parei. Se eu entrasse, iríamos...
"Não quer? Então por que me seguiu?" Ele perguntou, eu pisquei.
"Eu tenho de ligar para a mamãe." Eu disse, ele entrou na cabana e deixou a porta aberta.
Eu cliquei no nome da mamãe com meus dedos trêmulos.
"Alô? Querida?" Mamãe atendeu.
"Oi, mamãe." O que eu ia falar com ela? 'oi, mamãe, estou na cabana de Candid prestes a compartilhar sexo com ele e estou com medo?'
"Oi, meu bem. Vou ser direta: você e Candid. Como assim? Você ficou tão balançada com o beijo de Simple, mas acabou dormindo com o irmão. Como foi isso, Ann?" Minha mãe perguntou, eu me lembrei de nossa conversa depois do beijo. Ela não sabia que foi o peste do Cam que me beijou.
"Eu não dormi com ele." Eu disse, ela pareceu confusa:
"Não? Aquele capeta! Ele deu a entender que vocês dormiram juntos!" Mamãe disse no tom que todos usavam com os trigêmeos, condescendente.
"Nós dormimos juntos, mas não do jeito que você está pensando." Eu disse e ia contar sobre Honest quando ela me disse:
"Querida, você sabe o que quer? Sabe quem você quer? Se Simple ou Candid? Por que se quiser um deles, ok, mas transitar entre eles pode te machucar. E os machucar e também machucar outras pessoas." Ela estava falando de Bronzy.
E pensar em Bronzy e Candid me lembrava do rosto dele totalmente alheio quando disse que o que ele e Bronzy fizeram no telhado de Honor foi só um momento. Só um momento para ele, algo muito importante para ela. E ele não parecia se importar a mínima com ela. Seria diferente comigo?
Mamãe sempre disse que se não houvesse sentimentos, se eu fosse madura a ponto de compartilhar sexo com um macho sem envolvimento, que eu fosse em frente, mas só se estivesse totalmente segura. Fêmeas de primeira geração faziam isso e viviam muito bem, mas eu era de segunda geração, eu era diferente e tinha de me conhecer muito bem. Mamãe dizia que o maior aprendizado de minha vida seria sobre mim mesma.
"Eu sei disso, mamãe. Eu liguei pra saber onde a senhora está." Eu disse.
"Na sua madrinha..." Eu ouvi alguém falando com mamãe, eu esperei e ela falou comigo num tom mais alto, empolgada:
"Ann Sophie! Você sabe sobre Honest?" Ela perguntou, eu sorri, mas parei ao ver que Candid estava apoiado no batente da porta.
"Sim, mamãe. É uma longa história." Eu disse, na verdade era uma história onde eu não entendia muita coisa.
"Eu tenho de ir vê-lo. Você está na casa de Valiant?" Ela perguntou, eu suspirei.
"Não, estou na cabana de Simple. Vá lá, dê um abraço nele e eu te encontro lá. Daí, conversamos."
"Sim, querida. Te encontro lá." Mamãe desligou.
"Vai voltar pra minha casa?" Ele perguntou, seus olhos estavam frios, impessoais.
"Candid, eu..." Ele balançou a cabeça.
"Tudo bem, eu entendo. Sexo para você é diferente do que é pra mim. E você é virgem, você deve querer alguém especial, não é?" Ele perguntou e havia um toque de desdém na voz dele, como se querer que a minha primeira vez fosse com alguém importante pra mim fosse besteira.
Ele poderia ser esse alguém especial, mas quando disse isso me mostrou que ele não se importava e poderia até achar infantilidade de minha parte pensar assim.
"Você não se acha especial?" Eu perguntei. Ele deu de ombros.
"Por que sexo tem de ser algo especial? É só sexo! Humanos dão importância demais ao sexo, mas você não é humana, Ann. Sexo é prazer. E eu te daria muito disso." Ele disse erguendo meu queixo com o dedo e passando um dedo pela minha boca.
Eu me aqueci na hora, ele fechou os olhos e inspirou.
"Isso é o que deixa a coisa mais patética. Você se excitou, sua buceta se molhou, mas você vai voltar lá pra minha casa, para o festival de lágrimas. E eu vou ficar aqui e esfolar meu pau com a minha mão, ou chamar uma das minhas fêmeas, afinal, por que sentir meus calos se pode ser uma mãozinha macia? Mas qual o propósito disso? Por que não deixar eu provar do gosto desse cheiro delicioso?" Ele disse, eu pensei no que ele estava dizendo. Fazia sentido do ponto de vista dele.
Todavia, eu passei minha vida esperando pela maioridade para viver um grande amor, não para ser fodida, que era o que ele estava oferecendo.
Ele se afastou, pegou o telefone e logo alguém atendeu.
"Oi! Qual de vocês, fêmeas lindas, pode vir na minha cabana?" Ele disse com um sorriso e se virando. Eu estava sendo dispensada e eu mudaria meu nome se deixasse ele ver que me magoou, então eu saí andando com o queixo erguido e quando estava longe da vista dele, eu comecei a correr.

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