CAPÍTULO 24

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Mais uma noite de sexo quente, e dessa vez eu quase dormi com ele ainda metendo em mim, mais uma noite em que ele não falou comigo. Eu estava ficando irritada com aquilo, então de manhã eu tomei um banho, vesti um dos meus vestidos mais bonitos, verde com pequenas flores rosa bem claro, que tinha as costas aparentes, coloquei assessórios dourados, penteiei meu cabelo o prendendo no alto da cabeça e fui para a casa de Honor.
O jipe não subia até lá, eu o deixei numa espécie de estacionamento que ficava vários metros abaixo da casa. Havia um paredão de pedra que devia dar para os fundos da casa, eu fiquei olhando os buracos na pedra. Deviam ter sido feito por punhos, talvez de Honor ou do próprio Nove. Eu já soquei uma pedra, é claro, doía pra caralho, como os machos gostavam de fazer aquilo?
Eu dei a volta pelo paredão e peguei a trilha que levava à casa pensando que felinos eram mesmo peculiares, morar numa altura daquelas não me atraía em nada. Será que Nove gostava?
Quando cheguei à porta, eu bati e o menor dos filhotes veio atender, ele tinha um grande sorriso na carinha bonitinha, mas quando me viu, ele rosnou.
Ele correu para dentro da casa, eu entrei a tempo de ver o filhotinho saltar sobre Sheer com as garrinhas a mostra, Sheer riu e o segurou longe de seu rosto, ainda que o salto surpresa tenha feito com que o filhotinho o arranhasse.
"Heitor!" Livie veio e o pegou, o filhotinho ainda rosnava.
"Não é o dindo!" Ele disse.
"Seu dindo está ocupado com os filhotinhos dele que nasceram, meu amor. Eu já disse que amanhã iremos visitá-lo." Livie o abraçou, mas o filhote esperneou nos braços dela, desceu para o chão e correu para a cozinha.
"Oi, Breeze." Livie me sorriu cansada.
"Oi. Eu realmente pensei que o lindo sorriso dele era pra mim." Eu brinquei e olhei para a cozinha a tempo de ver Heitor pulando a janela.
"Ele está morrendo de ciúmes dos gêmeos de James e não precisava ser enganado." Ela disse olhando severa para Sheer, ele sorriu, o sorriso travesso de Tammy.
"Eu já vou, Ella me desafiou para..."
"Não. Você tem um filhotinho raivoso para cuidar." Livie disse.
"Mamãe! Eu só fiz uma brincadeirinha! Se eu não for, Ella vai dizer que eu me acovardei! Sabe como ela é competitiva!"
Era engraçado ver Sheer com mais de dois metros de altura implorando para Livie que tinha pouco mais de um metro e meio.
"Leve Heitor então. Será na sala de treinamento, não é?" Honor disse vindo detrás um painel com um Heitor todo vestido de vermelho nos braços. Quando cheguei Heitor só vestia uma fralda.
"Que lindo! De vermelho!" Livie disse beijando a bochecha gorducha de Heitor.
"Tio Sim!" Ele sorriu mostrando as presinhas, eu estava encantada com ele.
"Tio Sim não sorri tanto." Sheer disse, Heitor fez uma carinha solene, exatamente como a expressão meio distante de Simple, Livie bateu palmas. Eu também bati, Heitor era muito bonitinho.
"A questão é que... Não será na sala de treinamento." Sheer disse, Heitor rosnou.
Honor olhou para Livie, ela o olhou de volta. Heitor esticou os bracinhos para Sheer, convicto de que ia passear.
"Heitor, que tal ir comigo na casa do vovô Ven?" Nove disse entrando na casa pela porta da sala. Ele vestia um jeans surrado e uma camiseta, os cabelos molhados estavam penteados para trás, ele tinha acabado de sair do banho.
Heitor olhou para Nove, para Sheer e olhou para Honor. Os olhinhos claros dele estavam confusos.
"Vovô." Ele disse, Honor sorriu para Livie, ela fechou a cara, eu não entendi.
"Ok, tchau." Sheer saiu correndo pela porta, Livie abriu a boca mas não teve tempo de dizer nada. Ela olhou para Nove.
"Fale." Nove sorriu, um grande sorriso travesso, meu coração pulou, Honor me encarou. Será que ele ouvia corações também?
"Uma jaula desativada. Ela tem um formato diferente, seria para receber focas ou leões, eu não sei, a jaula parece uma piscina com o fundo redondo, eles vão manobrar os Skates lá." Ele explicou pegando Heitor do colo de Honor e o jogando para cima, o fazendo rir.
"Focas ou leões? Como pode ser isso?" Eu perguntei, ele me encarou, o olho castanho era mais claro que o azul, ele era lindo.
"Talvez possam ser leões marinhos." Honor contribuiu, ele sorriu.
"É deve ser. Vamos, Heitor, vamos no vovô." Ele disse já se virando e colocando o filhote nos ombros.
"Nove?" Eu chamei, ele se virou.
"Podemos conversar?" Eu perguntei, ele ergueu as sobrancelhas, mas quem respondeu foi Heitor:
"Não!" E rosnou.
"Vem, Heitor, o papai te leva no vovô." Honor disse, mas Heitor enfiou as mãozinhas no cabelo de Nove e disse 'Nao!' de novo. Ele se agarrou nos cabelos e na cabeça dele.
"Heitor, que tal ir na vovó Espertinha? Ver Quarenta e Dois?" Livie disse, o filhotinho soltou Nove e pulou nela, ela quase caiu.
"Quarenta e Dois!" Ele exigiu, Livie fez uma cara de desânimo.
Honor suspirou e disse:
"Fiquem a vontade. Tem carne no fogão prestes a ser assada. Carne temperada por Candid." Ele disse, Livie fechou a cara quando passou Heitor para Honor.
"Ela não cozinha tão mal assim." Ela disse quando saíram.
"Mas é o tempero de Candid!" Nove riu da última fala de Honor.
Ele foi até a cozinha e ligou o fogão, eu me sentei na bancada. Ele virou os bifes numa frigideira gigante e me serviu, meu estômago roncou.
Eu mordi o primeiro pedaço e... Meu Deus! O que Candid colocou naquilo?
"Bom?" Ele perguntou, eu sorri, ele tinha o rosto sério.
"Está uma delícia! É carne de Alce?" Eu perguntei, ele acenou se servindo e comendo de pé do outro lado da bancada.
Eu comi uns três ou quatro bifes gigantes, estava muito gostoso. Nove comeu olhando para o prato, eu não entendia aquilo. Na casa fora da Reserva, naquela mesma noite ele me pegou na parede, me encarando com aqueles olhos lindos, mas agora ele fugia do meu olhar, quase parecia outra pessoa. Eu suspirei, ele se virou para lavar o que sujamos eu fiquei olhando as costas poderosas dele. A camiseta tinhas as mangas rasgadas, seus braços eram tão grossos!
Talvez ele estivesse deixando bem claro que só iria me ajudar a engravidar, que não queria mesmo nada comigo.
"Eu acho melhor eu ir embora." Eu disse, ele ficou imóvel.
"Você queria conversar." Ele disse sem se voltar, aquilo me irritou.
"Pode falar olhando pra mim?" Ele se virou, saltou por sobre o balcão me jogou no ombro e correu comigo pela casa de Honor. Nove entrou num quarto grande que tinha uma varanda, pulou essa varanda, passou pela área gourmet, abriu uma porta e me jogou numa cama. Eu me arrastei de costas até a cabeceira, Nove tirou a camiseta, eu engoli em seco, ele tirou as calças, seu pau porém, estava em repouso. Ele se aproximou de mim eu o toquei no rosto e sorri, mas uma lágrima escapou dos olhos dele.
"O que foi?" Eu disse e beijei o olho castanho que tinha sido de onde a lágrima saiu.
"Eu não posso." Ele se sentou na cama, eu o abracei de lado, ele se ajeitou nos meus braços e me apertou.
"Eu não posso, Breeze. Eu pensei que eu podia, mas não posso. Não com o cheiro de que você espera um filhote dele. Eu não posso." Eu me afastei, as palavras 'espera' e 'filhote' girando na minha cabeça.
Eu toquei minha barriga, parecia tudo igual.
Ele sorriu, mas os olhos estavam tristes.
"Eu fico feliz. Eu torcia para Simple ganhar." Eu o encarei, ele disse filhote dele, dele quem? Eu me levantei da cama, Nove também se levantou e vestiu a calça.
"O que você quer dizer com 'filhote dele'? Dele, quem?" Eu perguntei, mas me sentindo estranha por dentro. Um filhote! Meu filhote! Eu já estava pensando se ele seria tão levado quanto Heitor.
"Meu pai." Ele disse e talvez fosse a gravidez ou a comida, ou o calor, mas eu desmaiei.

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