|| Daniel Maldonado ||
📍São Paulo, Paraisópolis, Segunda-feira, 16:00.
Mas o sistema limita nossa vida de tal forma. E tive que fazer minha escolha, sonhar ou sobreviver. Os anos se passaram e eu fui me esquivando do circulo vicioso. Porém o capitalismo me obrigou a ser bem sucedido. Acredito que o sonho de todo pobre, é ser rico. Em busca do meu sonho de consumo. Procurei. dar uma solução rápida e fácil pros meus problemas, o crime.
Trago mais uma vez a fumaça do meu baseado, fazendo ela dançar dentro dos meus pulmões enquanto observo o sol quente dominar o morro mais um dia de cima da laje.
Daniel dos Santos Maldonado, 39 anos nas costas, calejado da vida de todas as formas possíveis. Ainda cria tive que aprender a lidar com o fato de que ter mãe presente e bondosa é pra poucos, fui abandonado nos braços do meu coroa por aquela que me colocou no mundo, por pura ganância e ambição.
Desde menor cresci no meio de droga, arma, puta e falta de amor. Nunca recebi afeto de ninguém, cresci rodeado de invejoso querendo o que eu tinha por ser filho do dono, então nunca me dei ao luxo de deixar confiar em amizades.
Até o dia que vi ela pisar os pés nesse morro pela primeira vez. Tá ligado quando se esquece de respirar? A primeira vez que vi a gringa foi assim, sempre foi uma educação extrema com todos, em poucos meses morando por aqui e já tinha conquistado o coração de geral.
Seu jeito me intrigava demais, sempre alegre e sorridente, mesmo com geral sabendo o inferno que o desgraçado do Peixe fazia pra ela e a mãe dela. A mina estudava abessa, era amiga de geral. Diferente de mim que não cumprimentava nem minha sombra.
Até o dia que a loira trombou comigo, fiquei logo na neurose pra arrumar um caô com ela, até a desgraça conseguir desmanchar todinha minha marra com um biquinho lindo que nunca vou esquecer.
Depois daquele dia nós grudamos igual dois malucos, não tinha onde um fosse que o outro não tivesse atrás. Coloquei ela no meu nome mesmo, e fiz questão de ser o melhor nas primeiras vezes dela.
Tava tudo planejado pra pedir minha Maya em namoro no aniversário de quinze anos dela, tinha preparado todo um esquema, ia ser lindo. Até que invadiram o morro. Meu coroa caiu pros vermes e eu tive que assumir tudo isso aqui.
Fiquei sabendo que o peixe matou a mulher na frente da filha, e mandei ele de ralo igualzinho na covardia. Depois mandei meus homens procurarem notícia do paradeiro da minha loira.
O maior problema mesmo foi que ela sumiu do Brasil, e só depois de dez anos que tive notícia. Minha mulher virou dona de uma marca de roupas mundialmente conhecida, tem um filho que segundo a mídia é a cara dela, mas nem rede social tem porque odeia a exposição da mãe.
Muitas vezes tive crises em pensar nela com outros, e acompanho cada passo da vida dela desde então. É como se fosse minha série favorita, meu único ponto de paz no meio desse inferno que tem sido minha vida sem ela.
Mas tem outra mulher na parada, a dona do meu coração e da minha alma. Yasmin Siqueira Maldonado, minha filha pô.
O ano após a partida da Maya foi um dos mais difíceis que passei na minha vida, quase me tomaram o morro, me entupi de droga e bebida.
E numa das noites que tava afogando as mágoas que a vida me trouxe no fundo de uma garrafa de whisky, comi uma das putas que sempre jogavam pra mim sem proteção.
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Corações Interligados
Romance📍São Paulo, Paraisópolis | Madrid. Maya e Daniel se conheceram no auge da adolescência, hormônios a flor da pele, emoções alteradas, foi inevitável não se apaixonar a primeira vista, ao primeiro toque, beijo. Mas como estamos na vida real e não em...