11

839 120 9
                                    

|| Maya Guimarães ||

📍São Paulo, Morumbi, Domingo, 09:00.

Eu completei minha taça com goteiras, sempre faça teu melhor, tudo que você plantar, vai colher o dobro menor, ergue essa cabeça. Tirei água do pó, nós não dá ponto sem nó. Nós é mó pureza.

Estaciono em frente ao meu prédio e me espreguiço no banco tomando um pouco de água em seguida e sentindo o suor seco grudar na minha pele. Acordei cedo hoje tentando retomar minha rotina saudável já que essa semana pretendo doar leite, e fui correr numa praça que tem aqui no condomínio.

Depois dei uma passadinha no mercado pra buscar umas coisas pra fazer churrasco, já que hoje acordei salivando por uma carne assada. Escuto meu celular tocar no console e pego o mesmo, franzindo o cenho em seguida por ver o nome da minha nora brilhar na tela.

-- Maya: Bom dia minha boneca, à que devo a honra dessa ligação tão cedo em um domingo? - pergunto realmente curiosa e escuto o riso histérico que aprendi a amar finalmente nesse mês.

-- Yasmin: tô sozinha e carente nessa casa enorme, meu noivo tá em evento com o artista da vez, e meu pai tá lá na boca desde as seis horas, por favoooooooooooor sogrinha, me salva - diz toda manhosa e dramática me arrancando um riso alto que faz a mesma responder da mesma forma - se eu acender a churrasqueira e limpar a piscina você vem pra cá?

Essa menina sabe como me ganhar perfeitamente, nesses dias que tô pela capital paulista nos aproximamos demais, parece que vivi minha vida inteira ao seu lado.

Em relação ao Daniel eu preferi me afastar, trato ele com educação e carinho já que meu coração ainda é dele, mas não quero correr o risco de me magoar por alguém que leva a fama de desapegado.

A Maya que conheceu ele há vinte anos não saberia lidar com sexo casual se tratando do Daniel dela, então eu prefiro me preservar.

- Maya: vou subir e tomar um banho porque tô toda nojenta de correr mais cedo, aí coloco um biquíni e vou pra ai, pode ser?! - pergunto me dividindo em duas pra conseguir pegar as sacolas do supermercado e trancar o carro no alarme.

O gritinho animado seguido de um "TE AMO TE AMO TE AMOOOOO" me faz sorrir enquanto me despeço dela e agradeço ao seu Carlos, meu porteiro pela gentileza de abrir o portão e a porta pra que eu consiga entrar.

Enquanto espero o elevador chegar no último andar do meu prédio dou risada dos stories dela mais cedo perturbando o Daniel que tentou ao máximo não ser grosso, sem disfarçar seu mau humor.

O jeito que ele prioriza e trata a Yasmin sempre faz meu coração me castigar por horas, por isso tenho evitado cruzar com ele o máximo que consigo, ver ele sendo pai com certeza não ajuda diminuir minha paixão antiga e a atual só aumenta.

Deixo as coisas na bancada da ilha da cozinha e largo minha bolsa no sofá enquanto cantarolo a música que tava tocando na rádio do carro. Escolho um biquíni verde da coleção que ajudei a formular de uma marca querida, e tomo um banho rápido, só pra tirar o cheiro de suor da pele.

Visto um short jeans curto deixando pouco pra imaginação alheia e que valoriza minha bunda, e esvazio meus seios antes de sair, colocando a proteção absorvente pra não correr risco de vazar. Me perfumo, e pego as coisas novamente saindo de casa.

Dirijo concentrada sentindo o bafo quente do dia de verão no meio do inverno que faz lá fora, e meu coração aperta em pensar que daqui uns dias já tenho que voltar pra casa. Mesmo que eu queira me enganar, Madrid é minha casa, lá eu tenho minha vida, minha empresa, e mesmo que eu ame ficar perto do meu filho e agora daqueles dois, e ame ainda mais ter reencontrado meus amigos antigos, tá chegando a hora de voltar pra minha realidade espanhola.

Quando percebo que tô chegando na barreira, abaixo os vidros pra melhorar a visibilidade dos soldados, e enxergo dois antigos que tocavam o terror comigo quando era mais nova, junto de dois meninos novos, que pelo que percebi são "o braço direito" do Daniel.

Os mais velhos se aproximam já abrindo seus rotineiros sorrisos de quando tão na minha presença, maldonado diz que é um dom, que ninguém consegue manter a pose perto de mim. Se é ou não eu realmente não sei, mas em compensação, quando ele tá perto, geral fecha a cara.

- LK: Bom te ter de volta pelo morro loirão, pensei que depois de virar gringa ia esquecer dos pobres - diz fazendo graça com seu jeito descontraído e me arrancando uma risada.

- IG: Não consigo imaginar logo a loira do chefe virando esnobe LK - contradiz o outro me arrancando uma gargalhada pela discussão ridícula.

- Maya: Bom dia né meninos - digo sorrindo pros mesmos que reviram os olhos - primeiro Léo, posso ir pro outro lado do mundo, mas minhas raízes são aqui - ele sorri satisfeito fazendo joinha com a mão pra mim - e segundo senhor igor guilherme, para de me chamar de loira do chefe, vai que eu acabe apanhando nesse morro pelas mulheres que teu chefe anda? - digo indignada e levo um tapa na testa pelo leonardo que me encara entediado.

- IG: quem vê até acredita que alguém ficaria vivo dentro desse morro só de pensar em te fazer mal - fala entediado - se liga maluca, além do chefe, nossa lealdade sempre foi tua - rio baixo concordando - vai pra onde toda praiana assim? - pergunta recém notando minha roupa e eu estalo a língua me lembrando o porque de vir aqui.

- Maya: churrasco das meninas, minha nora tá me esperando, beijoooo - digo já acelerando e eles riem alto enquanto me distancio.

Estaciono em frente a casa enorme, e pego meu celular colocando no bolso traseiro do short, enquanto equilibro as sacolas novamente nos braços e travo o carro no alarme. Entro pelo portão e faço a volta pela área externa já escutando o funk alto e a voz animada da maluca cantando.

Quando ela me enxerga da um gritinho animado vindo me abraçar e pega as sacolas levando pra mesa e me mostrando que a churrasqueira elétrica já tá acesa. Ao perceber nossos biquínis da mesma cor, não me aguento e solto uma risada pela coincidência, dizem que quando convivemos demais com alguém ela pega nossas manias, pelo visto a gente criou mesmo uma conexão.

Ajudo ela a preparar as carnes e enquanto ela coloca as mesmas na churrasqueira junto ao pão de alho, linguiça e queijo coalho, faço dois drinks pra gente que aprendi no insta essa semana. Respiro fundo absorvendo o sol quente, e o calor que queima minha pele, tiro o short ajustando a calcinha do biquíni e sinto meu corpo queimar sob um olhar.

Não preciso me virar pra saber de quem se trata, já que mesmo que eu tente blindar, tanto meu coração, quanto meu corpo reconhecem sua presença mesmo estando longe. Ele dá um beijo na testa da filha e me puxa pra um abraço.

Suspiro sentindo todo meu corpo reagir ao seu simples toque, já sabendo o quanto esse homem me afeta.

- Maldonado: Bom dia minha luz, tá um pecado nesse pedaço de pano - diz rouco enquanto inspira devagar o meu perfume e deixa um beijo no meu ombro.

Praguejo baixinho sentindo todos os meus pelos arrepiarem com esse simples gesto.

- Maya: Bom dia pretinho, tava trabalhando? - retribuo o beijo, no pescoço dele dessa vez vendo seu corpo estremecer, e sorrio discreta levando o canudo até minha boca enquanto me afasto entrando em uma conversa fora de onde toda aquela tensão nos levaria, e vendo o sorriso irônico no rosto da Yas.

- Maya: Bom dia pretinho, tava trabalhando? - retribuo o beijo, no pescoço dele dessa vez vendo seu corpo estremecer, e sorrio discreta levando o canudo até minha boca enquanto me afasto entrando em uma conversa fora de onde toda aquela tensão nos...

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Corações InterligadosOnde histórias criam vida. Descubra agora