|| Daniel Maldonado ||
📍São Paulo, Paraisopolis, Sexta-feira, 21:00.
Bobo já sabendo que não vai dar certo. Mas é bem pior não ter você por perto. E se eu for errando assim. Vai que eu acerto. Vou adiando o fim só pra viver. Nesse presente incerto.
Não me dou o trabalho de responder as besteiras que o vapor fala no meu lado. Enquanto meus olhos fixam na loira que sobe o morro sorrindo e cumprimentando alguns conhecidos, com o braço enganchado ao da maluca que eu chamo de filha, enquanto conversam animadas sobre algo.
Hoje é dia de baile, fechei uma quadra pra promover, e mandei a Yasmin convencer a sogra de vir, já que não quero ficar sendo chato e insistindo em ver ela todos os dias, por mais que essa realmente seja minha vontade.
Me recosto na minha moto observando a movimentação crescendo a cada minuto que passa, e seu olhar percorre todo o perímetro ao nosso redor, enquanto ela desfila elegância e esbanja a simpatia que todos se encantam.
A blusa diferente colada com a transparência destaca seus peitos enormes, enquanto a alça da calcinha atrai atenção pras suas curvas e a calça da o ponto final no conjunto perfeito que chama a atenção de quem quer que seja.
Os cabelos loiros sempre foram seu diferencial, porque mesmo não sendo naturais, combinam perfeitamente com ela. Seu tom é bem mais escuro do loiro que ela usa atualmente. A maquiagem destacando seus detalhes.
Por um momento sinto o ar ficar escasso nos meus pulmões enquanto observo a beleza da minha mulher. É incrível os efeitos que a Maya tem sobre mim, mesmo depois de tanto tempo, e mesmo que desde que nos reencontramos só tenhamos dado um selinho.
Elas encontram o mauricinho filho dela que fecha a cara rapidinho pra um moleque que chega cheio de graça na mãe dele. Já arranjei um aliado, parece mesmo que não é uma má ideia ser amigo do meu genro.
Ele coloca as duas pra frente do seu corpo de modo protetor e eu começo a repensar meus conceitos sobre esse moleque. Maya parece ter criado um homem de princípios, não seria diferente vindo dela.
Yasmin guia eles até o camarote e eu me despeço dos moleques ali subindo pra lá em seguida, não aguentando mais a ansiedade de estar tão perto mas tão longe da minha luz. Essa mulher equilibra meus dois lados da mesma moeda. Sem ela, só existe o traficante sangue frio.
Cruzo o baile sem cumprimentar ninguém observando os olhares aflitos em minha direção enquanto cruzo pela multidão. Não curto bajulação, não sou bom, nem simpático, geral tem consciência, então só faz um sinal com a cabeça em cumprimento e respeito.
Chego no camarote já procurando ela, e quando encontro minha cara fecha no automático. A desgraça tá cheia de sorrisos com os antigos amigos que deixou por aqui. Tá aí uma coisa que eu nunca soube controlar, o ciúme que me corrói quando o carisma da Maya se destaca ao ponto de todos no recinto babarem por ela.
Foi assim na nossa adolescência, foi assim quando via suas entrevistas, e tá sendo assim com ela rodeada de urubus que só faltam lamber o chão que ela tá pisando. Eu não consigo julgar eles, porque eu mesmo rastejaria por atenção daquela mulher, mas eu fico possesso de qualquer forma.
Coço a garganta chamando a atenção dos moleques que perdem a cor ficando sem jeito e tratam de ir caçar seus rumos, e o riso baixo com o olhar de repreensão que me queima, me faz sorrir de canto reconhecendo seu temperamento.
— Maya: boa noite Daniel - diz dando ênfase ao cumprimento e cruzo os braços na altura do peito, encarando ela serinho.
— Maldonado: acho que vou ter que fazer igual fizeram com a princesa lá do shrek e te prender numa torre pô, propriedade privada de Daniel Maldonado - resmungo fazendo ela gargalhar jogando a cabeça um pouco pra trás e me fazendo sorrir por aquele som aquecer meu interior.
Antes que ela possa me responder uma ruiva que já comi algumas vezes mas não lembro o nome vem na minha direção cheia de intenção me fazendo praguejar.
Maldito pau que eu não consigo manter dentro das calças. Nunca fiz questão de salvar nomes, e não seria porque a mina é gostosa que eu mudaria isso. Os únicos que tenho marcado até na minha pele são os da minha mulher e da minha filha, sem mais.
Suas unhas pontudas e rosa choque seguram meu braço e eu percebo a loira a minha frente segurar o riso quando minha expressão forma uma careta ao escutar a voz fina e esganiçada que sai da boca da mulher.
— Suelen: boa noite patrãozinho, achei que você ia querer companhia como nos outros dias - a mulher que eu sei que o nome começa com S se insinua tentando fazer com que a Maya saia dali.
— Maldonado: olha aqui Suzana - tiro sua mão da minha pele e ela me encara brava - já tô muito bem acompanhado da única mulher que tem minha atenção essa noite - afasto ela puxando a loira pros meus braços que ri baixinho encarando a ruiva que tem os olhos em chamas.
— Suelen: é suelen chefinho - diz amarga encarando minha mulher dos pés a cabeça e me fazendo fechar a cara pela ousadia dessa vagabunda - sua mulher sabe que transamos semana passada? - diz provocativa disseminando seu veneno e meu sangue ferve.
Levo a mão direita pro cós da minha calça pronto pra pegar minha arma e dar dois tiros na cara dessa vadia que tá achando que pode se crescer em cima de quem eu amo na minha frente, dentro do meu território.
E sinto minha respiração antes descompassada pela raiva se acalmando quando a mão da minha luz toca minha pele pedindo baixinho pra eu deixar ela resolver. E acabo cedendo deixando a mesma tomar a frente da situação, com toda sua educação e classe que me encantam.
— Maya: não me leva a mal linda, mas você precisa se valorizar um pouquinho, como vem se atirando pra alguém esperando que ele vá estar sempre a sua disposição? - ela diz fazendo um sinal pro LK, vapor antigo que conhece ela desde pequena pedindo uma dose - somos amigos de infância meu anjo, não sou mulher do Daniel, então a vida sexual ou amorosa dele só diz respeito a ele, já que você faz tanta questão de saber, mas como eu não consigo deixar minha sororidade de lado, deixa eu te dar um conselho - diz enquanto pega a bebida que o moreno traz pra ela - obrigada Léo - diz seu apelido sorrindo pro mesmo que faz um joinha com a mão se afastando novamente - prato muito disputado, a gente deixa pra quem tá passando fome amor - pisca pra ruiva que encara a cena boquiaberta assim como eu.
Ela se vira na minha direção deixando um beijo no meu rosto e sussurrando um "vou dançar com nossos filhos", e se afasta rebolando aquela raba gostosa que chama atenção de todos por onde ela passa.
E ali parado babando na dona dos meus pensamentos e do meu coração eu percebo, que acabei de estragar qualquer chance de reconciliação imediata com a cena ridícula que a buceta dourada fez achando que ia gerar ciúmes na loira.
Maya sempre deixou claro que deveria ser priorizada em uma relação, e algo me diz que ela sentiu que teria que competir pra ter lugar na minha vida. Vou ter que ralar dobrado agora pra mostrar pra ela que o lugar dela é único no meu coração.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Corações Interligados
Romance📍São Paulo, Paraisópolis | Madrid. Maya e Daniel se conheceram no auge da adolescência, hormônios a flor da pele, emoções alteradas, foi inevitável não se apaixonar a primeira vista, ao primeiro toque, beijo. Mas como estamos na vida real e não em...