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|| Maya Guimarães ||

📍São Paulo, Morumbi, Terça-feira, 20:00.

Quem é que não tem uma ex. Que quando fala ex. Vem ela na cabeça. Mesmo tendo outras seis. Que nunca passa a vez. Que nunca vai ser nunca. E pra sempre ser talvez.

Ajeito meu vestido no corpo, enquanto passo meu perfume e em seguida retoco meu batom. Checo o visual mais uma vez no espelho, colocando alguns fios de cabelo no lugar, e escuto a campainha tocar.

Hoje combinamos de conhecer a noiva do Heitor, durante a tarde ele me contou que eles se conheceram em um show do agenciado dele, e quando ele menos esperava, já tava pedindo a menina em casamento.

Não posso julgar, meu filho pegou toda a minha intensidade, o que o pai dele tem de sensato, calmo e racional, eu tenho de impulsiva, emocionada e intensa.

Eu lembro que propus casamento pro Paolo assim que descobri meu príncipe, e ele riu dizendo que não tínhamos idade pra casar, e que ele não iria me abandonar por não termos esse vínculo, e mais, seria um pai presente.

Graças a Deus viu, porque eu não me vejo casada com ele, somos muito opostos e cúmplices pra isso. Paolo sabe inclusive os detalhes íntimos de todos meus casos, e sempre ri quando pego algum homem ruim.

Abro a porta vendo o sorriso enorme do meu filho, enquanto seu braço entrelaça a cintura de uma morena mais baixa que ele. Analiso rapidamente a menina, sorrindo simpática e abrindo espaço pra eles conseguirem entrar.

Seus olhos se arregalam levemente me fazendo rir baixinho, enquanto ela deixa a boca abrir um pouco me analisando por inteira. Já conheço essa reação, todos pensam que a mãe do Heitor tem quarenta e cinco anos, ou que meu filho tem quinze, enquanto a verdade é só uma.

Maya: eu sei, o Heitor parece velho demais pra ser meu filho - tiro ela daquele transe fazendo a mesma rir baixinho - entrem crianças, por favor - indico a sala pra eles que concordam com a cabeça e vejo ela olhar pra tudo ali admirada e envergonhada.

Yasmin: desculpa a minha falta de educação senhora Guimarães, Heitor não me disse que a mãe dele era uma grande gostosa - diz ainda chocada me fazendo rir pela sua sinceridade e percebo que as palavras saíram sem querer quando ela cora violentamente - me desculpa por isso também, as vezes eu falo sem pensar, eu trouxe isso pra gente - me alcança um vinho da safra que eu sou apaixonada e eu sorrio agradecida.

Maya: mostra pra ela a varanda meu filho?! Eu vou buscar a taça pra tomarmos - ele sorri concordando vermelho de tanto segurar o riso - e Yas, você que é a grande gostosa aqui - pisco um olho deixando um riso cúmplice escapar enquanto dou as costas pra eles e caminho pra cozinha negando com a cabeça.

Escuto a gargalhada que eu conheço desde que ele tinha cinco anos, e em seguida ela murmurando brava pra ele parar.

Já adorei essa menina, ela tem uma energia tão gostosa. Sou muito de primeiras impressões, se eu não gostar de alguém logo de cara, pode saber que essa pessoa tem algo de muito ruim com ela.

Ela me lembra minha energia quando eu tinha essa idade, desbocada, alegre. Seus traços não me são estranhos, e aqueles olhos escuros brilhantes me trouxeram algumas memórias tão gostosas.

Deixo um sorriso escapar junto de um suspiro quando balanço a cabeça devagar tentando afastar o dono dos meus pensamentos. Sou muito boba apaixonada, desde sempre o Daniel se manteve aqui, e a ideia do que poderíamos ser, me atormenta até os dias de hoje.

Corações InterligadosOnde histórias criam vida. Descubra agora