3. Letícia

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Dou mais um gole no meu drink enquanto vejo Matias Bernardi furar o mar de pessoas que inunda o navio

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Dou mais um gole no meu drink enquanto vejo Matias Bernardi furar o mar de pessoas que inunda o navio.

Essa - definitivamente - não era a reação que eu esperava.

Eu sempre soube que ele nunca tinha casos em Aroeiras e eram poucas as mulheres daqui que poderiam se gabar de terem tido qualquer coisa com ele nos últimos anos.

Aparentemente, Matias Bernardi é bom demais para as garotas locais.

Enquanto elas são esnobadas, ele desfilava com modelos e subcelebridades em suas viagens a negócios na capital e no exterior.

Não é uma concorrência fácil, então eu tinha resolvido ser apelativa.

Minhas pernas se cruzam na tentativa de me equilibrar na banqueta do bar sem mostrar minha calcinha, mal coberta por uma minissaia preta. O ar frio bate nas minhas costas nuas, à exceção das finas correntes prateadas que prendem minha blusa frente única. Meus pés estão dormentes graças aos minutos aguardando na fila, enquanto me equilibrava nessas botas de salto fino.

Preto, couro, decote e pernas de fora: me vesti meticulosamente inspirada na última modelo que saiu numa revista com Matias Bernardi.

Por isso, quando captei seu olhar, em troca, esperava ao menos um sorriso.

No lugar, recebi uma cara de puro nojo.

Matias parecia que ia vomitar a qualquer momento e me pergunto se era possível que já estivesse bêbado, apesar da hipótese parecer improvável.

Não é nem uma hora da manhã ainda.

Minhas amigas fazem sinais diretamente da pista de dança me chamando pra me unir a elas ao som de Harry Styles.

Bebo mais um gole do drink, esticando a cabeça à procura do homem alto e loiro que acabou de sumir em meio aos corpos suados pela aglomeração.

Será que ele vai voltar?

Para onde ele foi?

Meia hora depois, desisto e resolvo curtir a noite como se ele não existisse. Troco os drinks por shots de tequila e não me incomodo quando a minha saia sobe um pouco se desço até o chão com minhas amigas.

Percebo olhares familiares sobre mim e sei que eles não me reconhecem.

Mas eu me lembro de cada rosto dessa cidade, apesar de ter saído daqui há tantos anos.

Quando eu ainda morava em Aroeiras, alguns desses rostos estavam cheios de espinhas. Outros, ostentavam um sorriso metálico com elásticos coloridos. Os cabelos eram mais compridos e cada um ainda buscava descobrir o seu próprio estilo.

Mas, mesmo com as mudanças benéficas da vida adulta, não demoro a reconhecer um homem loiro e esguio que me observa do bar. Quando retorno seu olhar, ele abre um sorriso confiante. As luzes encontram seu rosto por um instante e iluminam seus olhos verdes como esmeraldas. As feições, os cabelos loiros e o porte atlético lembram os Bernardi, mas ele não é um deles.

Por pouco.

É um Morelli Gatti, um parente de Matias, mas, nessa noite, vou chamá-lo de Plano B.

Ergo meu drink na sua direção, aponto o canudo para mim e fecho os lábios lentamente ao redor dele. Meus movimentos são óbvios o suficiente para fazer com que ele pouse o seu próprio drink no bar, dê dois tapinhas nas costas do amigo e caminhe na minha direção com um sorriso confiante.

Ainda não trocamos nenhuma palavra e ele deve estar pensando o que dizer para me convencer a deixar essa boate com ele.

No dia seguinte, ele vai se gabar de ter sido tão fácil. Mal sabe ele que não vai ser preciso nenhum convencimento.

Vamos sair daqui juntos, só não vai ser por nenhum dos motivos que ele imagina. 

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