1991
Beauty and the Beast
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A minha história é rápida, confusa e melancólica.
Quando ele chegou, de alguma forma, ela fez algum sentido.
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Eu tinha dezoito anos na época. Era inicio dos anos 90. Melhores filmes e séries, melhor fase da moda e com certeza, a época das melhores músicas. A Califórnia estava cheia disso tudo e mais um pouco. Minha mãe não deu muita importância quando liguei de um telefone público, falando que estava em outro estado, com uma mala média e alguns sonhos no bolso. Minha mente montou um personagem menos rude e narcisista dela e me obriguei a pensar que ela sabia que eu me cuidaria bem sozinho. Isso me magoou menos, até eu me tornar uma pessoa realista e menos sonhadora e perceber que ir embora sem avisá-la foi, em sua vida, um alívio imediato.
Sempre criei versões distintas das coisas ao meu redor para evitar me magoar com a realidade ao qual eu vivia. Chegou um ponto em que nem a mente mais brilhante e fantasiosa conseguiria aliviar o peso de sempre viver no escuro.
— Querido, sentirei muito a sua falta — Eu podia ouvir vozes ao fundo. Onde estaria ela agora? Ou melhor, em qual bar? — Mande alguma coisa para sua mãe assim que estiver estável.
— Ok — Hesitei um pouco. — T-te am-o.
Essas palavras nunca saíram da minha boca para ninguém antes. Nem para minha mãe. Naquele estágio da vida eu quis deixar meu orgulho de lado e dizer.
Eu estava sozinho. Eu sempre estive, mas dessa vez, entre milhares de rostos e corações batendo, eu só conhecia a mim mesmo.
Eu não amava minha mãe. Nunca amei. E esse sentimento me assustou uma vida inteira, porque eu sempre achei que o problema fosse eu.
Até agora.
Eu deixei tudo para trás. Eu queria me livrar de qualquer mágoa. Ansiei por dizer "Eu Te Amo", porque nunca o tentei antes. E eu não tinha nada a perder.
E foi quando sua resposta veio que eu tive certeza.
Certeza de que nós nunca estamos vazios o suficiente. Alguém sempre vai nos tirar algo. Sempre há um resquício de esperança que será arrebatada de nossas almas.
Tenho uma teoria própria de que os seres humanos são como vasos de vidro. Somos corpos de vidro. Algumas pessoas virão e vão fazer de seu corpo um jardim. Ao tempo que uma melodia suave preenche o vazio, eles te encherão das mais lindas flores. De todos os tipos. Cultivarão em você margaridas, como prova de um amor inocente e rosas vermelhas, juntamente com uma paixão avassaladora. Trarão tulipas amarelas, te enchendo de alegria e vontade de viver. Um amontoado de girassóis, caso você precise sair da sombra.
Então, como uma floresta, você será desmatado. Com sorrisos falsos e abraços congelantes, trarão uma frente fria. Lentamente os girassóis, sem ver o sol, desfalecem no breu. Tudo some. As rosas são valiosas, essas serão levadas para o próximo corpo de vidro. O restante será pisado, arrancado, soterrado, perdido e nunca encontrado. Só sobrará a terra, seca demais para fazer as sementes jogadas ao chão florescerem.
Enquanto você não for só um corpo de vidro e te sobrar nada além da transparência e trincos grandes demais para serem reparados, eles vão te sugar, como a porra dos dementadores que são.
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Até Que A Música Nos Separe • LS
FanficCom uma mãe extremamente narcisista e a morte de seu pai, o garoto de cabelos cacheados teve certeza de que tudo que ele almejava estava em Los Angeles, e era para lá que ele iria. Uma curiosidade sobre Harry, é que ele vê o mundo de um jeitinho dif...