CAP 06

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Boyfriends

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Quando Louis desapareceu da minha vista, deixei que as lágrimas caíssem uma á uma, lenta e vagarosamente.

Eu não estava chorando por ele, estava chorando por mim.

Eu venho tentando me curar á tanto tempo, mas parece que quando estou quase lá alguém me puxa para me lembrar que meu lugar é um pouco mais insignificante do que eu pensei.

Nem me dei conta quando Madame Nora chegou de mansinho e sentou-se ao meu lado, no balanço.

—  Me conte tudo, meu bem.

Levantei-me do balanço e me sentei no chão aos pés de Nono e chorei em seu vestido florido, sentindo cheiro de amaciante de lavanda.

Chorei por todos os acontecimentos do dia, por todos os infortúnios da vida. Chorei só por chorar. Chorei porque parecia certo não guardar tudo para mim, daquela vez.

Madame Nora fazia um carinho gentil em meus cabelos enquanto eu me sentia frágil demais para relutar.

—  Eu quero me apaixonar de novo, Nono — Falei entre um soluço ou dois. Minha voz saia abafada, porque eu ainda á abraçava como se fosse uma âncora que me tiraria do fundo do mar. E talvez fosse. — Por que é tão difícil fazer uma coisa tão fácil quanto amar?

—  Porque nem todo mundo está disposto a tornar o amor uma coisa simples.

—  O que isso quer dizer?

—  Que amar é fácil, é lindo. Que nada mais importa quando se é jovem e apaixonado — Ela dizia tão calma, uma serenidade que me trazia uma paz inigualável. — Mas, começa a importar quando você entrega o coração nas mãos da pessoa errada. Quando você quer viver á dois, em uma casa que só cabe um morador. Então ao invés de amar mutualmente, você se encontra amando sozinho. E por mais que seu amor seja em quantidade quase infinita, amor sozinho não vende. E você tentou dar de graça amor para quem não tinha uma colher de chá de paixão por você. Os dois lados têm que oferecer algo, você tinha amor para os dois, e ele só tinha amor para si mesmo.

Eu fiquei alguns minutos absorvendo suas palavras.

Os olhos azuis bonitos não saiam da minha mente.

—  Eu não sabia que Ryan já havia saído da cadeia — Seu tom de voz estava áspero. Estava com raiva, mas não era de mim. — Por que não me disse nada?

—  Eu fiquei sabendo somente na sexta. Não achei que ele voltaria a me importunar. Até porque deixamos bem claro que, pelo menos, eu teria medida protetiva.

—  Eu quero muito que aquele moleque venha aqui. Que eu enlouqueço de vez, mato ele e vendo os restos mortais junto com os doces.

—  Que mente macabra, Nono. Foi assim que Leonarda Cianciulli¹ se tornou uma das mais temidas assassinas da Itália. — Soltei um riso contido. — Eu não o odeio. Acho que nunca odiei ninguém, nem minha mãe por ter me feito acreditar que o máximo que eu chegaria de amar alguém, seria do jeito que foi com Ryan. Eu só não queria ter passado pelo que passei. Acho que o universo poderia ter me dado uma lição menos dolorida. Eu não o odeio, só queria nunca ter o conhecido. Ele não merece que eu manche meu coração com ódio, Nono. Ele não merece minha raiva. Ele nunca mereceu nada de mim.

—  Não foi a forma mais justa, meu filho, mas agora você sabe que merece o mundo. Só precisa deixar esse medo de lado.

O silêncio prevaleceu enquanto ela fazia um carinho em meus cabelos, estava quase dormindo.

Até Que A Música Nos Separe • LSOnde histórias criam vida. Descubra agora