Hyunjin e eu éramos amigos há muito tempo. Quando digo muito tempo, eu quero dizer que fomos aquele tipo de bebês sem dente se abraçando em algum parquinho com a bochecha suja de terra.
Minha mãe é médica e o meu pai não se importa muito com a gente, ele se mudou e começou outra família, minha mãe nunca insistiu para que ele ficasse. Quando eu era criança e não podia ficar sozinho em casa, a nossa vizinha gentil, senhora Hwang, ficaria comigo, já que minha mãe precisava fazer plantão.
Nos nossos primeiros anos de vida, Hyunjin não gostava de mim. Talvez porque eu precisasse da atenção da mãe dele ou algo assim, mas ele não queria nem saber da minha existência. Fomos nos aproximar realmente no primeiro fundamental, foi quando conhecemos Felix e eu não precisei mais passar as tardes na senhora Hwang.
Naquela escola, também, que conheci Minho, apesar da sua breve estadia conosco, algo que sempre me atazanou – agora eu já sabia o porquê, ele havia se mudado, sua vida havia mudado drasticamente.
Hyunjin me conhecia tão bem, ele sabia o que eu estava sentindo até antes de mim. Ele sabia quando eu ia ficar doente, ele sabia que eu não era cis e incrivelmente ele era a única pessoa que sabia os meus pronomes sem ter que perguntar. Eu não acreditava em almas gêmeas, mas em meu âmago, estava convencido que ele era a minha. Nada poderia mudar isso. Hwang Hyunjin, meu melhor amigo, era e sempre seria quem eu recorreria quando precisasse de ajuda, pois ele era a pessoa que eu mais admirava e confiava no mundo.
De repente, fui acordado por Hyunjin batendo a porta do carro com força. Sua expressão irritada entrava em contraste com seu pijama de patinhos, o que me fez querer rir um pouco, mas eu sabia que aquele não era o momento.
Eu estava levemente bêbado, com dor de cabeça e o rosto inchado por ter dormido logo após chorar. Não sabia quanto tempo havia ficado ali, mas sabia que algo tinha acontecido.
Hyunjin estava muito irritado. O observei em silêncio. Ele estava dando socos no volante, alguns que acionaram a buzina, quebrando o silêncio daquele lugar. Mas eu não estava assustado, eu sabia que ele nunca faria nada comigo.
Depois de alguns instantes, ele se acalmou, respirando fundo. Deixou sua cabeça repousar sobre o volante, seu cabelo comprido caiu sobre seus olhos, me impedindo de ver sua expressão.
— Que merda você tem na cabeça, Jisung? – ele perguntou, baixinho, se não fosse pelo silêncio eu não teria o escutado.
Sabia que ele não queria que eu respondesse, assim como eu não tinha tal intenção. Nos conhecíamos bem.
Ele me encarou, e então murmurou um "que merda...".
— Que porra você tava pensando quando deixou esse filho da puta te trazer aqui?! Onde você tava com a cabeça, porra! – deu outro soco no volante: — Você é maluco?!
Ficamos em silêncio. Eu fiquei, na verdade, pois sua respiração estava tão pesada que eu conseguia escutá-la. O rádio tocava alguma música baixinho de fundo.
— A sua mãe sabe onde você estava? – perguntou, como se tivesse desistido de entender o que eu estava pensando, então deu partida no carro.
Pensei um pouco antes de responder.
— Ela nunca sabe.
— Você é realmente um idiota. – suspirou fundo, voltando a ficar irritado — Eu achei que você tinha parado com isso, Jisung.
— Parado com o quê?
— De ser assim... – olhou diretamente para mim — Você não aprendeu nada mesmo, né? Uma vez não foi suficiente?
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Dandelions ❀ - MINSUNG.
ФанфикOnde Jisung só precisava de verba para manter seu clube de HQs e mangás funcionando, mas isso dependia de uma pessoa: Lee Minho. O cara misterioso que parecia odiar todos da escola, e, de bônus: o vice-presidente do grêmio estudantil. [genderfluid¡J...