capítulo dezoito

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     Ficamos um tempo sentados um ao lado do outro. Ninguém dizia nada, olhava para algum lugar ou fazia algum movimento. Éramos como duas estátuas, petrificadas uma ao lado da outra.

      Depois de muito tempo, eu resolvi quebrar o silêncio. Nao estava mais aguentando.

      — Então... – falamos em unissono. Eu apenas não esperava que ele, ao mesmo tempo, resolveria dizer algo também.

      — Pode falar. – ele se apressou em dizer.

     — Não, diz você primeiro. – respondi, mas apenas por educação, já que eu queria expulsar aquele doido da minha casa. Porém, claro, ele não entendeu a minha cordialidade.

     — Bem, então... ta afim de fazer alguma coisa? – perguntou.

     Seu questionamento me fez entrar em choque. O quê?! Como assim fazer alguma coisa...?

     — Como assim? – expus meus pensamentos.

     — Tipo, ir comer alguma coisa na lanchonete do Changbin, sei lá... – ele coçou a cabeça, depois desviou o olhar.

     — Você... tá me chamando pra sair..? – genuinamente em choque, eu questionei.

     — O quê?! Não! – ele tratou logo de me corrigir — É só que, eu já estava indo pra lá, então... sei lá? Parece que você vai ficar sozinh... – se interrompeu por alguns instantes, depois perguntou: — Desculpa, mas quais são seus pronomes agora?

     — Ela/elu. – respondi com naturalidade, já que estava acostumada. — Você já perguntou... – murmurei a última parte.

     — Ok. – assentiu com a cabeça. — Continuando: eu já estava indo pra lá, e sair sem dizer nada é grosseiro. Pode não parecer, pelo meu jeito, mas eu tive uma educação muito boa, ok? E também, parece que você vai ficar sozinha o dia inteiro, então...

    Meu cérebro desligou depois de "sozinha". Sua voz ecoava em minha cabeça... sozinha... sozinha... Era estranhamente irritante como sua voz soava bonita quando ele não estava sendo transfobico. Era estranhamente gostoso tê-lo me tratando pelos pronomes certos.

     Depois de um tempo indeterminado, eu senti sua mão tocando meu ombro, me chacoalhando

      — Jisung? – ouvi sua voz me chamando — Por que você ta me olhando assim? Eu fiz algo de errado?

     Eu ainda estava impressionada, extremamente impressionada. Não é possível que ele, esse homem que estava em minha frente, fosse Lee Minho. Não conseguia acreditar que esse homem, esse rapaz que estava há muito tempo em um monólogo sobre sei-lá-o-quê era o Sr. Perfeição e Borboletas, vice-presidente do Concelho Estudantil... era inacreditável!

      — Por quê... Por que você está sendo tão legal comigo? – senti minhas bochechas vermelhas. Não acreditava que tinha chamado aquele cretino de "legal".

      — Sabe... eu queria ser seu amigo. Não quero viver em pé de guerra com você, ainda mais agora que estamos do mesmo lado... – sorriu ao final de sua sentença.

     Seu sorriso parecia tão brilhante que me hipinotizou. Eu nunca tinha visto algo tão bonito antes, alguém tão bonito antes, parecia que o seu sorriso era um farol e eu era uma mariposa perdida...

     Estava me mordendo de raiva! Não queria me sentir assim! Ainda mais por alguém tão idiota, um marginal, como Lee Minho!

      — Se você quer que eu seja sua amiga, vai ter que conquisar a minha amizade! – falei, em um tom honestamente bravo. — A vida não é tão fácil quanto você pensa.

Dandelions ❀  - MINSUNG.Onde histórias criam vida. Descubra agora