Capítulo Dezessete

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     Eu estava tão brava! Tão, mas tão brava que saí sem olhar para trás. Fui logo em direção a escola.

    Meus olhos estavam cheios de lágrimas. Por mais que eu parecesse durona por fora, é lógico que essas coisas magoavam. Ninguém deveria passar por isso.

     Quanto mais eu andava, mais sentia meu rosto arder (de raiva) e meus olhos cada vez mais molhados. Não demorou muito para as lágrimas escorrerem.

      Só notei o quanto tinha andado quando vi que estava em frente a minha escola. Nem percebi a falta de movimentação, até fiquei mais aliviada porque na minha cabeça eu tinha chegado cedo e não ia perder aula.

     Entrei. Percebi que a porta de entrada estava aberta e tinha um cheiro muito forte vindo de dentro.

    Enxuguei minhas lágrimas e olhei em volta.

    Depois de alguns instantes raciocinando, eu somei tudo. Minho havia me parado no meio da rua pra perguntar o que eu estava fazendo ali, a falta de pessoas quando eu cheguei e esse cheiro vindo da escola. Provavelmente tinha acontecido alguma coisa, e eu não fiquei sabendo porque deixei o celular em casa, carregando.

     "Caramba, como eu sou sortude!"– em tom de ironia.

     Olhei em volta mais uma vez, e me afastei da porta. Aquele cheiro estava começando a me enjoar.

    Mas então, reparei, novamente, que a porta estava aberta? Por que estava aberta?

    Não era possível que tinha alguém lá dentro. Eu não estava aguentando ficar do lado de fora com a porta aberta, imagina como estaria se alguém entrasse?

    Mas então um pensamento cruzou a minha mente.

    "Impossível!", pensei.

    Mas não era tão impossível assim. Do jeito que...

    — Puta que pariu! – exclamei quando me aproximei da porta e reparei que havia alguém lá dentro.

    Não pensei duas vezes antes de segurar minha respiração e entrar. Meu complexo de super heroína me fazia não conseguir deixar isso pra lá! Não importa quem fosse.

    Corri para dentro, peguei o corpo que tinha mais ou menos a minha altura e apoiei nas minhas costas. Aquela pessoa estava desmaiada ali, sabe-se lá por quanto tempo.

     Nem olhei quem era, já que não dava pra ver direito com o pano cobrindo seu rosto. Mas eu já tinha um palpite.

     Revirei os olhos e saí correndo, com dificuldade, para fora da escola. Quando saí, deixei o corpo no chão para fechar a porta.

     A porta da nossa escola era grande e de madeira. Era enorme, antiga, muito pesada e difícil de fechar. Eu não sei que milagre me fez conseguir fechá-la sozinha.

     Depois de conseguir, sentei no gramado respirando com dificuldade. Tossi algumas vezes e depois olhei para o corpo desmaiado ao meu lado.

     Chequei sua frequência cardíaca pelo pulso e encostando meu rosto em seu peito, para escutar seu coração. Aparentemente, apenas estava desmaiado.

    Eu precisava levá-lo para o hospital, o mais próximo era muito longe dali. Eu estava sem celular, então não dava para ligar para a ambulância.

    Tentei procurar o dele, mas aparentemente esse idiota também estava sem celular. Sem muitas opções, tive que fazer o que qualquer pessoa sã faria no meu lugar: peguei a chave da moto dele.

     Por alguns instantes eu até cogitei a possibilidade de deixá-lo ali e a escola lidar com isso, mas é obvio que não o fiz.

     Nós morávamos em uma cidade pequena, em um bairro afastado. O hospital mais perto era na cidade vizinha, então todos os moradores aprendiam algumas manobras de reanimação. Sem muitas opções, a mais segura era levá-lo para a minha casa. Se ele não acordasse até a minha mãe chegar, eu pediria para ela levá-lo ao hospital.

Dandelions ❀  - MINSUNG.Onde histórias criam vida. Descubra agora