Dandelions ❀ - MINSUNG.

capítulo um

   Desamassei a minha saia pra ganhar um pouco de dignidade, mas senti minha garganta trancar e uma vontade de chorar súbita se apossou de mim.

  Eu queria gritar e falar pra ele que ele era um mimadinho de merda e que ele nunca ia entender o que eu estava sentindo, mas me controlei. Aquele cara nem mesmo me olhando estava.

   Caminhei lentamente até a sua mesa e sorri forçado. Fiquei parado até o Sr. Perfeição Lee notar que ainda tinha alguém ali.

   Ele levantou o olhar por uma fração de segundo e depois voltou aos papeis que estava assinando ou sei lá. Não me importava e nem era curiosa o suficiente pra ver sobre o que eram.

   — Ahm.. a gente pode conversar...?

   Lee Minho passou o seu olhar das folhas até mim, me escaneou. Seus olhos encontraram os meus e me irritava profundamente o quanto eles eram bonitos. Olhou para as folhas de novo e murmurou:

   — Claro, o que deseja?

   — Olha, sobre o fechamento do clube.. Eu entendo, eu realmente entendo se for falta de verba, mas você não acha meio injusto faltar dinheiro para nós enquanto o clube de xadrez, que nem é um dos clubes principais, ganha uma quantia tão alta? – fiz uma pausa para respirar — Sinceramente, eu só queria lhe convidar a repensar suas decisões. Isso pode prejudicar a escola, você sabe, o meu... digo, nosso clube, é bem importante para as atividades anuais e eu...

  Ele não olhava para mim quando me interrompeu:

  — Foi decisão da presidente. Não tem nada o que eu possa fazer.

  Essa fala fez a minha garganta fechar mais ainda e meus olhos lacrimejarem um pouco.

  Pela minha cabeça passavam mil xinagamentos que eu queria chamar esse cara. Eu almadiçoaria até a quinta geração desse filho da puta desgraçado, mas tudo que eu consegui dizer, com um murmurio embargado:

   — Claro que foi.

   E depois saí da sala batendo o pé.

   O horario das aulas já tinha acabado, já que o usamos o ultimo periodo para a reunião dos clubes.

   Percebi que ficar até depois não foi uma boa escolha, porque eu acabei perdendo meu ônibus. Eu teria que voltar a pé.

  Estava dando tudo errado: teria que fechar meu clube, meu ônibus passou antes que eu pudesse embarcar e ainda por cima estava chorando.

   EU estava chorando. E odiava chorar.

   Para mim, chorar é a maior demonstração de fraqueza que eu poderia ter. Odiava chorar. Odiava me sentir fraco e impotente.

   Eu nunca julgaria ninguém por isso, mas se fosse eu... a historia era diferente. Simplesmente, não haviam motivos pra chorar em minha vida, eu tinha amigos legais e uma familia compreensiva. E me sentia tão idiota por isso quando existiam pessoas que eu gostava que estavam passando por situações piores.

   Mas simplesmente não consegui segurar, foi instantâneo. Eu saí daquela sala e senti o baque de tudo sobre mim.

   Ele não entendia porque não era importante pra ele, mas... mas aquele clube era tudo pra mim. Eu não conseguia aceitar que tudo estaria acabado em um mês.

   Ele não entendia como é me sentir sufocada em qualquer lugar que eu vou, e não entendia a dor de ver o lugar, o único lugar, em que eu poderia ser eu mesmo, escapando entre os meus dedos. Ele nunca ia entender.

   E, sim, talvez eu esteja sendo dramatico, mas... porra! Porra, porra, porra, porra...

   Eu só queria um lugar pra ficar. Um lugar em que eu me sentisse realmente útil, em que não fosse um peso pra todo mundo.