capítulo vinte e um (2)

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  — Minho, se você não andar logo nós vamos perder o ônibus. – foi a primeira coisa que eu escutei.

      Olhei para cima e vi minha irmã me encarando, brava, murmurando um "acorda!".

      Revirei os olhos e quase voltei a dormir, se não tivesse sido impedido por um tapa em meu ombro.

      — Eu já tô indo! – falei um pouco mais alto e sentei no sofá, coçando os olhos.

      — Então vai logo! – ela gritou da cozinha.

      Respirei fundo e finalmente levantei. Fui para o banheiro tomar um banho rápido, escovar os dentes e etc; vesti o uniforme e passei um perfume, como costumava fazer.

      — Ya, você viu meus sapatos? – perguntei enquanto voltava para a sala.

      Infelizmente me deparei com Hyunjin e ela se beijando. Acredito que teria que me acostumar com cenas como essas daquele momento em diante.

      Limpei minha garganta para chamar a atenção, o que funcionou. Hyunjin passou o braço por cima dos ombros dela e ela ficou me encarando, como se pedisse para eu repetir a pergunta.

      — Você viu meus sapatos? – e assim o fiz, ignorando totalmente a existência do outro ser no cômodo.

      — Acho que estão no nosso quarto. – ela me respondeu, enquanto Hyunjin distribuía beijinhos por seu rosto. Aquilo me fez querer vomitar.

     — Tá bom, valeu.

     Fui para o quarto pegar os sapatos e depois voltei para a sala de novo, minha irmã estava na porta segurando a minha mochila.

     — Obrigado! – agradeci e depois sai, dando de cara com Hyunjin. Me segurei para não revirar os olhos com o seu sorriso idiota. — Bom dia. – o desejei, depois passei por ele, mas não obtive resposta. — Ya, eu vou de moto hoje, preciso passar em um lugar antes.

     — Não vai chegar atrasado. – ela disse, depois de trancar a casa.

     — Eu nunca chego. – depositei um beijinho em sua testa depois saí andando.

      Eu não precisava passar em nenhum lugar, apenas senti que se eu continuasse perto deles por mais algum segundo eu iria surtar. Só deus sabia o quanto eu odiava Hyunjin, mas ia tentar o suportar por Yang.

      Peguei a moto e saí por aí. Pensei em passar pela lanchonete de Changbin antes de ir para a escola, mas pensando melhor, eu preferi passar em um lugar ali perto.

      Antes de perceber minha moto estava fazendo o caminho da casa dela. Eu nem pensei, apenas deixei meu coração me guiar.

     Quando cheguei lá, observei seu rosto ficar surpreso ao me ver.

      — Oi? – ela me cumprimentou em tom de dúvida.

      — Oi! – a cumprimentei de volta, sorrindo.

      Ela mordeu os lábios para conter um sorriso. Isso chamou a minha atenção para eles, me fazendo sorrir mais ainda.

     Desci da moto, estendendo um capacete para ela.

      — O que você está fazendo aqui? – perguntou baixinho, já que eu estava perto o suficiente para escutá-la.

     Meu coração se sentiu mais leve ao ouvir a voz dela, isso me fez sentir estranho.

     Antes de respondê-la, eu me aproximei mais um pouquinho e deixei um beijinho meio constrangido em sua bochecha.

      — Eu vim te buscar. – ela pegou o capacete e eu pude observar as suas orelhas ficarem vermelhas, mas não era como se eu estivesse diferente.

      — Você não precisa fazer isso... – ela sorriu, seu sorriso me fez sorrir ainda mais.

      — Eu posso te beijar? – perguntei completamente em transe, alternando meu olhar entre seus lábios e seus olhos.

      Para a minha surpresa, quem me beijou foi ela. Ela depositou um selinho demorado em meus lábios, e, quando eu fui sentindo o beijo se aprofundar, ela se afastou.

      A encarei meio desnorteado. Ela sorriu e respondeu:

      — Vamos nos atrasar. Sobe aí. – e subiu na moto, colocando o capacete logo em seguida.

      Pisquei algumas vezes sentindo meus sentidos voltarem, então fiz o que ela pediu.

     — Antes de ir, quais são seus pronomes agora?

      Ela pareceu surpresa por um instante, mas logo respondeu:

      — Qualquer um. – sorrindo.

      Murmurei um "ok!", e então dei partida. Senti seus braços segurarem minha cintura e ela encostar o rosto em minhas costas. Seus toques me fizeram arrepiar.

       O bairro dele era bem modesto e bem pequeno, mas era bem bonito. Observei os arredores, tinham muitas crianças na rua aquela hora; algumas com uniforme escolar e acompanhadas de adultos, outras brincando na rua. Enquanto a gente passava, elas iam o cumprimentando impressionadas porque elu estava comigo.

         Antes que eu notasse, chegamos à escola. O estacionamento ficava um pouco atrás e não tinham muitos automoveis lá aquela hora. Estacionei a moto e senti elu descer.

       — Parece que chegamos cedo. – disse, observando o redor.

        Ele tirou o capacete e arrumou o cabelo balançando de um lado para o outro. Por um instante, eu senti minha respiração rala e parecia que o mundo estava mais devagar, como em um filme. Parecia que ela estava em câmera lenta, realçando a sua beleza. Senti meu coração parar por um instante, para depois ele voltar a bater muito mais rapido e tão alto que eu tinha certeza que ela estava ouvindo.

       — Você não vai pegar o capacete, não? Meu braço tá doendo. – sua voz me trouxe de volta para a realidade.

      Pisquei duas vezes e peguei o capacete da sua mão, logo em seguida tirando o meu.

      — Enfim, obrigado pela carona. – ele disse, se afastando — A gente se vê na aula de química.

      Meu corpo foi mais rápido que a minha mente, quando eu percebi, eu tinha segurado a mão delu, o impedindo de ir embora.

      — Han.. – murmurei, ouvindo minha voz mais grossa, sentindo minha boca seca.

      — Sim? – ele respondeu, se aproximando de mim novamente.

      O puxei pela mão para mais e mais perto de mim, até que pude segurar seu pescoço delicadamente. Senti ele se arrepiar ao meu toque e fiquei feliz ao saber que não era o único.

       Ele fechou os olhos e seu corpo se inclinou ao meu toque.

       Dei vários beijinhos curtos em seu pescoço, logo em seguida subindo para o rosto, e então finalmente beijei seus lábios.

        Sua mão livre subiu para a minha cintura e a outra entrelaçou os dedos na minha. Foi um beijo lento, muito lento, que me fez arrepiar em todas as partes do meu corpo.

       Eu apenas voltei para a realidade quando escutei uma buzina e vi um carro passando por nós. Eu me assustei, mas percebi que era apenas Changbin.

     Han escondeu seu rosto em meu pescoço enquanto eu desentrelacei nossas mãos pra mostrar o dedo do meio para ele.

       Meu coração estava batendo tão alto que eu quase não ouvi ela rindo. Na verdade, eu apenas percebi porque senti seu halito batendo em meu pescoço, então comecei a rir também.

      Ela desenterrou a cabeça do meu pescoço e me olhou do jeito mais doce que existe, com o sorriso mais bonito que alguém poderia ter.

      Dei um selinho em seu sorriso. Ele me devolveu.

       — A gente se vê na aula de química. – repetiu o que tinha dito antes.

      — A gente se vê. – concordei, a deixando ir, mas antes dei um beijinho em sua mão.

       Ela foi embora e me deixou sozinho naquele estacionamento enorme. Só eu, eu mesmo e o meu coração que, ainda bem, não parava de bater.

Dandelions ❀  - MINSUNG.Onde histórias criam vida. Descubra agora