capítulo cinco

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Haviam se passado três dias e eu tinha perdido completamente as esperanças de que o meu plano daria certo.

Eu estava largado no sofá, roendo as unhas, pensando que com certeza ele já tinha percebido que eu não teria coragem de expor o vídeo e se não aparecesse logo, eu não teria como ir para casa - já que o ônibus passaria em meia hora.

Eram 14:50, e as minhas aulas já tinham acabado. Geralmente, naquele dia, em uma sexta-feira, nós teríamos reunião do clube e eu voltaria para casa com Hyunjin, provavelmente iríamos para a sua e ficaríamos vendo filmes de patricinha dos anos 2000 até tarde. Mas, como o nosso clube estava com as atividades pausadas, eu teria que ir para casa andando ou naquele maldito ônibus, e ficaria muito bravo se aquele idiota me fizesse perder.

Quando deu 15:00 e eu percebi que ele não apareceria, eu resolvi ir para casa. O ônibus já iria passar e eu não podia ficar mais tempo, senão perderia a hora e minha mãe ficaria brava.

Levantei do sofá e soltei um suspiro. Era óbvio que aquele idiota não cairia na minha chantagem barata. Na verdade, eu que sou o idiota da situação.

Caminhei devagar em direção à porta e, quando eu abri, me deparei com o bonitão la parado, com cara de tacho.

Ele era um pouco mais alto que eu, então estava cobrindo a entrada, eu não conseguia passar.

Nossos rostos ficaram bem próximos, mas eu nem percebi. Estava bem surpreso por ver aquele cara ali.

- O que está fazendo aqui? - perguntei, me afastando um passo dele. Ele interpretou isso como uma passagem para a sala, já que empurrou o meu ombro para entrar.

- O que você acha? - seu tom era um pouco agressivo, mas eu não me importei. Estava parado na porta com os braços cruzados.

- O seu prazo era até as 15:00, querido. E, adivinha? Não são três horas. Que peninha. - ameacei sair da sala, acenando para ele de uma forma que, eu admito, uma patricinha dos anos 2000 faria.

Eu realmente iria embora. Não ia fazer nada com ele, tinha desistido daquele plano ridículo. Eu só precisava ir pra casa pra pensar no que fazer pra salvar meu clube de verdade.

- Espera aí, esquentadinho! - argh, que apelido brega. Típico de um trogloditas como ele. - Eu disse para esperar, porra! - segurou o meu pulso e me puxou para dentro da sala de novo, ficando na frente da porta.

Eu revirei os olhos. Sim, aquele imbecil me faria perder o ônibus.

- Você tem 5 minutos. - falei, depois de olhar as horas no celular. Não adiantava nada competir com ele, já que estavamos ali, eu ia escutar o que esse palerma tinha pra falar.

Ele respirou fundo, tensionando as costas. Eu estava parado na sua frente, com uma postura relaxada e despreocupada, mas estava tão tenso quanto ele.

- Ok. Isso é tudo que você quer? - ele levantou o olhar em minha direção e nossos olhos se encontraram.

- Hã?

- Que eu entre no clube. É tudo que você quer? Sem dinheiro, sem querer entrar pro conselho, sem querer o número da minha irmã... nada? Você só quer que eu entre no clube? - perguntou. Ele estava encarando a minha alma, eu me senti na obrigação de desviar o olhar.

- É... eu só quero isso... - e por que raios eu ia querer o número da irmã dele? Eu sou gay!

- Você ta ameaçando a porra da minha vida acadêmica por causa disso?! De um clubinho de merda?! - ele levantou o tom de voz, mas eu não fiquei surpreso. Apenas respondi um "é", porque o meu tempo tava acabando e eu não tava com energia pra ter uma crise de moralidade.

Dandelions ❀  - MINSUNG.Onde histórias criam vida. Descubra agora