Capítulo 3: Perfeição

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○PERFEIÇÃO○

A plateia do time Monarca estava em êxtase, a vantagem da partida virou subitamente para o seu lado. Carlão deitado no chão, demonstrava dificuldade em se levantar, por pouco o tiro não acertou um órgão vital, mas foi o suficiente para desestabilizar seu corpo.

Ártico: Urgh, quanto alarde para um mísero tiro.

Ecto: Um tiro é um tiro, principalmente quando pego desprevenido, oras.

Ártico: Balas desse tipo são resenhas de café da manhã para mim!

No palanque do sul, o ruivo desenhou uma bandeira, tendo o símbolo do time Monarca: o lobo negro das presas douradas. Balançando-a para o alto com fervor, finalmente sentindo a empolgação tomar conta de sua mente.

Vrok: E é nosso, uhuu!! — replicando o gesto da bot. — NI-NI-NITRO!!

Monarca: Não podia esperar menos vindo da pessoa que mais simboliza a palavra "perfeição". Mesmo nos piores momentos, mantém-se de pé e com um sorriso gentil que ergue o ânimo de todos.

Vrok: Hum, como assim simboliza a perfeição?

Monarca: Ué, você não sabe?

O bestial então revela suas grandes e rígidas mãos negras, batendo palmas, solicitou assistência de outro bot, este que trouxe para o palanque duas cadeiras gamers: uma dourada para si, e outra vermelha para Vrok.
Ao lado do ruivo, um botão escandaloso, que, ao ser precioso, desceu uma tela de projeção, fixo no ponto exato para o projetor de cinema logo atrás da mesa.

Vrok: A Earl não 'tava brincando quando disse que você pensou em tudo.

Monarca: Sou um bestial precavido, herhe. Agora, senta que lá vem história.

Esta gravação foi idealizada exclusivamente para os estudantes de engenharia e robótica avançada.

"Seja bem vindo a I.A.(Instituto Acadêmico), você, meu jovem, foi um dos poucos a passar no teste de aptidão avançada, o que comprova sua superioridade perante as pleb-..."

Monarca avança a fita.

"[...] Mas deve estar se perguntando, qual é a importância dos bots para a sociedade? Permita-me explicá-lo, jovem, com uma músic-...

[INTERFERÊNCIA]

"A quase cem bilhões de anos atrás, um jovem cientista, cansado das amarguras da vida, decidiu por contra própria explorar um vasto mundo de criaturas e fenômenos incompreensíveis para uma simples mente discordiana compreender naquela época. Flutuando pelos céus e mares com seus planadores, desbravou as terras que futuramente viriam a se tornar nossas. Nem mesmo as pessoas que entraram em seu caminho foram capazes de impedi-lo de seguir rumando até os confins do planeta.
E foi na caverna mais profunda, da montanha mais alta, que, gravado em falhas nas rochas, ele enfim encontrou a verdade, aquela que iluminou para uma nova gama de possibilidades e criações.

Revelando aos céus algo deslumbrante e jamais visto, ele, o cientista, criou a tecnologia da automação e magia ancestral. No começo, não passavam de latarias sem muita funcionalidade — Um ventiladorzinho, e olhe lá. Mas conforme entendeu melhor a ligação que os fios podiam ter com a carne dos ancestrais, até mesmo uma liga de puro aço conseguia pensar melhor do que o seu tio preconceituoso durante o jantar em família.

Por milênios ele construiu mais ferramentas e máquinas do que sua avózinha consegue contar, uma mais capacitada do que a anterior. No entanto, continuava a se sentir obsoleto, que seu trabalho estava porco e inacabado; mesmo que passasse décadas em um projeto, não era o suficiente.
Foi em uma de suas epifanias, que, diante de uma carcaça vazia, coberta por seu próprio sangue. Pensou estar ficando louco quando a viu chorar. Mas então refletiu: "Se para alcançar a perfeição será necessário um sacrifício de meu nome, então... estou disposto a fazer isso".

Banimento Final - Ato1 (Em reformas)Onde histórias criam vida. Descubra agora